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Entrevista Juracy Cançado 2

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Autor Centro de Metafisica Atman Amara

Assunto Autoconhecimento
Atualizado em 06/08/2007 23:33:35




5) Quais os quatro princípios que regem as práticas corporais chinesa ?

R – As artes terapêuticas chinesas como um todo se presta à facilitação de um processo alquímico que se
dá nas profundezas viscerais do corpo: a transformação do Jing (Essência, ou força potencial que
manifesta a vida) em Chi (Vapor, ou energia atuante que conduz os processos), e do Chi em Shen
(espírito, ou energia consciente). Para esse propósito as práticas corporais chinesas, em geral, se apóiam
em quatro princípios básicos de mobilização energética: regular o corpo, a respiração, a mente e
o Chi.
Regular o corpo é posicioná-lo de forma a que sirva de estrutura material apropriada para as operações
energéticas que ali ocorrem. É aquilo que os hindus chamam de Ásana, postura correta. Regular a
respiração é resgatar a forma natural e econômica de exercer essa atividade vitalizante, geradora das
energias corporais e mediadoras entre o corpo e o seu entorno. A sincronia da respiração harmoniosa –
lenta, suave, profunda e rítmica - com posturas e movimentos corporais é a forma mais poderosa de
ordenar as funções do corpo-mente. Regular a mente é aquietá-la e utilizá-la conscientemente na
condução dos fluxos energéticos através do corpo, por meio das meditações curativas. Os taoístas
dizem que para onde vai o mental, vai a energia. Por fim, regular o Chi - o que só é possível após
atender às condições anteriores- é mobilizar o caudal energético e desfazer as obstruções no seu fluxo,
mantendo abertos esses caminhos que conduzem a vida.


6) Na sua opinião, porque o homem está tão doente ?

R – Já foi dito que a condição humana é mais ou menos doentia. Se entendemos a doença como uma
identificação exclusiva com certos aspectos do incomensurável potencial de crescimento humano e com
as conseqüentes repressão e projeção da contraparte negada, então nossas atuais limitações são bastantes
evidentes. Todo ser encarnado encontra-se em estado de relativa amnésia, identificado com domínios
restritos de si mesmo_ aqueles que consegue perceber e integrar. Nesse sentido, andamos bastante
esquecidos, todos nós. Mas é importante considerar que, como o crescimento implica a evolução da
consciência – essa anamnese curativa _ o processo passa necessariamente por dar-se conta da nossa
condição inata de torpor espiritual. Pois, ao contrário do que imaginam os românticos, o embrião
humano não está integrado com a totalidade, mas inconscientemente fundido com ela. Como
interpreta Ken Wilber, a expressão angelical do recém-nascido, longe de expressar o sentimento
paradisíaco de união com o Todo, apenas retrata sua não percepção do inferno da separatividade do qual
todos emergimos. Em outras palavras, esse estado de fusão não é o céu inconsciente, mas o inferno
inconsciente. Abrir os olhos para essa realidade _ de se encontrar cindido e aprisionado nos domínios
hostis da dualidade _ é uma experiência bastante dolorosa, sem dúvida, mas é também o primeiro e
necessário passo no processo de transcendê-la. Ocorre que há um preço a ser pago pelo aumento da
consciência, e cada nova etapa de crescimento traz os seus riscos: Se eu não consigo integrá-la, posso
escorregar e me machucar seriamente. Como fala Guimarães Rosa: viver é muito perigoso. Mas
mesmo atravessando fases declinantes, o homem evolui - acidentes de percurso são experiências
inerentes ao aprendizado. É esse o sentido da doença como caminho; perceber-se escravizado é a única
possibilidade de libertação. Digo isso porque, apesar do mundo um tanto louco que criamos, não penso
que devemos descrer do nosso poder de curá-lo.
No taoísmo o homem ocupa uma posição respeitável: situado entre a Terra e o Céu, ele é o Meio, o ponto
de convergência da existência e da consciência, uma vez que constituído de ambos. Sua vocação é
superar a condição de escravo do tempo e dos instintos e reconciliá-la com as aspirações ao divino como
habitante da eternidade. Tudo isto é muito edificante, é certo, mas não há como discordar de que o
homem atual se encontra muito doente. Mas não vejo nisso necessariamente uma involução: não
éramos melhores quando dispunhamos de menos recursos para gerar tanta violência, por exemplo.
Acho mesmo que muito dessa alienação ética-moral-espiritual que caracteriza o nosso tempo resulta do
intenso processo de crescimento a que a humanidade vem sendo submetida nessa fase crítica de
mudança de paradigmas. A descoberta do inconsciente, as novas e revolucionárias descrições da
realidade produzidas pela física quântica, a transcendente cosmovisão oriental, tudo isso é ainda
muito novo e nebuloso para a nossa compreensão. Integrar esses novos valores e incorporá-los aos
nossos estilos de vida é uma tarefa extraordinária que ainda nos causa intensos conflitos e desorientação.
E é por essa razão que hoje, mais do que nunca, necessitamos nos apoiar em confiáveis práticas de
aprimoramento pessoal e, igualmente importante, na compreensão dos princípios que dão a elas
significado. Se você não interpreta adequadamente aquilo que lhe está ocorrendo, isto acabará o
deixando muito confuso; se a experiência for muito intensa você corre o risco de ficar louco.


7) Qual o segredo da saúde ?

R – Bem, em primeiro lugar não podemos esquecer que vivemos em um mundo relativo, no plano da dualidade não há espaço para absolutismos. O Talmud - o código de ética dos antigos hebreus - sintetiza bem a questão: tudo o que é adequado é fruto de uma tensão. Para me manter de pé ou praticar qualquer ato, por exemplo, necessito de um tanto de relaxamento e entrega e de outro tanto de contração e resistência muscular. Para a sabedoria taoísta, todas as nossas ações são fruto de uma “preferência afetiva”, e toda eleição pressupõe uma exclusão. Isto é inevitável, é o que se chama de livre arbítrio. Essas escolhas, contudo, têm seu valor dentro do tempo: são, como tudo mais, impermanentes. Após o seu “prazo de validade”, serão compensadas e relativamente equilibradas por sua polaridade oposta (após inspirar, você expira etc). Se insistem em se tornar definitivas, essas opções se transformam em “parcialidades intelectuais”, os fundamentos do preconceito.



Eu diria que o segredo da saúde está em poder lidar com as contradições inerentes ao exercício da vida, buscando transformá-las no paradoxo que integra e confere dignidade a ambos os lados do conflito. Ou, dito de outra forma: é saber responder adequadamente as perguntas - novas, sempre novas- que a vida nos traz.

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