Estar no Mundo ou Ser do Mundo?
Autor Guilhermina Batista Cruz
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 27/11/2009 23:03:33
"Vivam com os homens e mulheres de sua época, como devem viver homens e mulheres; atendam às necessidades e até mesmo às frivolidades do dia, desde que o façam com um sentimento de pureza que possa santificá-las." Instruções dos Espíritos
"Eu não o mandei ao mundo para se perder. Eu o mandei ao mundo para permanecer você mesmo, apesar do mundo. " (Dinheiro, Trabalho, Espiritualidade - Osho)
Ser do mundo é estar inserido em sua realidade. Na verdade, seria sentir-se parte dessa realidade, preocupado em viver segundo os valores materiais inerentes a ela. É sentir-se integrado a coisas reais, tangíveis, e depender exclusivamente delas para comunicar-se com o mundo. Enquanto Estar é uma fase passageira, transitória.
O Estar não nos impede de vivermos as coisas do mundo. De participar de sua realidade. Só que precisamos fazê-lo com o pensamento voltado par o alto, para a certeza de que aqui estamos usufruindo de coisas passageiras que visam despertar nosso ser para o sentido maior da vida. Um sentido diferente daquele visto como essencial para a nossa existência.
Tudo o que aqui possuímos em termos materiais, não nos pertence realmente. São coisas passageiras que aqui ficarão quando partirmos. As únicas coisas importantes que levaremos conosco são as aquisições a nível de ser imortal e estão relacionadas à depuração dos sentimentos, das emoções e das ações.
Segundo instrução dos amigos espirituais não precisamos viver misticamente, e fora da realidade do mundo onde estamos inseridos, para que possamos cumprir os objetivos de nossa encarnação. "Não é necessário ter feição severa e sombria e nem rejeitar os prazeres lícitos inerentes à condição humana. "
Viver como encarnado então, significa que estaremos submetidos aos deveres e obrigações relativos a vida material. É cuidar da família, de prover as necessidades básicas, de nosso bem estar, e de várias outras necessidades materiais indispensáveis à existência física. Enfim, é estarmos ligados às atividades exigidas pela nossa própria condição humana. Mas, para conseguir viver bem e se relacionar da melhor forma possível com o próximo, é preciso respeitar às leis humanas, procurando, na medida do possível, não transgredir tais leis.
Muita gente que vive dentro dos parâmetros considerados normais para o mundo, são movidas inteiramente por suas paixões materiais. Não estão interessadas em seu aperfeiçoamento moral. Vivem sem convicção e sem entusiasmo, esquecidas de que existe um lado espiritual que é necessário desenvolver para que possam usufruir uma vida mais feliz. Preocupam-se apenas com suas obrigações perante às leis e os costumes. Não despertaram ainda para um ideal maior ligado ao Espírito. Viver, para elas, resume-se ao cotidiano, com suas alegrias e tristezas.
Podemos dizer que essas pessoas são aquelas que estão no mundo e são do mundo. Ou seja, estão intimamente ligadas à terra, dela haurindo sua força e com ela interagindo completamente integradas apenas em sua natureza material. Estão tão absorvidas em viver intensamente a vida material, com todos os atrativos que ela encerra, que nem cogitam na existência de uma vida posterior. Quando perdem o corpo físico, é que compreendem então, que deixaram de lado valores essenciais da vida em detrimento de valores materiais passageiros.
A passagem do Espírito por mundos materiais está previsto na Lei Divina. Nesses mundos, eles têm a oportunidade de refazer sua trajetória e corrigir desvios cometidos. E vão, aos poucos, aprendendo a dominar o orgulho e o egoísmo, principais motivos de queda para muitos. Mas, o contato com a matéria, pode desviá-los do principal objetivo de suas vidas, que é passar por determinadas experiências para fortalecer a vontade ou quitar alguma má experiência do passado.
Prestando mais atenção em nosso ser, em quem somos realmente, vamos nos conhecendo melhor e conseguiremos ser a mesma pessoa em qualquer lugar, livre das máscaras que nos enseja um comportamento diverso nas várias situações da vida. É necessário entender que o reino de Deus precisa criar raízes dentro de nós. Aonde estivermos temos que nos tornar um foco de luz, qualquer que seja sua dimensão. Não estamos no mundo no sentido de que aqui viemos apenas para "aproveitar a vida " e ponto final. Aqui estamos inseridos com um propósito maior, de aprendizado e evolução.
O mundo não é aquele lugar com que sonhamos viver? Então depende de nós transformá-lo no que desejamos. Sim, a nossa parte é muito importante, por menor que ela possa nos parecer. É a contribuição que estamos oferecendo ao mundo onde vivemos e que nos levará a uma melhor compreensão do ser divino, de sua essência.
Podemos até ser considerados estranhos e sonhadores por nossos ideais e por não agirmos segundo as atitudes e costumes considerados normais para o mundo. O que interessa mesmo é procurar um sentido maior para a vida e viver segundo esse sentido, tentando imprimir em nossas ações, a realidade de nosso ser.
Para viver no mundo sem impregnar-se das coisas perecíveis, é preciso a conscientização de que somos, antes de tudo, seres do universo. Que somos seres espirituais passando por experiências materiais transitórias. Segundo nos fala o Evangelho, "Aquele que se identifica com a vida futura é semelhante a um homem rico que perde uma pequena soma sem com isso se perturbar; aquele que concentra seus pensamentos sobre a vida terrestre é como um homem pobre que perde tudo o que possui e se desespera."
O importante é tomarmos consciência de que somos seres imortais e que não conseguiremos chegar ao reino de Deus oferecendo-lhe apenas louvares materiais. O que Deus deseja mostrar-nos é que para habitar em seu reino de amor e luz, basta somente levarmos na bagagem o essencial: nosso verdadeiro ser.
Paz e Luz a todos.
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