Estou livre para amar!
Atualizado dia 11/17/2007 10:20:15 AM em Autoconhecimentopor Theresa Spyra
Sorri para ela.
"Como é que nunca percebi o sentimento de ser rejeitada? E por medo disso, já chutava o pau da barraca nos meus relacionamentos, acabando com uma coisa que nem começara! Por medo da rejeição, antes mesmo do caso ficar sério, eu já o destruía... como é possível? E olha que eu estava fazendo isso de novo, com meu atual namorado!"
Continuei sorrindo...
A constelação familiar sistêmica não trabalha em busca de respostas. Respostas para quê? A minha cliente vivenciara o seu sentimento, sentira ele em si, na situação de um trabalho de constelação em grupo, e aí é que “caiu a ficha”, como ela mesma disse. Ninguém falara absolutamente nada, o trabalho nem era sobre a questão dela, mas mesmo assim a compreensão ocorreu.
É lindo de se ver: de súbito, um choro, o corpo relaxa, parece que uma tonelada de problemas cai dos ombros, quando a compreensão vem! Que resposta poderia causar este efeito?
Antes do meu trabalho como terapeuta, ainda na Alemanha, era economista com especialização em análise de sistemas. Isso ajuda muito hoje, porque continuo trabalhando com sistemas e os entendo: a diferença é que agora são sistemas familiares e organizacionais. O que é um sistema?
Bem, de maneira simples, é um conjunto de partes que só existem em relação ao todo. Estas partes se inter-relacionam, se comunicam, trocam informações, influenciam uma à outra. O homem também é assim. A mente humana não se percebe parte de um sistema, porque o diálogo interno está ativo o tempo todo, dando a impressão de que existimos “apesar dos outros”. Eu vim de um pai e de uma mãe e estes de outros pais. Gostemos ou não, é isto! Você só está lendo estas linhas agora porque existe um computador que alguém construiu, alguém vendeu. Muitos homens e mulheres estão dando sustentabilidade para a energia elétrica chegar na sua casa agora, e você poder estar com o computador ligado.
Mas o mais bonito é saber que só temos vida agora e a possibilidade de ver, ler, compreender, tocar no teclado, interagir, falar, porque recebemos de nossos antepassados as condições biológicas, genéticas para isso.
Muitas vezes a mente diz não! Sou eu quem vivo, sou eu quem faço minha vida, tudo que tenho é graças à minha força, inteligência, trabalho... Ah, pobre mente, como ela se engana! Só estamos vivos neste instante porque o universo permite. No momento em que ele quiser, tudo acaba.
É isso que minha cliente vivenciou: ela percebeu-se parte de um todo e não mais como alguém que vive só, com todos e tudo contra ela, o mundo difícil e como se ela tivesse que abrir espaço com os ombros, as unhas e os dentes... Não, querida cliente. O caminho é inverso. Não é ir contra o mundo, mas aceitar que somos parte do mundo e por isso aceitá-lo. Não é trabalhar triste e só, mas viver o agora com plenitude, compartilhando com todos. Ver que não existem problemas nem momentos ruins: tudo é uma interpretação de uma mente limitada que não vê o sistema como um todo.
A constelação familiar sistêmica, e também as constelações organizacionais (em empresas), demonstram uma parte do todo e tiram a força do indivíduo e seus pequenos problemas que não têm realidade. Pelas regras sistêmicas existe a tendência do próprio sistema se auto-ajustar: quando um lado está com problemas, ele automaticamente compensa, desestabilizando outros lados. Quando uma parte mostra um problema, este problema é reflexo de uma causa, não é? Esta causa foi provocada por um efeito anterior, e este efeito veio de outra causa. Isto é o que chamamos emaranhamento. Não existe o problema, exatamente: existem fatos, sintomas. O problema não tem personalidade. Ninguém faz mal ao outro. Ninguém fere o outro. Tudo é um processo em cadeia. O inverso também é verdadeiro: quando uma parte está equilibrada, todo o resto sente o efeito desse equilíbrio.
Ao penetrar no processo, principalmente no que dizia respeito à sua vida sentimental, minha cliente libertou-se da sensação de que todos estavam contra ela. Percebeu que o sentimento de rejeição não era dela, mas que vinha de outros tempos, se repetindo no seu sistema familiar.
A verdade, dentro da constelação, vem como um balde de água. Não é fruto de um processo racional onde se pensa uma causa. Você subitamente se vê “molhado” pela sua verdade e isso liberta, cura, alivia.
Sinto-me uma privilegiada em poder receber de meus clientes esses momentos sublimes, verdadeiro despertar, onde o entendimento além da mente que eles percebem faz com que todo o ambiente também perceba esse entendimento. É porque, afinal, neste momento eu também sou parte do sistema do cliente e todos os que participam da constelação também o são. Você também é parte desse despertar. Que bom! A compreensão de um é a compreensão de todos!
Theresia
Terapeuta e facilitadora de constelação familiar sistêmica
www.nokomando.com.br
Texto revisado por Cris
Avaliação: 5 | Votos: 18
Theresa Spyra é alemã, trainer e terapeuta com especialização em constelação sistêmica familiar, organizacional e estrutural. Estudou com a também alemã Mimansa Erika Farny, pioneira na introdução do método sistêmico de Bert Hellinger no Brasil, e aprofundou-se nos sistemas estruturais e organizacionais, com estudos no Brasil, Alemanha e Suíça E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Autoconhecimento clicando aqui. |
