Esvaziar a mente




Autor Rodrigo Durante
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 6/22/2020 10:26:16 AM
Ficar sem pensar pode nos parecer um sonho, uma utopia, ao mesmo tempo que nos traria grande alívio, mas também um grande desespero de não sabermos mais quem somos, como agirmos ou como as coisas funcionarão para nós. No entanto, nosso ser vai muito além do que nossos pensamentos podem definir, nos revelando o que verdadeiramente somos e o que a vida é.
Ao tentarmos parar nossos pensamentos, nos depararemos com alguns desafios, mas que, com a intenção de conhecer a nós mesmos, valem a pena experimentar. Primeiramente notamos a necessidade de um grande esforço, a dificuldade de focar no vazio ou no silêncio entre um pensamento e outros que não param de aparecer. Até nosso corpo reage a esta tentativa, estranhando a situação nova que está a vivenciar. Em nossa defesa, são disparadas emoções de alerta como medo, vontade de desistir e de nos apegarmos aos pensamentos novamente, tudo como forma de nos protegermos de algo que não sabemos como lidar. Sem pressa, observamos que se não dermos atenção a estas emoções e aos pensamentos baseados nelas que afloram, mantemos a nossa confiança e firmeza de propósito em nosso coração e, assim, logo o mal estar passa e prosseguimos com nossa investigação em paz. Continuamos então com nossos esforços até que em algum momento percebemos que o tempo entre um pensamento e outro está aumentando, que já estamos há alguns segundos no vazio e nada de ruim nos aconteceu, que ainda estamos vivos, que ainda existimos! Entre os pensamentos desesperados, os insights vindos do Eu Superior se tornam mais claros, trazendo a sabedoria que precisamos para prosseguirmos seguros nesta transição.
Ao percebermos que somos este grande espaço silencioso que se forma e não o fruto dos pensamentos com suas explicações, nosso corpo começa a relaxar e a prestar mais atenção neste novo referencial de "Eu". Porém, a luta continua e logo surgem mais pensamentos de dúvida com suas ameaçadoras e tenebrosas emoções tentando nos dissuadir desta ideia, temerosos que estão de perder seu poder sobre nós.
Dando cada vez menos importância aos pensamentos/reações e voltando agora nossa atenção a este novo "Eu" espaçoso e silencioso que se apresenta para nós, percebemos que sem algo em nossa mente que nos diga o que fazer e sentir, somos muito mais livres. Não existem mais obrigações, apegos ou exigências, há apenas o espaço onde a vida acontece. Da mesma forma os julgamentos, rótulos e interpretações que tínhamos sobre nós mesmos, o outro, a vida e o mundo deixam de existir.
Não se dando por vencido, o intelecto nos pergunta sobre como viveremos sem saber das coisas, sem pensarmos no futuro e no que fazer. O intelecto, limitado ao que é programado, não pode compreender o ser, não confia na sabedoria Divina que podemos acessar. Tudo o que precisamos saber nós saberemos a cada momento que se desenrola em nossa vida, sem necessidade de anteciparmos futuros e controlarmos acontecimentos, permanecendo abertos para oportunidades e soluções Divinas também.
Agora, a cada pensamento rotulador e controlador que percebemos, uma vez cientes de que eles não podem nos dizer quem somos, logo notamos o laço que nos prende a ele como forma de reforçarmos a antiga identidade. Assim, podemos agradecer e desapegar destas ideias e sugestões, voltando a nossa atenção à paz, inteireza e amplitude do ser.
Toda esta experiência pode ser uma atividade que demanda bastante energia, nos trazendo algum cansaço físico e mental. Nosso corpo precisa adaptar suas sinapses a esta nova dimensão do nosso ser que agora reconhece e admite como Eu. Assim, aos poucos, em leveza e sem exigir muito de nós, podemos descansar sabendo que nosso Eu Superior está cuidando deste assunto e nos ajudará em cada passo que dermos neste caminho.
Trazendo nossa atenção à gratidão em nosso coração, repousamos agora, mais entregues à paz que verdadeiramente somos, certos de que em Luz e Amor, nenhum pensamento pode nos limitar.
Em Paz,
Rodrigo Durante.









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