Eu era feliz e não sabia.
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Autor Paulo Salvio Antolini
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 10/31/2011 11:01:59 AM
Eu era feliz e não sabia.
Na correria do dia-a-dia, vamos sendo impulsionados a fazer o que nos é solicitado pela família, pelo trabalho, pelos amigos e amigas, enfim, "cobranças" que recebemos e aceitamos sem nem mesmo questionarmos: "É isso que quero?"
Estando de visita a um amigo que não via há mais de 20 anos, conhecido de faculdade, e conversando com sua esposa, médica e que atende na cidade onde moram, sobre todos os níveis sócio-culturais, não me recordo bem como o assunto chegou a esse ponto, mas surgiu a citação do grau de insatisfação que as pessoas manifestam, após exercerem um esforço e dedicação na busca e conquista de algo que, depois de conquistado, foi motivo de frustração.
Depois de alcançarmos o que "pensávamos" desejar, descobrimos que antes estávamos melhores. É o famoso "eu era feliz e não sabia".
No trabalho, nos relacionamentos, enfim, em todas as situações nos deparamos com situações onde percebemos que nossas decisões foram impulsivas e sem a verdadeira resposta interior. Mudamos de emprego, isso quando não pedimos conta sem ter outro já garantido ou em vista e quando, estando já numa nova empresa, dizemos: "esse filme eu já conheço, só que no outro emprego era melhor." Agora é tarde. O outro emprego já ficou no passado. Deixamos um relacionamento por pensarmos ser impossível nos mantermos nele e logo depois percebemos que os motivos encontrados para tal não existiam de fato, ou eram insignificantes e transformamos um pequeno grão de areia numa verdadeira pedreira, intransponível e de impossível remoção.
Já falamos sobre se sabemos mesmo o que queremos e como queremos. Lembro-me que, recém-formado, vivi uma angústia muito forte e que me parecia ter sido causada por eu ter escolhido a carreira errada. Após uma "viagem interior", auxiliado por um professor, descobri que estava fazendo sim o que queria, mas não estava fazendo da forma como queria. Não estava cuidando com o carinho e a atenção necessários aquilo que me realizaria. A partir dessa descoberta, mudei radicalmente minha forma de ser na clínica, a ponto de causar estranheza em meus sócios, pois deixei de abraçar todos os compromissos da empresa sozinho, o que os forçou a compartilhar mais da administração dela. Começou então a me sobrar tempo para que eu cuidasse melhor do meu trabalho clínico.
O que quero fazer e como estou fazendo, respondido por nós mesmos com clareza, sem receios e melindres, possibilita-nos uma correção de rumo, evitando atitudes precipitadas. Avaliarmos nossos verdadeiros sentimentos e não agirmos apenas por nossas emoções, propicia-nos mudanças radicais em nossas ações.
Mas estamos tão distantes de sabermos o que sentimos, pois vivemos movidos pelos ressentimentos. Pensem naquele relacionamento do qual se afastaram há algum tempo, que na época parecia insuportável de manter e depois a falta, a saudade, a percepção de que fizeram do "quase nada" um tudo. Essa percepção só é possível quando o ressentimento se dissipa. O ressentimento está para o sentimento, como a neblina está para o caminho: ressentimento e neblina, ambos nos impedem de enxergar o que está além. Nossa consciência e lucidez são o "farol de milha" que nos mostram o que de fato não está bem ou deve ser mudado, ao contrário da impulsividade das emoções. É o saber que, além e apesar desses ressentimentos, existe um forte sentimento.
Não bastasse tudo isso, os problemas de auto-estima levam-nos também a desvalorizar o que conquistamos. O trabalho do outro é mais importante. A pessoa com quem o outro se relaciona apresenta mais encantos e assim por diante.
"Só damos valor depois que perdemos" é uma afirmação que pode e deve ser modificada. Reconheça, e já, a importância, o valor e a beleza de tudo o que está relacionado a você. Deixe a necessidade de, a todo momento comparar para se satisfazer. Se para valorizar é necessário ter referencial de comparação, busque esse referencial dentro de você; no seu trabalho, no quanto ele lhe realiza e satisfaz, independente dos olhos alheios; no seu amor, pelo que você sente pelo(a) amado(a) e não pelos padrões que os demais julgam ser corretos. Afaste-se do "eu era feliz e não sabia." Coloque a felicidade onde você pode alcançá-la.
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