Eu, eu mesma e a TPM
Autor Claudette Grazziotin
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 10/17/2004 11:34:12 AM
Não é o momento de falar dela, porque justo agora ela está presente. Aqui, bem ao meu lado. Ao meu redor. Dentro. Transbordando.
Vai ver que é o momento de falar dela, sim. Vai ver que ela quer atenção. Quer que eu fale. “Bem, ou mal, mas que falem de mim!” - é o que a cretina proclama.
A maioria dos homens desconhece, uma parte acha que é bobagem, um percentual mínimo identifica – e muito bem! – quando ela está rondando suas esposas, namoradas, mães, irmãs e amigas.
Estou falando da TPM. A bendita, a maldita Tensão Pré-Menstrual.
Devo confessar que, apesar de ser mulher, não achava que ela existia. Quem diagnosticou o problema foi meu amado. Ele observou que em determinados períodos do mês – sempre no mesmo período do mês para ser mais precisa – eu ficava mais carente, mais chorosa, mais tristonha, mais sensível. Quando eu vinha com aqueles papos: “Amor, acho que você precisa me dar mais carinho”, ele logo perguntava: “quando é que você vai ficar naqueles dias?” Eu fazia as contas e era batata! Estava com TPM.
A minha carência tem dia, hora e momento para chegar. Ficar. E ir embora. Todo mês eu prometo a mim mesma: “mês que vem vai ser diferente! Quando a TPM bater à minha porta vou ignorá-la! Vou dizer que ela não é bem-vinda e que quem manda nesse corpo aqui sou eu!”
Mas não adianta. Quando chega o final do mês, eu esqueço que ela está por vir ou então é ela que - muito ardilosa - entra sorrateiramente e toma conta de mim. Quando percebo - aliás, quando meu amado percebe - ela já está lá com a mesma ladainha de sempre: “Amor, acho que você precisa me dar mais carinho”.
Então, hoje, que ela está aqui me vendo, me ouvindo, me participando eu tomei uma decisão: ao invés de brigar com ela, de tentar expulsa-lá à força, resolvi assumi-la e aceitá-la. E qual não foi a minha surpresa quando concluí que ela não é uma intrusa e que já veio no pacote completo e perfeito chamado corpo humano. Então, que ela coloque a cabeça pra fora da toca e cumpra o seu papel mensalmente. Então, que a gente respire fundo, coma muitos chocolates e devore um pote de sorvete na frente da TV. Então, que nossos amados tenham mesmo paciência e nos dêem mais carinho. Porque, como tudo na vida, essa semana passa. E só volta no mês que vem.
Escrito por GIANA GRAZZIOTIN MONDADORI
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