Eu nasci velho!
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Autor Paulo Salvio Antolini
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 03/10/2011 16:22:15
Eu nasci velho!
"Nasci. Do zero aos seis anos lembro-me de algumas cenas familiares e do então Jardim de Infância. A maioria delas expressa pouca felicidade ou alegria. Dos seis aos oito anos, recordo-me de minha primeira grande paixão: Dona Elza, minha professora primária. Se este é o seu verdadeiro nome eu não sei, mas é como a registrei na memória a minha vida toda. Não consigo descrevê-la em palavras, mas a vejo com sua meiguice e carinho que hoje sei, era por todos os alunos, mas na época achava que era só para mim.
Lembro-me também das matinês de domingo, com trocas de gibis antes da entrada. Eu dava até quatro revistas em troca da do ‘Gato Felix, que por mim era chamado na época ‘Gato Feliz. Meu irmão me zombava. Eu chorava e afirmava que era ‘Gato Feliz. Por muitas razões, representava a felicidade que eu não sentia.
Aos oito anos comecei a trabalhar. Para mim foi muito pesado. Pausa - Do que me lembro, tudo para mim foi muito pesado, a ponto de hoje dizer: ‘Eu nasci velho. Ao mesmo tempo que adolescente irresponsável e afoito, ousado em minha conduta pessoal, onde expunha-me sem qualquer cuidado, era extremamente responsável nas minhas relações de trabalho.
Eu não soube o que era sorrir. Na verdade, o peso que sentia não me permitia aprender. Hoje penso que talvez o peso não fosse assim tão forte, mas era o que eu carregava. Pautei minha existência, por bom tempo, pelo jugo desse peso. Pessoas amadas sofreram comigo a conseqüência de viverem com quem a tudo só percebia com grande densidade da vida. Hoje percebo que poderia ter levado uma vida mais amena e nem por isso seria um irresponsável. Mais de meio século se passou e recordo que, aos quarenta anos, dizia: ‘Se pudesse recomeçar, mudaria apenas uma opção de minha vida. Com aproximadamente quarenta e cinco anos já me permitia dizer: ‘Mudaria algumas coisas de minha vida. Mas foi aos cinqüenta anos que me disse: ‘Se recomeçar fosse possível, mudaria muitas coisas em minha vida. Começaria pelo sorriso - eu começaria a sorrir desde muito cedo."
Se o descrito é real ou não, o que importa? Mas o fato é que muitos de nós vivemos assim, carregando uma "cruz" muito mais pesada do que nossa existência nos impõe. E isso é real. Andamos sem perceber a verdadeira expressão facial dos outros, muitas vezes com um sorriso externo que embaça o choro interno, choro esse que nem seu próprio dono identifica. E nossas expressões, será que sabemos identificá-las?
Este relato me foi dado com muita emoção e embargo. Lágrimas suaves rolavam, mas não eram de sofrimento. Ao contrário, expressavam a alegria de ter percebido que era possível ser diferente do que sempre fora e que a mudança havia trazido uma nova energia de viver.
Vocês já repararam quantas "portas" um sorriso sincero e franco nos abre? Quando chegamos até alguém que, mal humorado vem nos atender e, antes de mais nada, o cumprimentamos com um sorriso nos lábios, como ele até gagueja, fica encabulado, depois sorri também e sua atenção se desdobra?
"Meu deus, como maria é mal humorada!" (tudo em minúsculo sim). Aí, alguém que conhece maria nos diz que ela é assim só de fachada, depois que se familiariza com as pessoas ela se desarma e é muito legal. O tempo confirma o que foi dito. Maria (em maiúscula sim) é legal mesmo. Quanto tempo desperdiçado! (E sabemos o significado do tempo?).
Há uma afirmação que diz: "quando conseguirmos rir de nossos problemas, nossas dores, nossas deficiências, então estaremos prontos para sair deles".
Sorrir verdadeiramente, não só para fora, mas para nosso interior também, qualquer que seja o tamanho dos nossos problemas, é a demonstração de que, mesmo sem perceber, estamos assumindo que no palco da vida, somos os autores e atores do nosso próprio enredo. Qual a diferença entre "se a vida me dá" ou "se eu conquisto da vida"? Quem acredita na segunda alternativa altera sua vida direcionando-a como deseja, lutando pelo que busca, enquanto os da primeira, lamentam sua falta de sorte.
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