Exemplos que ficam
Atualizado dia 11/3/2006 6:30:56 PM em Autoconhecimentopor Flávio Bastos
Uma pessoa espirituosa é considerada uma pessoa engraçada. Meu pai era um destes indivíduos que provavelmente utilizasse de modo inconsciente a comicidade, a graça, como terapia para disfarçar, em parte, o estresse da profissão de jornalista.
Descendente de portugueses pelo lado paterno, na verdade ele não tinha nada das características do povo lusitano, pois era um homenzarrão de um metro e noventa e oito centímetros de altura que chamava a atenção por onde passava. Suas características físicas e fisionômicas, assim como as de seu pai que tinha dois centímetros a mais, lembrava as características de um bárbaro conquistador da península ibérica. E de fato, pois a sua família portuguesa descendia de mouros, povo muçulmano que invadiu e conquistou Espanha e Portugal a partir do século VIII onde permaneceram por mais de seissentos anos.
Contava o folclore da família, trazido pelo meu avô que emigrou para o Brasil no início do século XX, que o seu pai (meu bisavô), uma vez, caminhando pelas estepes do sul de Portugal, fora atacado por dois lobos. Como ele costumava caminhar portando um cajado, defendeu-se da investida dos animais até que um deles mordeu o cajado não mais soltando-o. Num ímpeto, com o lobo preso pela mordida, seu pai teria girado sob o próprio corpo arremessando-o contra um rochedo, vindo a matá-lo e provocando a fuga do outro animal.
Nesta quinta feira de finados, assim como normalmente acontece, veio-me a lembrança, a imagem de meu pai gravada na memória. E essas impressões são registradas por fatos pitorescos de sua vida e do seu jeito de ser, a sua característica de captar flagrantes do cotidiano da vida e transformar em fatos que considerava engraçados e que, conforme a situação, costumava contá-los em família. E o seu repertório era consideravelmente grande, como, por exemplo, aquela viagem à cidade de Buenos Aires quando deparou-se com a reação de uma menininha ao avistar uma tartaruga em um lago e apontar para a sua mãe, dizendo: "Mamita, mamita... mira la tortuguita!" Ou, como aquela outra em que o meu irmão mais velho, ao perceber a paparicação em torno do berço do irmãozinho que recém nascera, num rasgo de ciúmes e para chamar a atenção sobre si, dissera: "Ele tá todo exibido só porque veio do céu!"
E assim era meu pai... e os aspectos considerados positivos de sua personalidade e de seu caráter foram os registros que ficaram em minha memória: a de um pai que, talvez para camuflar os dissabores da vida, costumava nos surpreender com "tiradas" engraçadas que fazia-nos rir.
Com relação a outros familiares que já partiram, também ficou gravado um pouco do aspecto positivo de cada um. E, em suma, é o que fica registrado nos arquivos de quem permanece seguindo a sua trajetória terrena, que vem demonstrar a importância das relações no convívio familiar.
Passados mais de quarenta anos da morte de meu avô e seis anos do falecimento de meu pai, o que ficou como influência positiva de seus exemplos de vida foi o saudável hábito alimentar frugal de meu avô e, de meu pai, a responsabilidade e capacidade para o trabalho, o gosto pela leitura, escrita e estudo; o hábito das "caminhadas" (porém, sem a presença de lobos!) e, é claro, a sua "inteligência espirituosa".
Psicanalista Clínico e Reencarnacionista.
Visite meu Site, clique no link:
Texto revisado por: Cris
Avaliação: 5 | Votos: 8
Flavio Bastos é criador intuitivo da Psicoterapia Interdimensional (PI) e psicanalista clínico. Outros cursos: Terapia Regressiva Evolutiva (TRE), Psicoterapia Reencarnacionista e Terapia de Regressão, Capacitação em Dependência Química, Hipnose e Auto-hipnose, e Dimensão Espiritual na Psicologia e Psicoterapia. E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Autoconhecimento clicando aqui. |