Explodir para não implodir?
Autor Paulo Salvio Antolini
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 5/4/2013 5:06:39 PM
Explodir para não implodir?
Mais uma vez me deparo com a falta de "centralização" do ser humano consigo mesmo. Jovem empresário com muita determinação, força de vontade e ambição, que ao se deparar com os problemas do cotidiano, em vez de olhar para dentro de si mesmo e ver o que está incomodando, começa a explodir com tudo e com todos, transformando o mundo em um erro só. Ele sim, está correto.Conhecendo um pouco de sua vida familiar, confirma-se que, por excesso de atenção e carinho, poucas vezes obteve de seus pais um não veemente e taxativo. Agora, crescido e no mundo dos adultos, comporta-se como uma criança mimada, que não aceita um "não" e espera sempre que concordem com ele, como ocorria na sua infância e adolescência.
"Baixa resistência às frustrações". No caso deste jovem adulto, vários são os focos de dificuldades.
A administração de tantos e tão variados problemas tem sido uma grande dificuldade para a maioria das pessoas. A idéia de que problemas não devem existir é a negação da capacidade de pensar do ser humano. A psicologia chama de cognição à capacidade de raciocinar do homem. Problema pode ser toda e qualquer situação que exija reflexão, discussão, troca de idéias buscando uma solução mais adequada. Portanto, como vivemos em um mundo em que, cada vez mais precisamos pensar para encontrar as melhores e mais adequadas alternativas, e por outro lado, há uma grande movimentação para tornar os seres humanos passivos, receptores da vontade de alguns, quando deparamos com o "ter que pensar sobre", pronto: eis o "estresse".
Temos ouvido muito a expressão "centrada em si mesma", porém pouco se tem praticado. Uma pessoa "centrada em si mesma" tem o equilíbrio emocional que possibilita receber as situações tais quais elas se apresentam para, então, ter uma reação adequada e produtiva na intenção de solucioná-la.
A busca de argumentação para se provar que o "mundo está contra mim" é tão ou mais exaustiva que o olhar a situação e verificar como se deve lidar com ela. Quais os recursos que possuímos, quais os recursos que estão faltando, quais pessoas estão para ajudar, quais estão para atrapalhar, enfim, pensar sobre todas as condições que envolvem a situação e, a partir daí, começar a tirar conclusões.
Antigamente se tinha a idéia que os que "explodem" vivem mais tempo. Hoje a ciência demonstra que isso é um mito. A explosão pura e simples não propicia ao indivíduo o equilíbrio psicológico e emocional que garante seu bem estar, inclusive (e principalmente) o físico. Por que principalmente físico? Porque quando não olhamos o que está ruim em nós para que possamos cuidar, inevitavelmente haverá uma somatização, ou seja, transformação de algo emocional em algo físico.
Nem os que guardam tudo para si, nem os que "jogam para fora" suas insatisfações estão protegidos do que chamo de implosão: estouro interno causado pela intensa pressão não resolvida e não aliviada.
Já vi muitos relacionamentos terminarem porque um dos dois não suportou a tensão causada pela dificuldade que estavam vivenciando. Resultado desta separação? Infelicidade de ambos, muitas vezes pelo resto de suas vidas.
Muitos negócios que tinham tudo para progredir explodiram, devido ao fato de as pessoas não conseguirem conviver com as tensões do mercado. Não souberam lidar com as situações, não tiveram flexibilidade, não conseguiram se colocar no lugar do outro.
A pergunta "O que ele (a) tem que eu não tenho", muitas vezes encontra sua resposta exatamente aí: equilíbrio, tolerância, saber lidar com frustrações, o que propicia reações diferenciadas e direcionadas, realmente, para a busca de solução, de consenso, nada tendo de agressividade ou hostilidade para com o outro lado.
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