Expor ou impor!
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Autor Paulo Salvio Antolini
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 31/10/2011 11:04:18
Expor ou impor.
Todos nós sabemos que a comunicação é uma via de mão dupla, onde um lado emite e outro recebe e logo após, a situação se inverte. Quem recebeu passa a emitir informação e quem antes a emitira, agora recebe. Pronto. Está instalado o "beabá" do processo de comunicação. Ora, se isso é algo que nos parece tão óbvio, por que insistimos em não praticá-lo?
Tenho observado nas mais diversas situações, que vão desde relações familiares até relações profissionais, e nestas em todos os níveis, de cima para baixo ou vice-versa, que a imposição de idéias se sobrepõe à exposição das mesmas. Todos dizemos "gosto de conversar com fulano(a), ele(a) me ouve. E conversa comigo." O que estamos querendo dizer aí é que esta pessoa escuta o que dissemos, expõe sua opinião a respeito e novamente se dispõe a ouvir o que temos a lhe dizer. Por que então temos que, numa conversa, impor o que pensamos sem considerar e o que é pior, sem nem mesmo escutar o que o outro está dizendo?
No confronto da imposição, aquele que detém de alguma forma o poder tende a sentir-se vitorioso, mesmo que o resultado não seja satisfatório ou até nem aconteça. Exemplo? O marido impõe à esposa que as despesas deverão permanecer em X reais. Ao perceber que estas extrapolaram tem uma reação explosiva. Ela lhe mostra uma lista e diz: "me diga o que eu poderia daí ter cortado?" Lá está ele com "cara de tacho" e esbravejando, sem dar nenhuma resposta objetiva, mas impondo que aquilo não pode se repetir. Não lhe dá a resposta porque não a tem. Não sabe identificar o que poderia ser cortado. O resultado não aconteceu. Ele julgou estar "governando" a casa com pulsos férreos e ela apenas disse que não há mais o que tirar da lista.
Outro exemplo? O gerente que reúne seus supervisores e, ao comentar sobre os problemas que vêm enfrentando na produção, as pressões pelas cobranças de superiores e tendo que mostrar resultados, não se dispõe a ouvir sua equipe, que tenta apontar as causas das dificuldades e ainda alega que tudo o que estão dizendo são desculpas. Algumas podem até ser, mas boa parte das colocações são reais. O ato de impor, na maioria das vezes, apenas atende à necessidade de reforçar seu poder, deixar claro que é ele quem manda (????).
Se o marido sentar-se com a esposa e expuser a situação que estão vivendo, deixando-a expressar seus sentimentos e necessidades, poderá convencê-la através da demonstração de fatos, da necessidade de reduzirem as despesas. O gerente, ao escutar os pontos levantados poderá também, através de fatos e considerações, confrontar o que é real e o que é ilusório. As pessoas podem demorar um pouco mais, porém ao se verem convencidas do que é melhor, estarão lutando e caminhando todas na mesma direção. Nós sabemos que são raras as vezes em que não há mesmo alternativas. Porém, se as soluções são impostas, nada que se faça poderá nos conduzir ao melhor resultado.
Como consultor, escuto muito o "eu já tentei isso e não funcionou". Tenho observado que a forma como se buscou a solução foi impositiva e autoritária. Desmandos e abusos de poder. Resultados? Desastrosos. Isso vale para todos os tipos de relacionamentos existentes em nossas vidas.
Vejam o exemplo dado pelo, inqüestionavelmente, maior líder que a humanidade já teve até hoje: Jesus Cristo. Ele nunca tentou impor nada às pessoas que o ouviam. "Quem quiser, siga-me". Este era o seu lema - quem quiser! Ele expunha suas idéias, pregava-as com a graça de quem sabe de onde elas vinham, sem sentir-se, entretanto, ameaçado ou diminuído ao se perceber questionado ou até mesmo negado em suas pregações.
Expor nossas idéias, convencer os que nos ouvem é nosso exercício e até mesmo, nosso grande prazer. Você já experimentou a satisfação de ser compreendido no que expôs? E se ocorreu o inverso, se as pessoas lhe mostraram que sua linha de pensamento não condizia com a realidade, ficou frustrado? Pois comece então a impor a si mesmo a idéia de que é melhor expor, ouvir e a partir daí, convencê-los de nossas razões ou acatar e admitir que a opinião de nossos parceiros pode nos impedir de continuarmos em caminhos improdutivos, pois seus argumentos procedem!
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