Fale menos e ouça mais
Atualizado dia 8/18/2006 1:05:20 PM em Autoconhecimentopor Nelson Sganzerla
“A palavra é Prata e o silêncio é Ouro”.
Sempre temos a mania de dar palpite em tudo e sobre tudo que nos cerca; não que isso não seja bom, afinal, é indício de que estamos atentos e antenados com tudo que acontece à nossa volta.
Mas refiro-me àqueles que gostam um pouquinho (e aqui estou sendo generoso) de falar da vida alheia, da vida de pessoas que na maioria das vezes nem conhecemos direito e temos o costume de pré-julgarmos.
Somos os mestres em ter a solução para o problema dos outros; falamos sempre com muita propriedade sobre o que as pessoas do nosso convívio devem fazer para resolverem determinados problemas, com comentários do tipo:
- Mas se ele (a) é assim, é porque não entende que nessa situação deveria agir de tal maneira...
- Como pode uma pessoa passar por tantas humilhações e ser tão indiferente e não reagir para a vida?
- Eu não agüentaria essa relação nem por um mês, imaginem por anos!
- Ele está tendo o que merece, afinal nunca fez nada para melhorar...
- Você viu o jeitinho dele? Não sei não...
Falamos por demais, fazemos comentários maldosos e cheios de preconceitos; achamo-nos no direito de dar palpite na dieta do nosso colega de trabalho; na maneira como conduz a educação do filho; no remédio que ele toma e até no jeito que se veste e ainda nas músicas que gosta de ouvir; diga-me se não é assim?
Aquela típica conversa na copa do escritório, logo pela manhã:
- Você viu? Ela agora não sai da sala do chefe!
- Ele não se mistura, só almoça com o pessoal da gerência...
- Ele nunca faz nada e está sempre bem.
- Você viu a roupa dela, que ridícula?
Outro dia, chamou-me a atenção uma pessoa falando alto no restaurante em que eu estava, parecia indignada e cheia de críticas para com os brasileiros que moram no Líbano e relutam em deixar o país, mesmo com as bombas israelenses caindo no quintal de suas casas.
Será que chegou a pensar que as pessoas fazem a vida em outro país e que depois de muita luta constroem uma família, criam vínculos (trabalho, escola de filhos, negócios do marido) e, de repente, sem mais nem menos se vêem obrigadas a deixarem tudo para trás. Por mais que seja evidente, será que é fácil tomar uma decisão dessas?
Mas as pessoas ficam indignadas com as decisões que são dos outros, com as decisões que não lhes dizem respeito.
Parece-me que existe uma comoção envolvendo o mundo através da imprensa que faz com que não consigamos focar a atenção para a nossa vida, para o nosso mundo, para o mundo de cada um de nós.
Basta algum repórter colocar um microfone e uma câmera à nossa frente e saímos por aí falando qualquer coisa que nos venha à mente.
Outro dia, vi um repórter na TV perguntando para um garoto que perdeu o pai em um acidente aéreo, o que ele estava sentindo... Será que é preciso ser um adivinho para saber qual seria a resposta?
Ou então, em casos que o sujeito pego em flagrante delito, o repórter pergunta se ele realmente cometeu tal delito... Será que a resposta seria:
- Sim, realmente cometi esse delito, portanto, sou culpado e mereço estar preso...
Falamos demais, perguntamos coisas óbvias que não são relevantes.
O momento em que o mundo passa é o de falar menos e ouvir mais; momento de ficarmos de ouvidos atentos ao que está acontecendo à nossa volta... E estão acontecendo muitas coisas... É só prestarmos mais atenção, ouvirmos melhor nosso coração e o das pessoas ao nosso redor.
Claro que não podemos, de forma alguma, sermos céticos em relação aos problemas do mundo. Incomoda-me demais ver a notícia de um perigo extremo do terror internacional, com a ameaça das bombas líquidas; afeta-me ver nosso país à deriva em um mar de sujeiras, com um grande índice de desemprego; a cidade assustada com os ônibus queimando nas periferias.
Mas de nada adianta sairmos por aí proferindo discursos e bravatas (essa palavra ouvi de um político); não é solução achar que temos a resposta para problemas tão complexos, só com palavras; as próprias autoridades já o fazem e terminam se acusando em rede nacional e nada resolvem.
Não podemos nos acomodar e nem ficar achando que um dia tudo se resolve sem alguma atitude que seja factível, mas jogar palavras ao vento somente aumentará a quantidade de ervas daninhas na terra.
Sejamos discretos quanto aos nossos comentários, nem que seja uma observação aparentemente sem importância...
Lembremos: palavras são sementes, por isso temos de ter muito cuidado ao semeá-las!
Pensem nisso!
Muita Paz
Texto revisado por: Cris
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