Felizes os que sofrem

Ninguém continuará o mesmo depois de um período de sofrimento, isso é claro e cristalino, basta olharmos à nossa volta para percebermos o quanto as pessoas evoluem quando passam por infortúnios. Um novo olhar sobre o mundo irá surgir a cada fase difícil superada, uma nova forma de lidar com os acontecimentos irá estabelecer-se, pois iremos nos tornar mais resilientes e menos susceptíveis aos inconvenientes externos. 

Somos afetados por tudo, justamente por sermos ainda seres frágeis e por não termos sido devidamente experimentados pela Vida. Muitos passam por experiências duras que muitas vezes duram a vida toda, mas, de que vida estamos falando? Da vida do corpo, da vida de aparências? Daquilo que é impermanente e surge com prazo de validade para deixar de existir? Sim, é exatamente dessa dessa vida na realidade corpo-mente, aquela que julgamos - em função da nossa ignorância - ser a única possível. 

No estágio evolutivo em que nos encontramos, somos constrangidos pelas forças do Universo a avançarmos, pois pouco realizamos em favor do desapego desse mundo de aparências, ainda vivemos na ilusão de que podemos alcançar a paz através da conquista de objetos externos que surgem e desaparecem com o tempo, não conseguimos ainda desenvolver interesse por aquilo que não morre, que permanece, que faz parte do Eterno em nós. 

O homem ainda é guiado pelos sentidos, precisa do combustível da emoção para dar sentido a sua existência e desconhece a sua própria luz. Vive preso em enredos mentais que sugam as suas energias e o mantém em um estado de torpor permanente. É preciso dominar a mente, aprender a silenciá-la, para  que a Consciência se manifeste e ele conheça o mundo real.

É como a lua que não pode ser vista  no reflexo do rio em função da turbulência da água. A mente é essa água turbulenta, para podermos perceber a existência do Eterno em nós (lua), será necessário conter esses movimentos mentais, só assim, a luz que sempre existiu em nós, de forma difusa, irá resplandecer em nosso Ser.