Filhos e nossas percepções!



Autor Paulo Salvio Antolini
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 02/07/2012 18:05:46
Filhos e nossas percepções!
É comum observarmos pais com mais de um filho se dedicando mais àquele que apresenta maiores dificuldades em seu desenvolvimento e não se preocupando tanto com aqueles que estão correspondendo naturalmente ao esperado.
Mais comum ainda é estes mesmos pais reagirem agressivamente quando isso é colocado ou cobrado. Não aceitam e não conseguem enxergar o que todos percebem. Acham-se injustiçados e não reconhecidos em seus esforços para atender à necessidade de alguém que precisa muito.
Não estamos negando que estes filhos precisam de uma atenção mais específica, mas é preciso atentar para o fato de que os demais estão sendo preteridos. Uma criança brinca quieta e sem dar trabalho, a outra, quase mesma idade, não se detem em nada e só berra e faz birra. Os pais voltam toda a sua atenção para a "birrenta", lançando olhares furtivos para a que está quietinha com seu brinquedo e assim crescem, uma "no canto", acomodada e tranqüila e a outra sendo o alvo das atenções.
Quando adolescentes, uns vão bem nos estudos, não dão trabalho, outros vão mal no colégio, não respeitam ninguém e estão sempre criando situações de prejuízo. Envolvem-se, em alguns casos, com o uso de drogas, bebidas, brigas constantes com namoradas e, muitas vezes, acontece a gravidez precoce. E lá estão os pais, novamente dedicando todo seu tempo na tentativa de acudir e proteger.
A desatenção para com aqueles que a tudo estão respondendo satisfatoriamente, assumindo suas obrigações e contribuindo para o bem-estar da família provoca-lhes o ressentimento pela sensação de rejeição observada. A revolta se instala e inicia-se o processo ou de afastamento, onde começam a buscar fora o carinho e o amor que não recebem em casa, ou de "adoecimento", que nada mais é do que uma forma de se chamar a atenção dos que os cercam, a fim de que também sejam notados. No primeiro caso, quando estas pessoas atingem a condição de se auto manterem, elas não abandonam seus pais, mas levam uma vida em que os pais sentem-se excluídos, invertendo-se a posição inicial: antes os excluídos eram os filhos. Na segunda situação, por mais forte que eles queiram se mostrar, a somatização, ou seja, a transformação de um estado emocional em um mal físico ocorre, trazendo então grandes dificuldades para todos. Os pais chegam a argumentar: "Por que justo ela, que sempre foi tão boazinha, nunca nos deu problemas, agora tem que carregar essa cruz consigo"?
Por mais que se destaquem, estas pessoas não se sentirão reconhecidas e, com toda certeza, terão problemas de baixa auto-estima. Sem contar que, quando um dos pais percebe o mal feito, tenta compensar o filho até então relegado ao segundo plano e acaba indo para o outro extremo, afastando-se abruptamente do filho "problema" e as relações ficam cada vez mais viciadas e distorcidas.
É importante observar como está se lidando com cada um dos filhos, dedicar um tempo maior àquele com quem se conversa menos e demonstrar um real interesse por ele, saber de sua vida, de como está indo, como tem se sentido, como tem enfrentado seu dia-a-dia, pois embora ele se saia bem em suas empreitadas, estudos, trabalhos, relacionamentos, também possui inseguranças, incertezas, temores e precisa compartilhar isso com os que ama.
Pais, estão sentindo filhos se afastando, então aproximem-se deles e comecem a escuta-los. Não esperem que numa primeira tentativa eles se abram. Mas mostrem interesse real, expressem o quanto se afastaram deles por outras razões e escutem verdadeiramente. Perceberão que estes filhos possuem uma capacidade de compreensão que vai além do que se imaginava. Portanto, retomem seus filhos. Todos eles.









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