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Fim de Tarde

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Autor Shee Sheerran

Assunto Autoconhecimento
Atualizado em 2/7/2006 12:31:54 AM


Fim de tarde. Calor sufocante.

Resolvo dar uma saída do corpo para me sentir um pouco mais confortável, antes de atender minha próxima cliente. É uma moça que, segundo me disse há pouco no telefone, gosta de dançar, cantar, mas o marido a impede. Ele não gosta desse tipo de demonstração de alegria.

Antes de sair me programo para voltar em tempo de atender minha nova cliente. Saio rapidamente do corpo, como sempre. Meio atabalhoada, sem muita preparação, como sempre. Largo meu corpo no sofá, fingindo que vê TV e me dirijo em direção ao mar.

Vejo as pessoas brincando na água, crianças fazendo montinhos de areia, talvez preparando um castelo. Senhores caminhando rapidamente numa evidente vontade de manter a forma. Resolvo brincar um pouco e me misturo com as ondas perto de alguns surfistas. Divirto-me com eles, subindo nas pranchas e escorregando nas ondas, dando boas gargalhadas.

Resolvo continuar minha diversão mais adiante, perto de um grande navio que está já quase em alto-mar, quando recebo o tão famoso chamado para o trabalho. Esse chamado vem por um puxão e uma total perda da visão do que me cerca. Só vejo o caminho a seguir. E sem muita alternativa, lá vou eu.

Percebo que a meus pés a terra começa a ficar de um vermelho escuro e muito fofo. Vejo carroções sendo puxados por cavalos. Uma fila imensa deles. As coberturas coloridas, enfeitadas com fitas inclusive nos cavalos. Eles vem sacolejando estrada afora e levantando um poeirão. Estão quase chegando em um acampamento onde percebo canto, dança e muita alegria.

Desço perto de um grupo de mulheres, tagarelas e risonhas. Elas rodeiam uma jovem. Ela estava vestida e enfeitada para alguma cerimônia que, imediatamente, me foi traduzida como casamento. Cheia de colares, fitas enlaçando os longos cabelos negros, saia rodada e muito colorida e enormes brincos caindo das orelhas. Os olhos pintados com traços negros realçando ainda mais o verde água das pupilas. Fiquei encantada com a beleza dessa mulher.

Tudo a seu redor rescendia a festa, comemoração e alegria. Curiosa, preparei-me para ouvir o diálogo delas. A mais velha dizia: “Você vai ser muito feliz com ele. Vai ser poderosa e rica. Vai trazer sorte e abundância para nosso povo”. Os olhos da linda moça encheram-se de lágrimas, abaixou a cabeça e visivelmente engoliu em seco mantendo-se ereta.

Nessa hora senti que realmente tinha sido mandada para ali, para observar alguma coisa que não estava muito bem e que deveria descobrir por algum motivo especial.

Ouvi o barulho das carroças chegando e um grande tumulto se formou em volta dos viajantes. Quase em seguida as mulheres praticamente arrastam a jovem e todas se dirigem para um altar já montado no meio do círculo de carroças. A Moça, meio trêmula, caminha como se fosse para o sacrifício. Cabeça baixa, olhos molhados e fisionomia triste. Ao lado do altar era esperada por um homem já entrado em anos. De longas e sujas barbas. Com dentes amarelados e cara de poucos amigos.

Confesso que se eu não estivesse projetada e não tivesse essa certeza, teria saído dali correndo.

O olhar dele era de cobiça e luxúria. Tive pena da moça. Imaginei o sofrimento que estava sendo imposto a ela. E voltei meus pensamentos para a época em que nós mulheres éramos praticamente vendidas ao primeiro que podia nos comprar. Arrepiei-me, pois terríveis lembranças me vieram à mente. Mas nem pude me refazer direito desses pensamentos e vi um rapaz chegando correndo e, numa fração de segundos, enfiar uma adaga na garganta do pretendente a marido da pobre moça.

A correria foi grande. Os homens correndo atrás do rapaz enquanto outros tentavam salvar o noivo. E eu no meio dessa confusão toda, não sabia o que fazer e nem para que lado ir, esquecendo até que nada poderia me acontecer, pois ninguém me via.

Nessa afobação toda, sinto novamente o puxão para a volta ao corpo. Volto ainda meio atordoada ouvindo o som da campainha tocando. Levanto, respiro fundo pensando "Puxa, minha cliente já chegou".

Abro a porta e quase caio para trás. Na minha frente me deparo com nada mais nada menos que os mesmos lindos e grandes olhos verdes.

She (Beth Yano)
06/02/06
Texto revisado por Cris
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Conteúdo desenvolvido pelo Autor Shee Sheerran   
Escritora, terapeuta (TVP), palestrante, curso de energização e retirada de implantes. Atendendo agora em Alto Paraiso (GO). Consultas: (62) 3446-1990
E-mail: [email protected] | Mais artigos.

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