Foi assim que conheci Jesus
Atualizado dia 13/06/2008 08:39:13 em Autoconhecimentopor Wilson Francisco
Eu me lembro de uma experiência significativa, quando veio até uma reunião um espírito com deformidades e severas ligações mentais terrenas. Eu era o médium de psicofonia. Ele sempre aparecia, para os médiuns videntes, com um ramo de arruda para realizar suas atividades de curandeiro e o seu corpo retorcido se refletia no meu, no intercâmbio mediúnico.
Nas primeiras manifestações, um amigo que auxiliava na direção da reunião tentou endireitar o corpo dele, informar que não precisava daquele jeito de se manifestar e tampouco da arruda. Após a sessão conversei com o amigo, informei que era melhor deixar assim, era o seu jeito. O Espírito continuou a se manifestar, até que um dia desapareceu. Ficou afastado durante uns três meses e voltou um dia dizendo-se muito feliz. Tinha ido fazer uns cursos, aprender algumas coisas e não me induzia mais para a postura antiga e ao invés de trazer na mão a arruda, trazia o Evangelho segundo o Espiritismo. Ficamos felizes com a conquista dele e aprendemos a lição da tolerância e da solidariedade.
Uma das atividades espirituais que mais me encantaram foi a realizada na Penitenciária do Estado, décadas atrás. Realizamos lá sessão de desobsessão, para atender casos de presos de alta periculosidade e outros tipos de assédio, muito comuns nesses lugares. O dirigente era o Gilberto, espírita dedicado e muito conhecedor do Espiritismo, mas um tanto restritivo na maneira de conduzir a reunião. Não admitia muita coisa, então, nós médiuns tínhamos que nos ajustar ao que ele determinava. Confesso, era muito difícil receber um Espírito violento, sem poder sequer se mexer na cadeira, quando se dava o impacto energético. Recordo-me de ter criado uma atitude que me auxiliava nessas manifestações. Quando o Espírito dava o impulso para bater na mesa, eu colocava uma mão sobre a outra e a pancada ia para minha própria mão, evitando o ruído e naturalmente o susto de quem estivesse do meu lado. É assim, quando você está num serviço de apoio ao semelhante, precisa saber como lidar com as situações, evitando criar barreiras para o espírito comunicante e não afetar as regras do dirigente.
Aliás, isso serve para nossa vida, quando temos que conter nossos impulsos ou redirecionar nossos pensamentos, para não criar animosidade ou distúrbios. Em qualquer situação em que você se encontre, utilize sua inteligência e nas atividades mediúnicas não pode ser diferente. Cada dirigente tem um jeito de ser, um costume e precisamos respeitar, até o ponto em que tenhamos espaço e condições para desenvolver nossa tarefa.
Uma vez eu estava num Centro Espírita para organizar as atividades de desobsessão, conhecia o dirigente e alguns médiuns. Uma delas naquele dia estava tristonha, quieta. Descobri que sua irmã estava hospitalizada, fora visitá-la. Então, perguntei se ela aproveitara a oportunidade para aplicar um passe na sua parente. Disse que não, o dirigente orientava que ela sozinha não podia, porque afinal foi mesmo Jesus quem disse: onde estiver duas ou mais pessoas ali estarei. Fiquei apalermado, diante daquela afirmação. Então, quer dizer que se eu estou sozinho, Jesus não estará do meu lado? Que absurdo! Tudo por conta de uma interpretação errada ou de um atavismo do dirigente. Há ainda em alguns centros espíritas a cultura do medo, impedindo que as criaturas possam ter atitudes de amor ao semelhante.
Podemos, sim, aplicar passes nos hospitais, nas escolas, nas ruas, onde estivermos. Aliás, hoje em dia as portas estão se abrindo para esse tipo de atitude. No Hospital do Servidor Público Municipal de SP, há atendimento de Reiki; no posto de saúde do bairro Tucuruvi, zona norte de SP há uma sala de meditação e acupuntura.
Dia desses, viajando com uma pessoa de volta para SP falei sobre essas restrições dos espíritas, uma delas no que diz respeito a cromoterapia e o interessante é que os espíritas aceitam André Luiz e lá nos livros deles há informações muito importantes sobre cores. Então disse a ele, os espíritas estão perdendo ótimas oportunidades e, por conta disso, hoje as doutrinas alternativas avançaram bastante, ocupando espaços na mídia e na saúde pública que o Espiritismo, como o Consolador Prometido poderia estar realizando.
Num CE fora de SP o expositor, que era vidente, estranhou a presença nos corredores de Espíritos diversos, necessitados e outros em boas condições, todos negros. No final da reunião, conversando com os dirigentes, percebeu que havia entre eles preconceito. Ficou pensativo, não queria criar atrito, foi para o Hotel, porque na noite seguinte faria lá mais uma palestra. Antes de dormir, orou rogando inspiração para auxiliar naquela situação.
Enquanto fazia sua prece, junto dele surgiu uma luz muito forte e apareceu um Espírito com aparência de preto-velho. O Espírito disse que era um dos dirigentes daquele CE, ele estranhou, mas como? É, para eles me apresento como um médico, mas na verdade, nas minhas atividades aqui no mundo espiritual me apresento sempre assim, porque “foi assim que eu conheci Jesus”.
No dia seguinte, o expositor solicitou uma conversa em particular com os dirigentes, antes da reunião, abordou esse tema e inspirado pelo próprio dirigente espiritual, conseguiu tirar daqueles corações aquela couraça do preconceito. Quando a palestra se iniciou, o expositor estava radiante porque não havia nenhum espírito nos corredores, todos estavam ali sentados, os olhos marejados de lágrimas, felizes por estar na Casa do Senhor.
Texto revisado por: Cris
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