Gislaine: entre a dor e o amor
Atualizado dia 12/10/2007 14:11:24 em Autoconhecimentopor Flávio Bastos
No caso de Gislaine, havíamos apontado o sentimento de culpa como a raíz de suas crises de depressão e que, dessa forma, após nove sessões de psicoterapia, tínhamos chegado ao ponto ideal no sentido de encaminharmos a adolescente para a experiência regressiva, cujo foco principal seria investigar outras possíveis "raízes" de seu intenso sentimento.
Na regressão, Gislaine percebe-se estando em um lugar com muita luz, natureza... muitas flores e crianças às quais diz que ajuda a cuidar. Sente uma presença ao seu lado. Este ser apresenta-se como sendo seu amigo e que lhe fará companhia por algum tempo. Os dois, então, envolvem-se naquela tarefa de cuidadores das crianças daquele local. Ela sente que são antigos conhecidos... até que um dia ele diz que chegara o momento da separação, mas que não a esqueceria e que a amaria para sempre.
Ela permanece sem a sua companhia naquela tarefa e percebe que começa a cuidar também de pessoas idosas que são trazidas àquele lugar. "É uma colônia de tratamento e de recuperação", comenta.
O tempo passa e sente-se descendo em um túnel. Visualiza uma cena de quarto de hospital em que muita gente chora ao redor de uma cama. "Sou eu que estou lá, eu morri, por isso eles choram". Passa um tempo em silêncio e a adolescente continua a falar o que sente e vê: "Eu morri em um acidente de carro (escorrem lágrimas em sua face). Íamos eu, meu marido e meus três filhos menores." Na sequência, Gislaine relata como ocorreu o acidente envolvendo um caminhão e outro automóvel, quando o marido foi obrigado a desviar bruscamente, ocorrendo a capotagem.
Seguindo o relato do acidente, Gislaine constata com amargura que somente ela falecera no hospital após o acidente, ficando feridos sem gravidade, seus filhos e seu marido que encontrava-se chorando em seu leito de morte. "Ele sentiu muito, está arrasado, pois éramos uma família unida e havia muito amor entre nós."
Perguntei à jovem o que acontecera após aquela cena no hospital. Gislaine responde: "Vejo uma claridade muito forte... vieram me buscar. Mas não quero ir (chora...), não posso abandonar meus filhos, tenho que cuidar deles..." E segue o seu relato: "Ele me diz que mais tarde irei reencontrá-los, inclusive o meu marido, mas que agora precisamos ir e que para onde eu vou, encontrarei muitas crianças para cuidar e envolver-me". Continua: "Agora estou subindo, flutuando e começo a ver um campo florido onde tem muitas crianças brincando alegremente." Lembra de seus filhos: "Mas eu não posso ficar aqui, tenho que voltar, meus filhos precisam de mim."
Conforme a seqüência de seu relato, aparece uma mulher que irradiando uma intensa energia lhe diz que agora aquela era a sua casa e que a partir de então, teria tarefas a cumprir como cuidadora daquelas crianças que encontravam-se ali e que, aos poucos, começaria a entender o motivo de ter, temporariamente, se separado de seus filhos.
Ela resolve resignar-se e rapidamente adapta-se àquele lugar. Cuida mais de crianças, mas também de idosos que chegam para tratamento e recuperação. O tempo passa e ela percebe que aproxima-se o momento de voltar (reencarnar). Percebe, também, que vai retornar com uma missão junto às pessoas carentes de amor e de conforto material. Na sequência do relato, sente-se descendo por um túnel até perceber-se no útero materno... é a vida atual. Sente um clima de difícil relacionamento entre os pais: muitas brigas, muitos desentendimentos. Fica triste e sente que não é esperada com amor.
Passada a catarse oriento para que ela sinta-se como se estivesse novamente naquele campo repleto de flores a brincar com as crianças e envolta numa energia de amor e paz. A sua fisionomia, aos poucos, transforma-se, fica serena e assim encaminhamos a regressão para o seu final.
COMENTÁRIO
A experiência regressiva de Gislaine mostrou-nos que a origem de seu sentimento de culpa era anterior à atual vivência e que apenas veio a conectar com o mesmo sentimento identificado nesta vida.
O fato de ter, prematuramente, desencarnado naquela vida, deixando filhos pequenos, foi o trauma gerador do sentimento de culpa que veio a conectar com o fato de ter nascido, o motivo de discórdia entre seus pais, origem da angústia de querer "compensá-los" pelo fato de terem-na aceitado "viva" e de terem feito o que fizeram até hoje por ela.
Gislaine diz que gosta muito de crianças e sua mãe confirma o carisma que ela tem com os "baixinhos". Quando, após a regressão, registrei esse detalhe, Gislaine abriu um iluminado sorriso e disse: "Agora sei que não é por acaso que adoro crianças e que também não é por acaso que trago esse sentimento de culpa e de querer, dessa forma, compensar na tarefa de ajuda a pessoas necessitadas. No entanto, sempre senti isso intensamente e agora tenho a certeza que voltei com essa programação de envolver-me com uma causa ou profissão que possibilite-me a canalização do que foi combinado lá no plano espiritual". E completa: "Intuitivamente sempre senti isso, e agora veio a confirmar."
Concluindo, podemos afirmar que a Psicoterapia Interdimensional, que chega até nós pela Fonte do Conhecimento Universal, continuará com Gislaine a fazer as associações necessárias para que ela continue processando, internamente, as suas elaborações. No entanto, não será necessário muito mais, pois o tratamento está chegando ao fim, uma vez que já atingimos cerca de 90% das elaborações que Gislaine precisa para a alteração de seu nível de autoconhecimento.
Quanto à sintonia do amor, Gislaine identificou o marido daquela vivência como sendo o mesmo grande amor da vida atual e também o mesmo que lhe fizera companhia quando ainda encontrava-se no plano espiritual a cuidar de crianças. Intensa sintonia que vem aproximando-os há séculos e que mais uma vez oportuniza-os com uma nova experiência no âmbito do relacionamento, para que o amor seja um sólido fator de construção de uma vida a dois plena de felicidade e de realizações. Que sejam felizes!
O verdadeiro nome da pessoa foi preservado.
1° Curso de formação em Psicoterapia Interdimensional e Terapia Regressiva.
Psicanalista Clínico e Interdimensional
Texto revisado por: Cris
Avaliação: 5 | Votos: 13
Flavio Bastos é criador intuitivo da Psicoterapia Interdimensional (PI) e psicanalista clínico. Outros cursos: Terapia Regressiva Evolutiva (TRE), Psicoterapia Reencarnacionista e Terapia de Regressão, Capacitação em Dependência Química, Hipnose e Auto-hipnose, e Dimensão Espiritual na Psicologia e Psicoterapia. E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Autoconhecimento clicando aqui. |