GOTAS DE RAZÃO - Parte 3
Autor Helenilton Luiz C. de Sales (Lé de Sales)
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 6/19/2006 9:03:09 AM
Condicionando o cidadão a uma condição irreversível de miséria e caos. Neste contexto para agravar ainda mais o quadro se impõe a total ineficácia do Estado constituído na consecução de seus fins, visto a condição caótica em que se encontra o sistema único de saúde, os órgãos de repressão policial e a educação. Criando fatidicamente uma cadeia do caos, o homem sofrendo das pressões sociais, na busca de sanar suas necessidades prementes se faz criminoso, o Estado sem vontade em atender tais carências reprime sua conduta e o coloca em uma escola do crime a “cadeia”, impossibilitado de adaptar-se novamente a sociedade associa-se ao crime organizado ou criar por si só uma rede criminosa, que se aproveitando do absoluto desgoverno sobrevive, cresce e criam outras tantas desigualdades. O que o Congresso Nacional tem a ver com isso? Tudo!
OS GOVERNOS INSTITUÍDOS SÃO LEGÍTIMOS?
Na grande maioria dos governos nominalmente Democráticos, obrigam seus cidadãos a participarem ativamente do processo eleitoral através do voto, punindo com sanções aqueles que injustificadamente não participam. Como então entender esses governos como Democráticos? Já que a vontade de seu povo é desconhecida, pois não lhe é facultado o oportunidade de participar ou não desse processo eleitoral. Portanto é razoável afirmar que esses governos vivem sob a condição de uma farsa! Aqueles candidatos que concorrem às eleições, não representam as classes pobres da sociedade.
Mesmo que eventualmente tenham saído delas, já incorporaram a ideologia do dominador e assim se comportam. Como nos países em desenvolvimento, as classes pobres representam muitas vezes a maioria da população, notório afirmar que esses governos não são legítimos, pois não representam politicamente a maioria de sua população. O que vimos são aproveitadores sociais, que se munem de um discurso para ascender socialmente, sobre os cadáveres de uma população empobrecida e inculta, incapaz de se mobilizar para uma revolução, que em realidade apenas devolveria o poder a seus legítimos donos.
Como toda estrutura sistêmica é voltada, para a não criação de uma consciência social própria dessas classes. Impossibilitando-os do acesso a boas escolas, saúde básica e qualidade de vida, vivem essas massas empobrecidas enganadas por uma classe política, que no discurso apregoam a igualdade, mas que na verdade estão defendendo os interesses da classe burguesa.
Assim atuam todos os tentáculos do poder, incentivando a livre iniciativa, para obter lucros, a partir de uma mão de obra a baixo custo. Não qualificada propositalmente, pois prepara-la implicaria em dotá-la de conhecimentos, que seriam as chaves da liberdade desse povo. Um povo munido de saberes desenvolve convicções, questionam modelos, é capaz de comparar e reivindicar seus direitos, todavia, um povo inculto é facilmente manipulado, reduzido à condição de domínio. Legá-los a própria sorte, distantes dos bancos escolares, é garantir a certeza, que continuaram submissos ao sistema e serão apenas números nas planilhas do IBGE. Nunca representaram uma ameaça a qualquer governo, pois apesar da insatisfação que reina em seu peito, não é capaz de ver o todo e que seu destino é ruim não por que Deus quis assim, mas por que os homens querem assim. Por isso sobrevivem distantes dos bens de consumo e serviços, que são reservados aqueles que detêm o capital, excluídos dos louros proporcionados pelo sistema, garantidos exatamente aqueles que os exploram toda a vida. A mercê do tráfico de drogas, pois o Estado não lhes garante segurança alguma, certa vez, uma criança perguntou a sua mãe, por que Papai Noel usava armas, quando em resposta a mãe simplesmente chorou, pois o filho havia sido presenteado na noite de natal por um traficante do morro.
Essa é a trágica realidade em que vivem essas pessoas, bandidos muitas vezes promovidos a heróis sociais, graças a total ausência do Estado na vida do cidadão. Uma crise real tendo com bases uma crise de valores, que corrompe a moral e reduz a família ao exílio. A lei do silêncio, imposta pelo crime em suas áreas de atuação calam a balas os desavisados que ousam quebrá-la. Mantendo um poder paralelo igualmente ineficaz e cruel ao sistema legal, que visa exclusivamente o lucro a todo o custo. Não bastasse o total descaso do Estado em relação a suas vidas, são obrigados a viverem sob o pulso firme e assassino do crime.
Alguns juristas entendem o governo Brasileiro não como democrático, mas um governo de exceção, visto não atender aos anseios populares, por ser uma democracia semi-direta. Mas na realidade tem formato de democracia indireta, pois o povo outorga as funções de governo, mas não participa de nada.
AS RELAÇÕES PARASITÁRIAS DAS IGREJAS COM O PODER
As igrejas são possuidores de muitos bens e capitais engrossam as fileiras do capitalismo, tornando-se um poderoso instrumento na perpetuação do poder, vive de fato uma relação espúria com o poder, na medida em que aliena seus fieis e é presenteada por ele com benesses como isenção de impostos e doações diversas. Detentoras de grandes extensões de terras improdutivas, juntamente com congressistas e empresários, se mostra um dos grandes obstáculos à promoção da reforma agrária no Brasil.
Realizando um trabalho de base do sistema pregando o conformismo e a desigualdade querida por Deus. Com um trabalho engajado de arrecaarrecadação de fundos, junto ao fiel as igrejas tornaram-se verdadeiros templos do capitalismo, casas do profano, pois além da arrecadação mensal que equivale a 10% do salário do trabalhador, todo serviço requerido pelo fiel é também cobrado a parte. São instituições ricas, donas de emissoras de televisão, rádios, e gigantescos templos, têm a coragem de tirar da boca dos famintos em troca de falácias, promessas de garantias do reino dos céus, práticas idênticas às vendas de indulgências na idade média, um verdadeiro descaramento.
Quando surge algum movimento sério e bem intencionado, como por exemplo, a teologia da libertação, é logo descartada e repleta de críticas para não ser implementada. Louvo algumas iniciativas isoladas de padres e pastores, que timidamente tentam se desvencilhar das amarras do poder, levando um pouco de fé e esperanças aos fieis, salvo essas iniciativas o que vimos é um amontoado de gente aproveitadora da fé alheia e mal intencionadas, a criar um império na terra a partir da desgraça de seu povo. Um verdadeiro crime.
Além de posturas retrogradas como a proibição dos preservativos e anticonceptivos, e das relações homo afetivas. Numa flagrante caminhada, pela contramão da civilização. Certamente em um futuro próximo a igreja terá que pedir desculpas, de joelhos, as vítimas da AIDS, como o fez aos índios, aos negros e aos judeus. Em mais uma atitude lastimável de hipocrisia, pois tinha a devida consciência do quanto prejudicial estavam sendo a sociedade, todavia imbuídos de uma falsa moral religiosa, não se preocuparam com as vidas perdidas e escravizadas no processo e perpetuação do poder burguês, sobre as classes pobres. Desta feita as igrejas ocupam o lugar de alicerces de uma trágica construção, feita com o suor e o sangue dos inocentes, trabalhadores alienados e escravizados, que sustentam a
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