Hassidismo: aspectos fundamentais
Atualizado dia 10/02/2008 16:28:39 em Autoconhecimentopor Marcos Spagnuolo Souza
Não devemos nos atormentar com aquilo que erramos, mas direcionar toda a força da alma, que está dispersando na auto-repreensão, para a atividade no mundo para o qual foi destinado. Ocupar a mente com sua própria culpa significa ocupar-se com o mal em vez de fazer o bem, correndo o risco de cair em melancolia. Fixar-se na culpa consome as energias necessárias para proceder à conversão.
Não se preocupar consigo
Dedicar-se à autocontemplação, escolher seu próprio caminho, criar uma unidade interior, começar consigo mesmo e depois, esquecer de si mesmo. Entender o ato de esquecer a si mesmo depois que foi feito todo um trabalho individual somente é possível depois que respondermos a seguinte pergunta: "Para que preciso contemplar sobre mim mesmo, para que escolher meu próprio caminho, para que unificar meu interior?" A resposta é somente uma: trabalhar comigo mesmo para ter condições de desempenhar a tarefa específica destinada por Deus junto ao mundo.
O ser humano deve se conhecer, se purificar, tornar-se perfeito, não por causa de si mesmo, não por causa da sua felicidade terrena, bem como não para alcançar sua bem-aventurança celestial, mas por causa da obra que tem que realizar no mundo de Deus. Deve esquecer-se a si mesmo e ter o mundo em mente. Cada alma é um elemento a serviço da criação divina. A alma não tem uma meta em si mesma, a meta da alma é servir a Deus.
O que se exige aqui do homem é a extinção radical de todas as motivações egoístas em suas formas explícitas ou veladas. A educação espiritual, subjacente ao caminho hassídico do homem, rejeita todas as teorias que vêem na auto-realização, centrada em critérios unicamente subjetivos e egoísticos.
Aqui, onde se está
Existe algo que você não pode encontrar em canto nenhum do mundo e que mesmo assim existe um lugar onde você pode encontrá-lo. Esse algo, esse tesouro, é a realização da nossa existência. O lugar onde se encontra esse tesouro é o lugar onde se está. O tesouro não está longe.
O ambiente em que estamos, a situação em que nos encontramos por destino, aquilo que vem ao nosso encontro no dia-a-dia, as solicitações do cotidiano, é aqui que se encontra a nossa tarefa essencial, é aqui que está aberta para nós a realização da nossa existência. O querer ir longe para alcançar a própria realização é um desvio do caminho.
Todo encontro com um ser ou uma coisa no decorrer da nossa vida possui um significado oculto. Os seres humanos com os quais convivemos e que encontramos circunstancialmente, os animais que nos ajudam na agricultura, a terra que cultivamos, os recursos naturais que transformamos, as ferramentas que usamos, tudo contém uma oculta substância de alma que depende de nós para chegar à sua forma pura, à sua realização profunda.
A nossa realização autêntica depende exatamente do fato de não desperdiçamos e sabermos aproveitar as oportunidades que nos são oferecidas a cada segundo de nossas vidas.
A nossa realização acontece no mundo em que estamos e não em outro mundo ou numa vida transcendental. O que o homem faz aqui e agora em santidade, não é menos importante, menos verdadeiro do que a vida no mundo que vem depois. O pensar numa realização no mundo transcendental já é um desvio, pois enxergar o mundo dividido em dois é um engano que tem que ser superado. O ser humano é criado para unificar os dois mundos. Ele atua nessa união através da sua vida sagrada no mundo em que está sendo posto, exatamente no lugar onde ele está.
A cidadania, a cooperação, a democracia, a paz, a luta pelos direitos humanos e das minorias devem ser realizadas pelo ser humano onde ele está a cada momento de sua vida.
REFERÊNCIAS
BOGOMOLETZ, Davi. O hassidismo com visão de mundo: uma reflexão para a noite de shavuot. Disponível em link Acesso em 07 de Fevereiro de 2008.
BORGES, Rudinei. O hassidismo. Disponível em link Acesso em 08 de Fevereiro de 2008.
GHELMAN, Marcelo. Hassidismo. Disponível em link Acesso em 07 de feverero de 2008.
LEONE, Alexandre. A oração como experiência mística em Abraham J. Heschel. Disponível em link Acesso em 10 de Fevereiro de 2008.
RÖHR, Ferdinand. O caminho do homem segundo a doutrina hassídica, por Martin Buber: uma contribuição à educação espiritual. Disponível em link Acesso em 08 de Fevereiro de 2008.
Texto revisado por Cris
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