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Hassidismo: Deus e o homem

Atualizado dia 10/02/2008 16:16:42 em Autoconhecimento
por Marcos Spagnuolo Souza


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Origem do Hassidismo

Desde o princípio houve duas correntes no seio do judaísmo: de um lado o formalismo ritual do Talmud e do outro, a tendência ao misticismo, ao ocultismo que criou a Cabalá e o Zohar, daí a oposição entre fariseus e essênios.

Em 1740, na Polônia, o místico Israel ben Eliezer (1700–1760), conhecido pelo nome de Baal Shem Tov - "o senhor de boa fama" - reviveu o misticismo dentro do judaísmo com o nome de hassidismo, que em hebraico significa "devoto de Deus". Após duas gerações, centenas de rabinos elaboraram os ensinamentos de Baal Shem Tov, atraindo discípulos e fundando "dinastias" de sucessão, assim promovendo o nascimento do movimento hassídico. Com o passar dos anos, o hassidismo foi se tornado exatamente o contrário, esquecendo-se de sua fonte original e tornando-se praticamente indistinguível do judaísmo tradicional. Devido à descaracterização da essência do hassidismo desapareceu o misticismo judaico sendo que no final do século XX o hassídico renasce mais uma vez.

O "hassidismo" abandonou o formalismo ritual e procurou despertar a vivência mística, o encontro direto da alma com Deus.

Deus

Na Cabalá Deus é chamado de Ayin Sof que significa "Nada" em hebraico. O Nada é uma dimensão que incorpora o passado, o existente e o que existirá. Tudo o que importa vem de Ayin Sof e volta no fim para ele que é o nada absoluto. Apesar de Ayin Sof ser além de qualquer compreensão, Ele se faz conhecer através de suas dez emanações. Deus é visualizado simbolicamente como sendo Luz Infinita que emana um feixe de luz. O feixe da luz divina se manifesta em dez emanações. Desde a Idade Média esses dez estágios são chamados de Sefirot e expressam os atributos divinos. Deus não está no céu, mas, sim em toda a existência. Deus é onipresente e temos que desenvolver o sentido profundo do divino de que ele está em toda existência; no entanto, Ele se oculta e é desvelado onde o ser humano O deixa entrar.

Diz Deus, quando Moisés Lhe pergunta por seu nome. "SEREI AQUELE QUE SEREI". Ou, numa tradução menos literal e mais precisa, "SEJA EU QUEM FOR". A dimensão infinita de Deus está dada aí, nessa resposta em que Ele praticamente diz a Moisés: "Deixa de fazer perguntas. Meu nome não importa, importa apenas a minha existência." Deus diz: "Sou um estranho e jamais me conhecerás”. Deus é infinito não podendo ser conhecido inteiramente.

O Hassidismo ensina que Deus é a realidade última. Todos os fenômenos e seres do mundo são receptáculos que contêm a luz divina. Os fenômenos e os seres não possuem nenhuma realidade independente de Deus. Nada no universo “existe” verdadeiramente, exceto Deus. O Divino é para o Hassidismo um transcendente que se manifesta imanentemente através de cada fenômeno no universo. Os fenômenos são, por assim dizer, os veículos da manifestação da Divindade. O mundo é um véu que, se removido, revela apenas a Divindade.

Deus está a cada segundo criando o mundo. O rio, a árvore e tudo que existe está sendo criado do nada por Deus. Tudo à nossa volta a cada segundo ou milésimo de segundo é algo diferente sendo criado para a realização da alma.

O ser humano

As coisas concretas podem ser conhecidas a ponto de não precisarmos ficar perplexos com elas, mas os seres humanos são infinitos. A infinitude do ser humano cria uma dimensão de perplexidade e sentimento de estranheza no próprio ser humano por estar diante de algo grande demais para o conhecermos inteiramente. O homem não é uma “coisa”; o homem é um fenômeno que vemos, mas que não o vemos por inteiro.

Quando não temos o sentimento de perplexidade e estranheza diante do ser humano nós o transformamos em coisa, retiramos dele a condição de ser humano. Quando alguém evita pensar e formular as próprias opiniões adotando as de outro, transforma a si mesmo em coisa. Quando queremos que o outro seja como nós o concebemos, esquecendo de levar em conta que ele é único e infinito (mesmo que ele próprio nunca saiba como é) o transformamos em coisa.

Não cabe ao homem questionar os métodos de Deus, no entanto o homem possui a liberdade de tentar entender Deus o tanto quanto for possível. O mistério da criação implica que Deus dá ao homem a existência independente e a espontaneidade real, que o capacita para reconhecer-se como um Eu e dizer Tu a Deus. Um relacionamento dialogal autêntico exige que o homem se considere não como objeto do pensamento de Deus, porém como pessoa realmente livre, como companheiro em diálogo. Se Deus não desejasse um homem infinito, teria criado “coisas” e não homens capazes de transgredir.

Baal Shem Tov sugere que mesmo o ser humano tem uma autonomia relativa, não estando realmente separado da Divindade. A pessoa deveria estar consciente de que tudo no mundo está preenchido pelo Criador. Mesmo cada produto do pensamento humano é resultado da providência divina. Cada ser humano tem a tarefa de elevar e resgatar a centelha divina. O ser humano deve elevar tudo até sua fonte original, deve transcender o parcial em nome do todo, deve ser capaz de ver a essência divina em cada coisa no mundo material. Essa é a razão do Hassidismo sugerir que não há nada que seja essencialmente mal.

O ser humano existe para conhecer Deus. No entanto, para conhecer Deus ele precisa transcender sua aparente existência separada. O ser humano precisa erradicar a barreira que o separa do Divino, causada pela “pseudoconsciência” de ser finito separado do Infinito. A superação dessa barreira é a adoração de Deus. Adoração a Deus é justamente a eliminação da barreira que nos separa de Deus, barreira que o próprio ser humano criou. O objetivo da vida humana é conectar com Aquele que está Escondido. O mundo material é apenas um invólucro para a luz não sendo a luz, assim sendo, a matéria deve ser superada.

O ser humano precisa transformar sua consciência. Através de exercícios místicos, ele consegue superar a consciência do mundo, tornando para si transparente a presença da divindade que abarca toda a existência. Deste modo o ser humano consegue transcender o mundo da corporeidade e habitar a pura consciência espiritual. O ser humano precisa compreender que deve desassociar-se da consciência física. O processo de união com Deus tem início quando o ser humano passa a entender que o aspecto físico da existência humana é meramente externo, um invólucro para a luz (consciência) do Um. A meditação possui por meta o entendimento da relação entre o físico e a consciência. Depois que a pessoa possui o referido conhecimento ela entra no estado de oração visando a união com Deus.

Referências bibliográficas no final da série de artigos sobre Hassidismo.

Texto revisado por Cris

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