IDENTIFICANDO O MEDO QUE NOS HABITA
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Autor Rose Romero
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 3/6/2005 11:49:09 PM
A mitologia grega nos diz que do encontro entre Afrodite, a Deusa do Amor, e Ares, o Deus da Luta, da Conquista e da Agressividade, nasceram três filhos.
Da relação equilibrada do casal, nasceu a primeira filha, Harmonia. Depois, já envoltos numa paixão tumultuada, nasceram Fobos, o Medo e Deimos, o Terror.
Percebemos aqui uma dinâmica interessante: o medo e o terror são conseqüências naturais de um amor matizado ou maculado por uma agressão ou trauma.
O medo da solidão, talvez, seja o mais deletério, pois surge no nascimento, pela separação da mãe e, por conseguinte, da energia do Universo, de Deus. Será mais ou menos presente na estrutura psicológica de um indivíduo, dependendo da forma como a sua estrutura básica, a sua confiança básica, foi tecida com a mãe durante a gravidez e depois do nascimento.
Partindo da premissa que Deus é Amor e que fomos criados à sua imagem e semelhança, nossa essência é Amor. Mas se não reconhecemos em nós esta centelha divina e acreditamos que estamos completamente separados dela, estaremos acreditando também, que estamos longe de nossa essência ou até que a desconhecemos, formando um grande vazio, um grande buraco na base de nossa estrutura, propiciando um excelente lugar ao medo e ao terror para se instalarem.
O medo da solidão se desdobra em vários matizes, geralmente gerando em nós mecanismos de defesa que mais nos aprisionam do que libertam.
Quando somos ciumentos, por exemplo, tememos que o outro não nos ame suficientemente. Acreditamos na limitação do amor. Agimos, então, de forma a nos sentirmos rejeitados por coisas mínimas, nos recolhendo à nossa teoria de limitação e provocando na pessoa amada uma atitude de afastamento, que, afinal, era o que mais temíamos.
Ademais, o ciúme, muitas vezes, impele a pessoa a fazer todo o possível para agradar o ser amado a ponto de perder sua própria identidade – que afinal, a priori, já estava perdida por não se perceber “centelha divina” - o que acaba levando a uma dedicação sufocante que também afasta o ser amado e reforça a teoria da limitação do amor e da menor valia do ciumento.
“Se nos deixarmos levar pelo ciúme, criaremos a rejeição e a solidão que tanto tememos. Precisamos trabalhar nosso interior, construir nossos interesses, nossa individualidade, nossa confiança em nós mesmos. Pois quando nos sentimos satisfeitos conosco, somos pessoas inteiras que não dependem da aprovação dos outros. Só então podemos ter uma relação sadia e amorosa.” Diana Cooper
Muitas vezes, por crescer e viver em ambientes de tensão e desaprovação desenvolvemos técnicas e estratégias de sobrevivência para preenchermos nossas necessidades quando crianças. No momento em que nós as criamos elas foram as únicas saídas possíveis para lidar com as situações de medo e tensão. Mas, geralmente, depois de usá-las por algum tempo com êxito, continuamos a usá-las, por hábito, mesmo quando não são mais necessárias.
Perpetuamos em nós uma resposta ao medo mesmo que ele, na realidade, não se encontre mais presente, mantendo a sua “sombra” sempre por perto. Por isso, é importantíssimo detectar estas estratégias/atitudes aparentemente tão naturais do nosso comportamento para nos libertarmos das angústias e medos que nos habitam e nem nos damos conta, a não ser quando eles se apresentam através de sintomas físicos e/ou psicológicos.
Sem medo somos naturalmente amorosos. O amor revitaliza e energiza, nutre e equilibra, traz identidade e presença. O amor é a centelha luminosa, divina, presente em todas as nossas células e é o que nos anima e dá vida. E a única coisa que aprisiona a chama divina em cada célula é o medo.
O medo faz com que partes do nosso corpo fiquem tensas e a sabedoria divina fique bloqueada e não disponível para nós. Toda dor ou trauma não reconhecido e não curado, eventualmente, se cristaliza em algo físico.
Assim que tomamos consciência do bloqueio e libertamos a tensão, com amor, perdão ou compaixão e entendimento, a energia divina volta a fluir e estaremos no caminho da cura.
Rose Lane Romero da Rosa
Psicóloga, Analista Junguiana e pesquisadora de Teologia Feminina.
E-mail: [email protected]
Site: link
Texto revisado por Cris
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Psicóloga Junguiana, Teóloga e Facilitadora das Oficinas ArteVida de Meditação do Projeto Labirinto E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Autoconhecimento clicando aqui. |