Imunidade de rebanho
Atualizado dia 8/21/2020 4:11:06 PM em Autoconhecimentopor Adriana Garibaldi
Se a imunidade de rebanho é proveitosa e até esperada, em caso de doenças por vírus, o comportamento de rebanho, no que concerne à sociedade, pode dar lugar à violência e separação.
Atitude de manada é a causadora de muitas guerras e retaliações na nossa sociedade, reparemos aquilo que tem acontecido nos estádios de futebol, entre as torcidas organizadas. Uma contaminação em massa, não para se defender de um vírus letal, mas para se defender dos outros, daqueles que não pertencem ao mesmo grupo ou partido.
Uma frase que retrata muito bem esse comportamento seria:
Os culpados são os outros, e a que nos referimos por “Os outros”?
Aqueles que não fazem parte de uma mesma irmandade de classe, ou de cor, ou de vínculo social, gênero, e assim por diante.
Já não se costuma afirmar:
Somos todos inocentes até que se prove o contrário, mas: somos todos culpados, tendo que provar a nossa inocência à frente do preconceito daqueles que se reúnem para se defender de possíveis ataques dos que são deixados do lado de fora.
Estabelece-se, então, uma discriminação, uma separação pelo medo, o medo... dos outros.
Uma amiga me contou um fato que aconteceu com ela. Esta amiga sofre de muitas dores por causa de problemas de coluna, encontrava-se em tratamento numa clínica de ortopedia e fisioterapia. Ao ser atendida por uma terapeuta com a que nunca tinha passado, teve uma crise de nervos pela forma rude e desrespeitosa com que a moça a atendera. Ao sair da sessão, falou para a secretária que desmarcasse as próximas sessões e marcasse com a profissional com a qual fora atendida anteriormente. Fim da história, o resto das terapeutas, em apoio à colega, começaram a olhar para minha amiga com desconfiança e desdém, e ela teve que desistir do tratamento naquela clínica.
Não importou, neste caso, se ela estava ou não com a razão. O que prevalecia era o comportamento de rebanho.
O preconceito e desconfiança em realidade é um vírus muito perigoso, destrói reputações e prejudica pessoas inocentes, em função de atender a um comportamento de manada, por imaginar que os outros, os que estão fora são qual virus que precisam ser combatidos, excluídos, deixados de lado, por serem... os outros.
Quando criança, minha mãe, para nos preservar dos perigos e nos proteger, ensinava-nos que todas as pessoas do lado de fora da nossa casa eram potencialmente perigosas.
Sem dúvida, uma atitude materna de proteção, no entanto, esse extremo exagero em nos infundir temor criou em nós um medo extremo de nos relacionarmos com as pessoas.
O preconceito por todos os que não sentem, ou veem a vida como a vemos, costuma ser muito nocivo.
Muitos percebem nos outros um comportamento de ataque quando, na maioria das vezes, ele não existe.
O medo do preconceito, em função desse padrão de manada, pode criar, na realidade, um preconceito ainda maior que provavelmente antes não existia.
Quando se olha com desconfiança para todos aqueles que não fazem parte de nosso grupo social, político, religioso, racial etc., promove-se nas pessoas aquele comportamento esperado.
É o funcionário que tem preconceito do patrão que por sua vez se defende com afinco para se proteger das possíveis investidas do primeiro.
É o terapeuta que olha com desdém ou agressividade para um paciente por pertencer a uma faixa etária ou condição social diferente, sem ser capaz de ver mais a fundo aquela pessoa com suas dores e limitações, independente da sua nacionalidade ou cor.
O que se consegue com isso? Mais discriminação, mais preconceito como resposta, por aqueles que se sentem do lado de fora.
Precisamos compreender que pertencemos a um único rebanho, o rebanho humano.
Não existindo “Os outros” porque, em realidade, somos todos um, num processo de permanente evolução.
Texto Revisado
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