Indo até as profundezas da carência...
Autor Ana Carolina Reis
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 06/11/2015 01:38:30
Ao olhar para o fundo do buraco sem fim no peito, me deparo com ela: a carência afetiva, tão velha conhecida... Como lidar com esse aspecto tão renegado em nós mesmos, que provoca um misto de vergonha e repulsa, raiva e vitimização?
Não é fácil lidar com nossas feridas emocionais, e ao me expor, me deparo com esse misto de sentimentos, confusos, embaralhados em uma dor no peito que nada nem ninguém parece suprir, como um poço sem fim de dor que chega a ser física também.
De onde provém esse sentimento tão grosseiro, tão aterrador?
Será do meus relacionamentos antigos doentios, sombrios, marcados por violência e agressão? Será da minha infância, das ausências de meu pai, dessa falta tão significativa em minha vida? Ou será ainda de uma vida passada órfã, que sofreu rejeição e abandono em seu mais alto grau? Será um mix de todos esses eventos juntos que provocaram essa cratera em meu coração despedaçado? Como curar essa dor?
Busco em mim mesma uma solução e ela não vem tão fácil como a leitura de artigos no Google de “como superar a carência” ou de métodos de cura (mesmo alternativos) para este fim. Enfim, parece-me que a chave da saída só pode estar aqui, enterrado lá no fundo, onde eu tenho medo de entrar e ver o que tem lá (aqui).
O que posso encontrar? O que me atemoriza? Não há nenhum bicho-papão ou monstro-feio que irá me receber com caretas e traquinagens... Haverá somente um vazio, uma sensação de choro preso que insiste em não sair, em não cair como lágrimas levando a chuva embora, a nuvem fria e cinzenta daqui...
Como diz aquela bela canção de Renato Russo: “mas é claro que o Sol vai voltar amanhã, mais uma vez, eu sei... Escuridão já vi pior...” E o pior é que já vi mesmo!
Vi meu pai sendo levado, aos 49 anos, em plena maturidade... Vi minha irmã se despedindo, no auge de sua imaturidade e assim, sigo eu, recolhendo os destroços interiores do que restou, do que ficou, que o mar não tragou.
Sou uma sobrevivente, sem dúvida! E tenho todo o direito do mundo de sentir qualquer coisa que um reles mortal possa sentir: dor, sofrimento, afinal, sou apenas uma humana e não um ser superior alheio aos demais, aos meus sentimentos.
Por muito tentei encarnar esse papel de “evoluída” para fugir desse terror de encontrar esse buraco, como um vulcão inativo que apenas espera o seu momento de despertar. Agora ele chegou e está aqui jorrando toda sua lava de dor acumulada de anos, e com garra sei que vou conseguir evoluir mais esse estágio.
E, assim, me tornar um ser mais humilde, mais parecido com os meus irmãos, mais sensível à dor alheia, mais humana...
Ser humana é saber reconhecer suas fraquezas sem medo, culpa ou vergonha. É aceitar sua dor e acolhê-la, como li tantas vezes em meus cursos de Reiki.
É olhar para si e afirmar: “eu sou uma vitoriosa!”. Estou aqui, viva e lutando pela minha saúde e felicidade.
É não se render, todo dia, à depressão que está a espreita. É ser uma pessoa livre que segue seus sonhos e não tem medo de começar tudo de novo, do zero, se for preciso. É buscar sua felicidade onde ela estiver, no sul do Brasil, ou do outro lado do mundo...
É pegar seu coração no colo como se fosse uma criança e dizer: “eu vou cuidar de você (de mim), eu estou aqui”... Eu realmente estou aqui e me preencherei de vida, de amor e todo o buraco será preenchido de luz... que é a luz que eu verdadeiramente sou!
“Eu sou essa dor,
Eu sou o amor.
Ter coragem de ser quem eu sou,
Me dar o devido valor.
Não é para poucos, eu sei...
Mas eu resolvi lutar até o fim.”
Om Sai Ram!
Aurora Reis
www.espacopachamama.com
Avaliação: 5 | Votos: 6
Responsável pelo Espaço Aurora Pachamama. Terapeuta Integrativa (CRTH-BR 6400 ABRATH), Mestre em Reiki e Seichim (diversos sistemas), Apometria, Cristaloterapia, Terapia Floral, Constelação Familiar, Magnified Healing® e Light Healing®. Formada em Psicologia, pela UFCSPA. Autora dos livros: "Xô, depressão!" e "A Sabedoria dos Cristais E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Autoconhecimento clicando aqui. |
