Inveja, a ilusão da comparação!
Atualizado dia 12/11/2014 14:03:12 em Autoconhecimentopor Gisela Campiglia
Já a inveja é sempre negativa, de forma preconceituosa e equivocada, alguns gostam de usar o termo inveja branca, no entanto, não existe inveja positiva. A inveja é a raiva vingadora do “impotente” que, ou invés de lutar pelos seus anseios, prefere eliminar a concorrência. Na inveja, além da cobiça, existe uma tristeza acompanhada de revolta, que decorre no desejo de fracasso do outro. Mais do que desejar aquilo que é o outro, na inveja o que realmente incomoda é a felicidade alheia.
A inveja pode se manifestar de forma consciente, ou inconsciente, ela revela o rancor que habita o indivíduo, essa profunda insatisfação tem suas bases na imaturidade, repressão, ou frustração. Através de um processo de transferência, essas emoções são enviadas contra pessoas que possuem algo que elas desejam e não podem alcançar, ou, não tem coragem de conquistar.
A origem da palavra inveja proveniente do latim é invídia, significa “não ver”, o invejoso é cego a respeito de si mesmo, é alguém que precisa trabalhar o autoconhecimento. Somos todos irmãos em humanidade, mas, diferentes e únicos em talentos. Se não existisse comparação, não existiria inveja, ela nasce da diferença humana. Usar a comparação entre o desempenho dos filhos como método educativo para reprimir comportamentos indesejados, é uma prática nada saudável que pode estimular a inveja entre os irmãos. Vinculada à comparação, a inveja é direcionada a alguém próximo, um familiar, um vizinho, um amigo, ou colega de trabalho. A inveja costuma ser parte de muitos transtornos psicológicos e de personalidade, quando observadas capacidades superiores as suas em outrem, algumas pessoas acabam por se considerar prejudicadas pela vida.
Sendo um dos sete pecados capitais no catolicismo, a inveja foi retratada no segundo degrau do purgatório por Dante Alighieri em sua obra a Divina Comédia. Os invejosos aparecem com os olhos costurados com arame, pois, estes haviam tido prazer em ver o fracasso e o sofrimento dos outros. Toda inveja vem pelos olhos, existe coerência na utilização da expressão olhar de seca pimenteira, ou mesmo, fui vítima de olho gordo. Até mesmo os amuletos usados como proteção contra a inveja carregam esse símbolo, o olho grego, e o olho de boi.
O semblante de raiva disfarçada que emoldura o olhar de inveja, costuma vir acompanhado de um falso elogio, seguido por uma crítica dissimulada. Um exemplo bastante comum de inveja entre mulheres é: “ – Fulana é bonita, rica e inteligente, mas, você sentiu o hálito insuportável que ela tem? Coitada!”. Em realidade, a pessoa que inveja não tolera o invejado. É claro que, a invejosa nem cogita levar em consideração todo o trabalho que “fulana” teve, para conquistar sua boa aparência, recursos financeiros e conhecimento. Acredita que tudo tenha sido um golpe de sorte da vida, coisa que não acontece com a “injustiçada” invejosa.
A inveja é a cegueira das próprias habilidades, o invejoso perde tempo desejando o azar daquele que identifica e desfruta de seu potencial, desta forma, viabilizando o sucesso em sua vida como resultado. Afinal, é muito mais fácil olhar o que o outro tem, do que olhar para si mesmo, assumindo e procurando desenvolver as próprias capacidades.
A luz da vida em sua perfeição criou cada ser humano como único, logo, somos incomparáveis. Todos aqueles que reconhecem seus talentos e os praticam com excelência, tem seu espaço para brilhar. A inveja é uma ilusão que nasce da comparação; ao encontrar e desenvolver os próprios talentos naturais, cada um pode ocupar o seu espaço de sucesso na vida.
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