Lidando com a separação
Autor Merit Rabanés
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 8/24/2004 1:29:10 PM
Devíamos ter aprendido desde cedo a lidar com as separações. Elas acontecem sempre, em várias ocasiões, e quase nunca não nos damos conta.
A folha cai da árvore, o fruto maduro também. O pólen se vai com o vento.
A Natureza é cheia de separações e se mantém em sua própria sabedoria.
A arte de compreender a separação deveria ser lição diária nas escolas. As crianças e os jovens estão sendo obrigados a entender e gravar em sua memória muitos conceitos sobre várias matérias e lhes dizem que deve ser assim para que possam entrar numa Faculdade bacana.
Os educadores precisam repensar as coisas que deveriam estar ensinando. Lidar com a separação precisa ser uma delas como tantas outras coisas que a juventude precisará para enfrentar a vida com amor e sabedoria.
Havia uma mãe que criou sua filha com beijos e abraços muita conversa.
Era taxada pela família, de “amalucada”, pois segunda ela “perdia muito tempo falando com uma criança”.
Seu coração de mãe lhe dizia, porém, que ensinar pelo exemplo o valor de uma conversa seria uma grande herança espiritual para aquele lindo ser que Deus havia lhe confiado.
Envolveu a filha nos rudimentos do afeto, contava-lhes estórias infantis estimulando-lhe a criatividade e o senso crítico e analítico.
Sem deixar de comprar o necessário, dava à criança brinquedos e guloseimas, porque acreditava que assim deveria ser a infância de qualquer ser humano: colorida e doce. E aproveitava para demonstrar à filha que os seus sonhos deveriam ser como aquele período da vida, coloridos e doces.
A vivacidade da menina (nascida sob o signo de fogo de Sagitário), a inteligência e o afeto que sentia pela mãe faziam do exercício daquela maternidade, um agradável estágio na vida daquela mulher solitária. Aliás, quem a visse assim tão feliz com a sua menina, jamais poderia imaginar que era ela solitária e que guardava um segredo cruel: havia sido violentada por um “amigo” e nasceu a menina provando que “há males que vêm para o Bem”.
Traumatizada, não pensava e nem podia se relacionar com alguém e então vivia para a filha.
Aquela mulher deu a conhecer à menina a existência de Deus, dos mestres, do amor, da magia, da beleza.
Ensinou-a a amar a liberdade, a se respeitar, respeitar as leis espirituais e os semelhantes. Mostrou que a liberdade e uma das asas para quem quer alçar grandes vôos, que precisaria sempre da outra asa, da responsabilidade.
A menina cresceu e se tornou adolescente.
O tempo passou para a mulher que, atrelas às contingências da vida, adoeceu.
Adolescente uma e doente outra, não conseguiram perpetuar aquela situação singular.
Amadurecida, a filha separou-se da mãe, explicando que não conseguia entender aquela situação e que não se via obrigada a se manter “grudada naquela doença” e foi embora.
Vizinhos e familiares a julgaram ingrata e infame.
Os irmãos daquela mãe a culparam pelo ato que denominaram como vil, o ato da filha.
A mãe doente foi a única que entendeu que sua filha tinha e tem o direito à liberdade, agradecendo-lhe pela franqueza e ficou só.
Muitas separações são tidas como tristes atos frutos da ingratidão.
Quando olhamos com a lente do amor, respeitamos o direito do outro e nos abstemos de julgamentos, que só servirão para pesar em nossa consciência.
Às vezes, a separação é o único remédio (doce ou amargo) para o doente e para aquele que com ele convive.
Beijos fraternos.
Merit Rabanés
(Taróloga há 24 anos, desenvolve um trabalho diferenciado na interpretação da simbologia do Tarô Egípcio. É de Mauá - SP).
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