Menu
Somos Todos UM - Home

MASCULINO E FEMININO: ARQUÉTIPOS NOSSOS DE CADA DIA

Facebook   E-mail   Whatsapp

Autor Alessandra Rocha

Assunto Autoconhecimento
Atualizado em 4/4/2018 6:00:12 PM


  Segundo indícios históricos, no princípio dos tempos, o ser humano tinha uma relação mais integrada com a natureza e a vida. A mulher era a representação viva do poder da criação, por seus aspectos femininos saudáveis de acolhimento, cooperação, ligação com os mistérios sagrados, a natureza e seus ciclos femininos, intuição e paciência. O homem vivia à serviço, garantindo a segurança, o alimento, a proteção e preservação das espécies. Graças aos atributos saudáveis complementares dos arquétipos feminino e masculino, ambos garantiam o funcionamento dinâmico social que beneficiava igualmente os seres, a natureza e o futuro da humanidade. Esse tempo ficou caracterizado como Período Matriarcal.

 Os avanços acerca do conhecimento, assim como o uso de novas tecnologias, expandiram as influências do ser humano sobre a vida na Terra, trazendo consigo perceptível desenvolvimento social, econômico, científico e cultural. Entretanto, a relação do ser humano com suas dimensões existenciais foram mudando de sentido. A forte conexão com o sagrado foi se perdendo e se transformando numa nova consciência mais materialista. A partir dessa visão hierarquizada e liderada pela maioria dos homens da época, o ser humano foi transformando suas relações em disputas competitivas insalubres, em busca do acúmulo de posses, em nome do “progresso”. Esses aspectos caracterizam uma profunda distorção ocorrida nos princípios masculino e feminino, e é conhecido como o Período Patriarcal.

 Quando o poder se tornou o centro das relações humanas, desencadeou-se uma série de processos que resultaram na desconexão com a essência da vida. O sentido sagrado da dimensão feminina foi sendo, paulatinamente, usurpado por uma dimensão masculina distorcida, ameaçando as formas de vida, gerando segregação entre povos, poluição de ecossistemas, desaparecimento de espécies, alterações climáticas, além dos graves conflitos sociais.

 A atual realidade que vivemos mostra-se estruturada, de forma preponderante, no chamado arquétipo masculino. Contudo, este não se refere aos aspectos saudáveis representados nos tempos imemoriais. Mas sim, no resultado distorcido desse arquétipo, que foi deturpado no decorrer das gerações pelos pontos pervertidos do masculino, espelhando o abuso de poder. O que se percebe é que a competição, a desconfiança e a agressividade, são características evidentes que operam o inconsciente pessoal e coletivo, e estão enraizadas no desejo permanente de conquista, advindo das origens patriarcais.

 A hegemonia masculina, contaminada pelo medo e impulsionada pela ganância ao longo dos séculos, desenvolveu nas sociedades forte repressão dos aspectos saudáveis femininos, tolhendo assim, atributos fundamentais à evolução humana de forma integral. A desconexão com os saudáveis valores primordiais, cerceou o contato íntimo com o amor, a compaixão e a intuição, aspectos humanos que nos remetem à essência nuclear em todo ser. Isso propiciou o nascimento de um sistema de relações estreitamente dominador e desequilibrado.

 Todavia, o feminino dos tempos atuais perdeu o contato com suas raízes. Numa tentativa desesperada de retomar sua força e recuperar o valor que lhe foi violado, o feminino hoje é representado por modelos que se constituem de ideais originalmente masculinos, de uma maneira totalmente deturpada. Infectados por altos teores de competição e controle, o feminino está ferido, pois extrapolou seus limites no combate com o masculino, resultando em uma sociedade baseada em relações de disputa pelo poder.

 A confusão de papéis resultante das distorções arquetípicas vivenciadas nos últimos séculos tem causado grandes modificações nas estruturas mentais e funções egóicas de homens e mulheres. Como consequência, é visível quanta destruição temos sido responsáveis e quanto sofrimento temos vivenciado. A humanidade entrou numa profunda crise existencial, levantando questionamentos sobre si mesmos a respeito de sua própria natureza, masculina e feminina, elencando listas de novas síndromes psíquicas relacionadas ao gênero e à sexualidade. As instituições são o verdadeiro reflexo do caos vivenciado internamente em com cada ser humano, expressando os aspectos reprimidos dos arquétipos inconscientes não integrados. Empresas públicas e privadas são dominadas por arquétipos enfermos, pautadas em protocolos sumários insensíveis, visando o atendimento em massa, num bloco de verdadeiro desrespeito e indignidade, tanto na saúde, quanto na educação e na política. A nova ética está embasada na normose e em trabalhos que visam, exclusivamente, a manutenção de privilégios dos pequenos grupos mais favorecidos da sociedade.

 É evidente que as últimas décadas sinalizem uma crescente reação feminina dentro de várias esferas sociais, simbolizando a emergência da quebra de paradigmas tão fundamentados nos valores do patriarcado. Com o machismo enraizado na sociedade, as mulheres têm sido motivadas a buscarem em aspectos arquetípicos masculinos (como a coragem e a objetividade) se emanciparem da tirania masculina. Isso tem mobilizado grupos femininos, instaurando círculos de resgate do sagrado feminino. Os movimentos feministas muito têm contribuído para o desenvolvimento de homens e mulheres, além de impactar em fortes transformações sociais.  O reencontro da mulher com sua sabedoria primitiva e selvagem é o que torna a vida plena e visceral.

 Quanto aos homens, em meio a esse processo de intensas mudanças, tentam reencontrar seu lugar. Se, por um lado, há alguns que insistem em resistir ao processo que já está acontecendo, repetindo os padrões opressivos do passado, negando a emancipação feminina e impondo força bruta para manutenção de um sistema caduco e já defasado, há também aqueles que sentem o surgimento de um novo tempo de equanimidade. São estes homens que têm buscado maior consciência de si e de seu papel dentro de suas famílias e espaços sociais, assumindo, ainda que de forma tímida, os atributos femininos saudáveis, transmitindo compaixão dentro de sua força ativa.

 O resgate do princípio feminino universal, que constitui o arquétipo feminino saudável, é condição sine qua non para a reincorporação de valores individuais e coletivos que reintegrem ao ser humano sua dimensão espiritual. Essa dimensão está entranhada em valores cooperativos e de profunda conexão com a natureza e seus ciclos, exercendo, portanto, uma função nuclear não somente nas estruturas psíquicas humanas, mas também, nas bases sociais, políticas, familiares e ecológicas.

 A tomada de consciência se faz urgente. A inflação do poder tem colocado nossa vida à mercê de uma disputa egóica entre os arquétipos adoecidos dentro de cada um de nós.

 Nesses tempos de transição, é imperativo uma revisão de valores e a busca por novas referências, a partir do autoconhecimento. Investigar nossas origens e os arquétipos masculino e feminino introjetados dentro de nós, passando pelo reconhecimento de valores inatos, desde os primórdios dos tempos, revisando crenças impregnadas de maneira distorcida ao longo das gerações. É fundamental o reconhecimento das dimensões saudáveis e a reconexão com o arquétipo feminino original, a fim de se instigar o advento de uma nova sociedade e consciência mais integrados.

 É visível o desmoronar gradual do poder patriarcal acontecendo juntamente com a ascensão de novas forças e poderes. Contudo, é sabido que é de responsabilidade tanto de homens quanto de mulheres que uma renovação de consciência ocorra, vislumbrando uma nova etapa nos cenários social, político, educacional e na saúde, desfazendo as más tendências atuais.

 O momento pede que as dualidades sejam desconstruídas. Afinal, as duas energias compõem o processo criativo do todo. O verdadeiro poder não se encontra no masculino ou no feminino, nem misturados, nem separados, mas sim, unidos, como numa dança. Essa união revela o mistério da vida. O par primordial de opostos é o que deu origem ao universo e é o que cria a nova era, nos reconectando à espiritualidade como sentido de vida.  


 A maturidade está em amar a diferença que integra os arquétipos, para assim, reencontrarmos a unidade perdida na aliança entre masculino e feminino. Esta é a síntese que reequilibra as potências dentro de cada ser e do todo.  A aceitação da existência das dualidades como condição humana, de luz e sombra, dentro e fora do ser humano é o que nos torna capaz de amar e ser livres. Munido dessa consciência e potencialidade é que o ser humano será capaz de transformar a si mesmo, a sociedade e todo o planeta num lugar mais saudável e evoluído para se viver.


Gostou?    Sim    Não   

starstarstarstarstar Avaliação: 5 | Votos: 19


estamos online   Facebook   E-mail   Whatsapp

foto-autor
Conteúdo desenvolvido pelo Autor Alessandra Rocha   
Psicoterapeuta Integrativa, Terapeuta holística e pesquisadora da alma. Alia práticas integrativas numa abordagem transdisciplinar e busca resgatar a potência do ser como fonte viva para evolução.
E-mail: [email protected] | Mais artigos.

Saiba mais sobre você!
Descubra sobre Autoconhecimento clicando aqui.
Veja também
Deixe seus comentários:



© Copyright - Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução dos textos aqui contidos sem a prévia autorização dos autores.


Siga-nos:
                 

Energias para hoje



publicidade










Receba o SomosTodosUM
em primeira mão!
 
 
Ao se cadastrar, você receberá sempre em primeira mão, o mais variado conteúdo de Autoconhecimento, Astrologia, Numerologia, Horóscopo, e muito mais...


 


Siga-nos:
                 


© Copyright 2000-2025 SomosTodosUM - O SEU SITE DE AUTOCONHECIMENTO. Todos os direitos reservados. Política de Privacidade - Site Parceiro do UOL Universa