Mendigos do amor
Atualizado dia 9/23/2015 2:51:25 PM em Autoconhecimentopor Verônica Dutenkefer
O papel do pai é de dar o sentido à lei. E a lei não diz a alguém “você deve”, mas “você pode”. Ser pai é ser capaz de dizer “Você pode” e de dar ao filho os meios de poder. Não guardá-los para si. Porque tanto o pai quanto a mãe às vezes impedem que o filho “possa”, que o filho seja capaz.” (Jean-Yves Leloup)
Acabei de assistir um lindo vídeo do Padre Fabio de Melo em que ele dizia: “Porque na verdade a gente só sabe que ama depois de ter tido a necessidade de perdoar. (...) A gente sabe que ama as pessoas depois de ter feito um exercício de olhar nos olhos no momento em que ela não merece ser olhada e descobrir ali ainda uma chance que ainda não acabou. Coisa boa na vida é a gente encontrar pessoas que nos tratem assim, com esse nível de verdade. A gente já nos conhece de verdade, já foi capaz de conhecer todas as nossas qualidades, também todos os nossos defeitos, porque eu não sou só qualidades, também tenho defeitos e eu só me sinto amado no dia em que o outro saber todos os meus defeitos e mesmo assim continuar acreditando em mim”.
Trazer a qualidade arquetípica do Pai, aquele que dá estrutura, é, repetida e incansavelmente, demonstrar que ACREDITA no poder pessoal de alguém.
E esse alguém, necessariamente, tem de ser primeiro eu mesmo!
Buscar um território em que eu me sinta seguro para conectar com o mundo de ambivalências que existe dentro do ser humano. O mundo onde o bem e o mal, o amor e o ódio, o bonito e o feio, habitam. Aceitar a dura realidade que dentro de mim habita aquilo que me incomoda, e que eu abomino no outro e fora de mim. E mesmo sabendo dessa difícil verdade, acreditar na minha força e poder. Aceitar minhas e nossas imperfeições e amar!
Quando finalmente alcançar essa consciência, começarei a aprender mais sobre amar.
Não precisarei mais ter poder sobre algo ou alguém, nem necessidade de controlar a vida e ditar as escolhas de outrem, pois terei consciência que conseguir o controle e o poder sobre mim, já é uma dificílima tarefa que requer energia demais!
Deixarei de ter tanta piedade de seres que julgo tão indefesos ou ignorantes, pois conseguirei perceber a força, a sabedoria e o poder que habita em todos, e não mais subestimarei ninguém!
E quem sabe, poderei talvez auxiliar as pessoas, que me permitirem exercer esse arquétipo de Pai, a encontrar suas próprias forças, sabedorias e poderes!
Cuidando de mim e não tendo mais vergonha de minhas ingenuidades, ignorâncias e carências, cada vez mais nua, (ao menos para mim mesma), perceberei mais facilmente as mentiras que eu repito e as ilusões que eu insisto em acreditar. E perdoarei com maior facilidade as “mentiras” alheias.
Continuarei compartilhando algumas descobertas, com o máximo de pessoas que minhas palavras puderem alcançar, pois quem guarda conhecimento, produz trevas. O “silêncio dos bons” também se faz retendo para si as palavras que informam, contribuindo assim com a alienação, que gera e perpetua as doenças.
Deixarei de ser mendiga do amor, que ilusoriamente quer agradar, ou controlar.
Contemplarei os diferentes templos sagrados que cruzarem meu caminho, respeitando sua história (como toda história repleta de luz e sombra, prazer e dor) e tentarei tocá-lo com maior respeito e gentileza, pois aprendi a fazer isso comigo mesma. E esse toque, nem sempre será pele a pele. Poderá ser olho a olho, sorriso a sorriso, silêncio a silêncio.
Silencioso que é o profundo amor!
VERÔNICA DUTENKEFER
23/09/2015
Texto Revisado
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