Mentirinhas que ferem!

   

Autor Paulo Salvio Antolini

"Mentirinhas" que ferem!

            "Pode me esperar pronta que já estou chegando". "Querido, nos encontramos em quinze minutos". "Filhos, hoje podem ter certeza que os levarei ao futebol". Três afirmações entre tantas existentes e que sabemos, não serão cumpridas na maioria das vezes.

            Já se perguntaram por que da necessidade dessas "mentirinhas"? Poderia ser dito: "Querida, passo apanha-la daqui duas horas". "Querido, vou atrasar de nosso horário combinado". "Filhos, vou ver se chego a tempo de irmos ao futebol".

            Identificamos pequenas colocações não verdadeiras em muitas ocasiões, das mais formais até as mais corriqueiras e comuns. Colocações que não possuem consistência nenhuma e que rapidamente serão desmascaradas. Porém, mesmo assim, com tantos exemplos de casos onde essas situações puseram relacionamentos abaixo, onde pessoas que se amam se sentiram traídas por terem sido enganadas em coisas tão tolas e pequenas, além das situações constrangedoras que se criaram no "descortinar" da verdade, continuamos a usar desse "expediente", em vez de sermos assertivos e diretos.

            Começa com os pais que ao serem insistentemente chamados pelos filhos pequenos para irem brincar, respondem "já vamos" e nunca vão. Além de terem as crianças cobrando o tempo todo, ainda geram nelas uma ansiedade desnecessária, se tivessem dito: "agora não posso, portanto, não vou brincar com vocês". Elas iriam reclamar, até choramingar e depois iriam buscar outros interesses, pois saberiam que não adiantaria insistir. Alias, quando pequeninos é muito importante que o não seja não e o sim seja sim, ao contrário do que se pratica onde tanto o não como o sim pode representar o talvez, então as crianças tentam, pois sabem que em um momento qualquer dará certo.

            Com o passar do tempo essa prática vai se consolidando no comportamento das pessoas. Pequenas mentiras como desculpas para ações que achamos serão criticadas, então quando percebidas, muitas vezes, na tentativa de se evitar o constrangimento de se ver descoberto(a), novas desculpas, melhor dizendo, novas mentiras e uma sucessão delas, fazendo com que as mentiras se transformem em uma "bola de neve", crescendo cada vez mais.

            Crises, magoas, ressentimentos marcando de tal forma que as pessoas costumam dizer que é até mais difícil de perdoar do que as grandes mentiras. "Se mentiu por tão pouco, imagine o que não fará quando achar que realmente tem motivos"?

            Adolescentes se complicam com os pais até o pescoço, pois tudo começou só escondendo com quem iriam sair, problemas no percurso e pronto, estão envolvidos em situações que sentem dificuldades em se livrarem, comprometendo-se ainda mais com o que não deveriam se envolver.

            No trabalho, pequenas tentativas de se esquivarem de algo que não foi feito ou não deu certo, levando à graves conseqüências, muitas vezes penalizando pessoas que não estavam nem envolvidas com as situações. Prejuízos financeiros, demissões, perda do que é muito importante em um relacionamento em qualquer âmbito: a confiabilidade. A credibilidade.

             O quanto isso marca! Lembram-se daquela ligação que fizeram e quem atendeu disse que a pessoa procurada não estava, mas vocês sabiam que estava e não esperavam isso dela? Primeiro a indignação e depois a decepção. E o tempo que leva para que se desprendam desse fato?

            A pergunta "Por que ela fez isso". O sentimento de que isso não era necessário, bastava dizer exatamente o que estava pensando ou querendo. E é verdade. É preferível que nossa reação inicial seja de contrariedade frente a uma afirmação do outro concreta, sincera, do que quererem nos poupar e depois percebermos a verdade, que fomos enganados, iludidos.

A vontade de não desagradar ao outro leva à pequena mentira, sem pensar que de fato estão gerando grandes feridas naqueles que lhes são importantes. Pergunto: Tudo que disse é sabido pela maioria das pessoas, então por que  não se muda os comportamentos? Amadurecer é um caminho onde mal-estares também estão presentes. Lembrem-se: As "mentirinhas" ferem mais do que se imagina!

Avaliação: 5 | Votos: 9

     

Conteúdo desenvolvido pelo Autor Paulo Salvio Antolini    Visite o Site do autor e leia mais artigos..    Saiba mais sobre você! Descubra sobre Autoconhecimento clicando aqui.