Meus primeiros passos na mediunidade
Atualizado dia 2/21/2008 5:57:18 PM em Autoconhecimentopor Wilson Francisco
Eu ouvia sempre o pessoal dizer: Wilson, você tem que trabalhar. Aliás, essa ladainha é voz corrente nos Centros Espíritas. Quem já não ouviu isso de dirigentes, médiuns etc.
Pois é, mas o que é que eu tenho de fazer para trabalhar?
Eu lia tudo de Espiritismo, falava, escrevia para jornais, mas na hora da sessão, cadê a sintonia? Eu ficava ali, compenetrado, com os melhores pensamentos, observando tudo e todos, e nada...
Helena, do lado dizia, nas sessões: Olha, Wilson, o Espírito está aí do seu lado, sintonizando você.
Eu nada sentia. Então, com a liberdade e o carinho que ela me dava, resolvi abrir o jogo. Vamos combinar o seguinte: Quando o Espírito estiver aqui do meu lado, passando uma mensagem, para eu escrever ou falar, você, Helena, que ouve e vê, me diz o assunto, sobre o que ele está transmitindo, pode facilitar.
Ela fez isso. E para meu espanto e alegria, o que ela dizia batia perfeitamente com as idéias que brotavam na minha mente, enquanto ficava ali concentrado.
Confesso, foi um acontecimento em minha vida essa descoberta. Fiquei confiante e segui o processo. Ela me orientou: então, se você percebe que tem a ver o que estou falando com o que você está sentindo, só falta você falar ou escrever...
Tudo resolvido para mim? Não. Surge um outro problema. Se eu simplesmente falar, pode ser animismo. Não sei a quantas anda hoje, mas naquela época, misturavam muito animismo com mistificação. E daí veio essa tremenda dúvida na minha mente. Fizemos umas pesquisas, questionamos alguns Espíritos Superiores que se comunicavam lá e concluímos que nesse processo não entrava a mistificação. Ficou claro que no início da mediunidade há mesmo uma certa mistura, do que é do médium e do que é do Espírito. Com o tempo, um e outro ocupam seu devido lugar. A criatura vai se sentindo segura, ficando mais relaxada e com mais entendimento sobre o processo e acaba dando um espaço maior para o Espírito comunicante, que tem sua espinhosa missão facilitada.
É bom você saber que da mesma maneira que a gente do lado de cá tem essas dúvidas, o Espírito também, porque via de regra o Espírito que atua sobre o médium num processo de desenvolvimento mediúnico nem sempre é um Espírito de grande desenvoltura. É quase sempre um Espírito bom, claro, mas de condição mediana, pois o próprio médium poderia ter dificuldades ainda maiores se o Espírito apresentasse uma situação energética muito refinada, bastante diferenciada da sua. Então, os Mentores facilitam a vida dos iniciantes, colocando Amigos e Espíritos ainda um pouco “terrenos” mentalmente. Explico isso: quanto mais o Espírito se desprende da vida terrena, mais e mais ele “pensará” espiritualmente. Enquanto isso, um Espírito que ainda se “sinta” meio que “terreno” emite energias quase que idênticas à nossa, que vivemos no corpo físico.
Pois bem, foi assim que eu fiz minha iniciação. Resolvi falar e escrever, assumindo todos os riscos. Lógico, com o apoio da Helena e das pessoas que integravam o grupo e que tiveram muita paciência comigo, graças a Deus. Hoje, me recordo desses tempos com uma imensa gratidão a todos, Espíritos e amigos que compartilharam esse tempo de aprendizado.
A propósito de assumir riscos, devo mencionar aqui uma experiência interessante, que foi um dos primeiros toques que a Espiritualidade me deu para que me transformasse de teórico em praticante de Espiritismo.
O meu primeiro artigo foi escrito em 1972, intitulado “Ante a Vida”, publicado no “Correio Fraterno”, que agora completa 40 anos de existência. Tenho pelo “Correio” e todos os integrantes, em particular o Raimundo Espelho, uma gratidão imensa. Pois bem, esse artigo eu escrevi vendo televisão na sala da minha casa. Veio tudo assim como que pronto. As idéias iam surgindo e eu ia escrevendo, enquanto arriscava um olho no programa da televisão. No outro dia, passei a limpo, datilografei e mandei para o jornal, solicitando, se possível a publicação. Foi publicado. Outros mais foram surgindo, alguns eu elaborava utilizando textos de livros. Vinha a idéia, eu “sabia” que o assunto estava em tal livro, ia na estante pegava o livro e abria, na página certa, com o texto lá prontinho, como que me chamando para eu copiá-lo. Em poucos minutos, tudo pronto.
Aí, eu fiquei meio que desconfiado. Ora, se escrevo vendo televisão, se abro o livro e o texto está ali, à minha espera... Então, não sou eu o autor. Alguém escreve através da minha mão e mente. Fui de novo pedir socorro, para a Helena. E através da sua mediunidade, um Espírito, que se dizia muito meu amigo, afirmou: Escreva, Wilson, e coloque seu nome sim, assuma a responsabilidade do que você escrever, pratique tudo que estiver no artigo, esse é o seu caminho. Como se diz, popularmente, enfiei a viola no saco e saí pelo mundo escrevendo, falando e praticando Espiritismo.
Por isso, gosto de ler e ouvir todos os internautas que me escrevem, trazendo suas dúvidas. Passei por isso e encontrei pessoas que me apoiaram, ouviram e me permitiram realizar essa tarefa.
E para ficar bem claro essa questão de escrever e praticar, quero dizer o seguinte:
Lembra o tal artigo “Ante a Vida”, aquele que eu fiz vendo televisão? Pois, é, dois anos depois, eu estava fazendo uma revisão em tudo que escrevera e encontrei o artigo. Li com calma de novo e levei um susto. Na época que escrevi, eu estava passando por sérias dificuldades na vida e o artigo era uma resposta direta e clara sobre minhas dúvidas.
Se naquele tempo eu tivesse seguido o que escrevera teria me poupado de muitos obstáculos.
Na verdade, alguém do Mundo Espiritual, naquela noite diante da TV, falara comigo palavras de conforto e orientação. E, pasmem, eu só “ouvi” a mensagem e entendi a orientação dois anos depois. É assim, às vezes em nossa vida, o Universo nos revela caminhos, as pessoas nos dão o direito de tomar decisões, as oportunidades dançam em nossa frente e nós seguimos alheios e alienados... Só mais tarde e às vezes muito mais tarde, é que conseguimos a conexão, atraindo para nosso coração e pensamento êxitos e entendimentos.
Texto revisado por: Cris
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