Mulher por quilo
Autor Andrea Pavlo
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 2/19/2025 11:45:33 AM
Restaurante por quilo. Meio-dia. Hordas de mulheres na faixa dos 30 anos com terninhos razoavelmente cortados e cabelos oleosos. As olheiras compõem o look, assim como a bolsinha "só com o dinheiro" para a hora do almoço.
"É o aniversário da Vânia, da contabilidade. A gente pede um pedaço de bolo e canta parabéns, tenta uma convencer a outra do "carpem diem".
Depois dos parabéns aquele "é pica, é pica, é pica" solto entre dentes, para os outros não ouvirem. É feio, muito feio, mulheres falando de pica em público.
O assunto é o relatório, a primeira consulta de uma delas ao psicólogo e uma promoção na rua de trás. Algumas falam do filho do meio, outra conta a fofoca "a Maria do financeiro, do sétimo andar, está tendo um caso com o chefe". Elas não são infelizes. Felizes tampouco. Mesmo casadas com o primeiro amor da adolescência, ainda sonham com o amor. Algo que as tire de um estado permanente de torpor silencioso.
Não são feias. Nem bonitas. Copiam os cabelos umas das outras. Repetem a calça com rasgos que viram na Carol da recepção. Invejam qualquer coisa que saia do comum do dresscode da firma. Do serviço. Da empresa.
Trabalham muito. Realizam pouco. Como pequenas e belas formigas adestradas. Sentem que não têm muito mais do futuro. Talvez uma viagem dos sonhos, mais um filho. Sabem que o olho da rua é o seu futuro. Quantas destas ficarão mais de 10 anos na empresa? Duas ou três. Algumas sairão para cuidar dos filhos pequenos, lembrando para sempre de "quando eu trabalhava no banco". Outras serão mandadas embora. Algumas, ousadas e cansadas, abrirão uma floricultura ou um café que vai tentar ser charmoso, apesar do orçamento baixo. Vão continuar fazendo as unhas todas as semanas, mas vão cortando o cabelo, cada dia mais curto, conforme chegam os anos. Uma cabeça menor. Pensamentos menores. Sonhos que vão se esvaindo.
Eu já fiz parte dessa horda. Cinza e sem sonhos, comendo sal demais no restaurante por quilo, tentando se convencer de que a melhor coisa que elas fizeram foram todas as suas escolhas. Mas, o problema não é o que está acontecendo, é que essas escolhas não foram suas. Elas – assim como eu – só seguiram um protocolo, uma lista de afazeres.
O problema não é a calça da menina da recepção, mas o fato de ninguém ter parado para pensar. Pensar em quem se é. A pergunta “Quem sou eu” foi respondia, tantas vezes, com o nome, idade e profissão. Não, vocês não são só isso, não era o que queria. A Carla queria rodar o mundo. A Maria queria trabalhar com a arte e com crianças. A Rosa, ah a Rosa, queria ser modelo. Da Vogue. Mas alguém, em algum momento riu dos sonhos delas e falou para pararem. Para e vai passar um pano no seu quarto. Pare de sonhar e termine de estudar. E assim, uma por uma, essas lindas e maravilhosas mulheres foram feitas de escravas e soldadas anônimas. Dia após dia. Meta após meta que elas não criaram.
Se você quer algo diferente da sua vida, faça escolhas diferentes. Pense pela sua própria cabeça. Reacenda a velha chama, traga seus sonhos de volta. Entenda quem você é e que realmente quer da sua vida. Saia da fila do restaurante por quilo, comprando pequenas porcarias para alegrar um dia ruim, batendo meta na empresa e ganhando um chaveiro. Sendo mandadas embora assim que engravidam do segundo filho, ou do primeiro mesmo... Apenas despertem, lindas mulheres, venham para o lado de cá. Cheio de luz, de sonhos e cheios de você.
Texto Revisado
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Conteúdo desenvolvido pelo Autor Andrea Pavlo Psicoterapeuta, taróloga e numeróloga, comecei minhas explorações sobre espiritualidade e autoconhecimento aos 11 anos. Estudei psicologia, publicidade, artes, coaching e várias outras áreas que passam pelo desenvolvimento humano, usando várias técnicas para ajudar as mulheres a se amarem e alcançarem uma vida de deusa. E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Autoconhecimento clicando aqui. |
