NA CESTINHA DE FRUTAS
Autor Hellen Katiuscia de Sá
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 5/12/2005 1:03:50 AM
Num dia, numa cozinha, as frutas que estavam numa cestinha começaram a conversar, dizendo, cada uma, as qualidades que as identificavam. “Eu sou docinha como o açúcar.”, dizia a melancia. “Ah! Mas você é gorda demais e não cabe no cesto.”, retrucava o limão. “Eu sou suave como o sorriso de uma criança”, dizia o abacate. “Hunf! Mas você é muito oleoso...”, rebatia novamente o limão. “Já eu, sou bem branquinha”, dizia a bananinha nanica. E lá vinha outra vez o limão: “Ora, ora... mas você dá trabalho para tirar a casca.” “Deixa ver, eu tenho muita vitamina C”, contava a laranja. “Ha ha ha... mas é necessária uma faca para se alcançar o sumo.”, o limão investiu. “Meu sabor é muito delicado” dizia o mamão. “Não diga! Mas você tem muitos caroços.” desgostava-se o limão, de novo.
Mas, as frutinhas estavam muito felizes por terem uma característica especial que as diferenciavam umas das outras e nem ligavam para o que o limão resmungava... “Ei, gente, ouvi dizer que amanhã vão fazer uma salada de frutas conosco!”, falava animadamente uma das uvinhas. Todas ficaram muito eufóricas, menos, é claro, o limão. “Ora, uma salada! Veja só que ridículo!”, dizia.
No dia seguinte, entra a senhora na cozinha e seleciona as frutas para a composição da salada. E o limão, como sempre, ficou de fora! Solitário, passou a noite na cestinha de frutas e desabou a chorar. A cabeça-de-alho ouviu os soluços do jovem limão e perguntou o que tinha acontecido. “Ninguém gosta de mim! Sempre fico de fora das conversas das frutas e a senhora da cozinha nunca me escolhe para compor a salada de frutas. Buáááá...”, reclamava.
“Olha, amigo, não é querer falar mal, mas das vezes em que vocês conversavam eu reparei que todos falavam coisas positivas de si e dos outros; as frutas sempre se mostravam muito amigas e, se tinha algo errado, elas conversavam reservadamente, sem agredir umas as outras. E você, continuamente apontava os defeitos delas aos sete ventos.”, observou dona cabeça-de-alho. “Como é que você quer que eles gostem de você, se está sempre reclamando de tudo?”, continuou dona cabeça-de-alho. Foi aí que o limãozinho percebeu que seu azedume e ranço afastava todos de perto dele.
“Olha meu filho, eu sou uma senhora e já vi muita coisa nesta cozinha. Digo a você: quando começar a ver o lado bom do mundo vai aprender que sempre há uma qualidade em todo canto e isso é que dá beleza à vida!”, disse, caridosamente, dona Cabeça-de-alho.
Depois disso, o limão enxugou as lágrimas, pensou um pouco e foi dormir. Na manhã seguinte, o milagre aconteceu! O limão, azedo e rançoso, tinha se transformado numa bela e suculenta laranja! E, finalmente, foi escolhido para compor a salada de frutas diversificada, de vários sabores e colorida.
Hellen Katiuscia de Sá
21 de março de 2005
Texto revisado por Cris
Avaliação: 5 | Votos: 7
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