NAVEGAR É PRECISO... SEMPRE! Parte 1
Atualizado dia 02/02/2007 13:58:05 em Autoconhecimentopor Fátima Rodrigues Graziottin
Já no seu primeiro ano de vida conheceu o mar. Seus pais veraneavam numa pequena praia de pescadores, no sul de Santa Catarina. Todos os anos sua família descia os “Aparados da Serra” para veranear na praia catarinense. Era uma longa, penosa e perigosa viagem, pois na maior parte do trajeto a estrada era de chão batido e muito estreita, sendo que em alguns lugares só havia passagem para um carro...
Contudo, o prazer de estar junto do mar compensava todo o cansaço e o perigo. Assim, ela cresceu entre a cidade serrana e o litoral catarinense.
Num dia 2 de fevereiro casou-se na Igreja Matriz da pequenina “cidade-entre-morros”. A partir desse dia, moraria na capital gaúcha. Contudo, antes, sairia em lua-de-mel rumo a cidades praianas no litoral catarinense.
Estava feliz, realizada!
No final da festa de casamento, ao despedir-se dos convidados, uma prima de seu marido deu-lhe uma flor branca que fazia parte da decoração da festa, dizendo-lhe: “Leve... e jogue-a do alto da ponte, no rio! Ofereça-a para Iemanjá! Hoje é o dia dela!”
Ela não entendeu o por quê da instrução da prima. Não sabia quem era "Iemanjá"... porém, achou a sugestão "romântica".
Próximo à sua cidadezinha, nos limites do município, há um grande rio que, na sua infância era atravessado de balsa. Porém, à época de seu casamento já existia uma bela e grande ponte, sonhada e acalentada durante muitos anos pelos moradores do município. Naquela noite de 2 de fevereiro, mesmo não sabendo quem era "Iemanjá", ela embevecida e inundada de amor e agradecimento jogou a flor branca de cima da ponte nas águas fortes do rio!
Passaram-se os anos... Ela já tinha, agora, dois filhos pequenos: uma menina e um menino.
Num dia bem ensolarado, de uma luminosidade de um dourado intenso, aconteceu algo surpreendente... Ela caminhava só pela estrada íngreme de chão batido que levava ao rio, admirando a beleza da paisagem: as árvores frutíferas, as nativas, as flores, as casas de madeira típicas da zona rural, os pássaros, o céu de um azul claro e limpo.
Sentia-se em comunhão com a natureza e fazendo parte daquela “obra” maravilhosa! Estava tranqüila, serena, mesmo estando só, pois já fizera aquele trajeto de carro centenas de vezes.
O sol parecia estar mais forte ainda... Era o sol do meio dia. O calor começava a ficar insuportável e a sede se fazia presente. Numa das curvas do caminho, já bem perto do rio, viu uma fonte.
"Que maravilha"! - pensou. Poderia matar sua sede! Calmamente, aproximou-se da fonte. A água era clara, transparente e ela podia ver as pedrinhas no fundo da serena fonte. Agachou-se, juntou suas mãos em concha e afundou-as cuidadosa e delicadamente na água tépida e começou a sorvê-la. Num gesto natural, fechou os olhos para se deliciar com aquela água pura que estava aplacando sua sede... Matada a sede, ainda agachada, abriu os olhos para começar a levantar-se e seguir seu caminho.
Nesse momento percebeu um redemoinho nas águas da fonte. O redemoinho aumentou... aumentou.. e então ela viu, bem no centro do redemoinho, uma imagem de Nossa Senhora.
Espantada com a visão, ficou tentando entender o que estava acontecendo, enquanto perguntava a si mesma:
“Quem é Ela? Que Nossa Senhora é ESSA?” Até então era contra a devoção à Nossa Senhora, a Jesus Cristo e aos santos. Era uma opinião bem sua! Ela achava que devíamos devoção a Deus e... ponto! Não entendia a “função” dos outros “membros”. Ela sabia, vivencialmente, que poderia conectar-se diretamente com Deus e isso lhe bastava. Tinha fé, sim, muita fé em... Deus!
Ainda continuava a perguntar-se “qual” das “Marias” era aquela quando mais uma vez as águas da fonte fizeram um redemoinho forte, mas lento, como se o tempo estivesse parando, “saindo do próprio tempo”... Nesse ritmo a água da fonte foi circundando a imagem de Nossa Senhora.
“Nossa Senhora das Águas!” - pensou.
“Nossa Senhora dos Navegantes!” - gritou com uma alegria de assombro.
Uma emoção indescritível tomou conta de seu ser, sentindo arrepios que começavam nas pontas dos fios do cabelo e que desciam pelos braços, coluna vertebral e pernas, para voltarem em novas ondas de emoção! Instantaneamente, da imagem que era de gesso, um braço de carne e osso estendeu-se à frente dela! Ela, num ato reflexivo, estendeu também seu braço trêmulo de emoção.
Sentiu uma mão quente na sua, emanando uma energia de amor intenso! O coração dela foi inundado de amor e agradecimento.
Acordou. Sim, era um sonho... porém, extremamente realístico e vívido! Ainda sentia o amor impessoal, universal, transcendental inundando o seu corpo e todo seu ser!
A partir de então passou a contar com a proteção, a orientação, o auxílio, a inspiração e o amor universal de Nossa Senhora dos Navegantes em todas as suas viagens por terra, céu e mar e também nas suas viagens internas, na passagem dos diversos ciclos, nos desafios e nas conquistas!
Mais tarde soube também que no sincretismo religioso, Nossa Senhora dos Navegantes é Iemanjá! "Iemanjá!" ...casamento em 2 de fevereiro... a flor branca jogada no rio... o sonho vívido anos depois... tudo passava a fazer cada vez mais sentido!
Teve esse sonho em dezembro de 1984 e prometeu que no dia 2 de fevereiro de 1985, quando completaria 11 anos de casada, iria pela primeira vez participar da maior festa popular da capital gaúcha, a Festa dos Navegantes!
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Texto revisado por Cris
Avaliação: 5 | Votos: 7
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