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No descobrimento do Brasil...

Atualizado dia 4/22/2006 5:44:30 AM em Autoconhecimento
por Claudette Grazziotin


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Transcrição

No descobrimento do Brasil havia um cientista ao lado de Cabral... Este cientista era o sábio Mestre João que integrava a frota. Ele localizou o Brasil com exatidão, pela primeira vez, de seu observatório astronômico improvisado.

Este personagem, além de astrônomo, astrólogo e cosmógrafo, era médico da frota. Mestre João, Joam Faras, natural da Galícia, Espanha, mudou-se para Lisboa por volta de 1485. Era bacharel em Artes e Medicina, fisios (como os fisiologistas de hoje) e cirurgião particular de D. Manoel. As atividades de cosmógrafo, astrônomo e astrólogo estavam, até certo ponto, ligadas à prática da medicina. Antes da tratar alguém, ainda mais um rei, fazia-se o mapa astral de seu paciente. O próprio D. Manoel, estivesse doente ou não, mandava ver diariamente como andavam os astros.

No perigoso ambiente das caravelas do século XVI, a presença de um médico era imprescindível. Por que?
1) As condições sanitárias das caravelas eram péssimas.
2) A alimentação era baseada quase exclusivamente numa monodieta de biscoito duro e salgado, quase sempre podre, perfurado por baratas e com bolor malcheiroso. A comida e a água eram guardadas no porão, sem cuidados mínimos de higiene.
3) A maioria dos marinheiros passava tão mal que não tinha forças para subir ao convés e fazer suas necessidades nos baldes reservados para isto. Faziam-nas no porão, muitas vezes já recoberto pelo fruto de seu próprio enjôo.
4) O banho era considerado um malefício à saúde (achavam que 2 ou 3 por ano eram suficientes).
Este conjunto de circunstâncias era favorável à proliferação de doenças. As doenças de pele eram as mais comuns e até Mestre João, que era médico, contraiu "uma coçadura" na perna, a partir da qual surgiu uma ferida maior que a palma da mão.

O arsenal usado por Mestre João para medir a distância das estrelas:

1) Roda Mágica - o astrolábio era uma roda dividida em graus que tinha, presa em seu centro, uma seta móvel. Quando alinhada com os raios do sol, o que era indicado pela sombra, a parte superior da seta mostrava, na roda, a altura do sol acima do horizonte, o que permitia estabelecer a latitude.

2) Kamal - ou tábua da índia, era um pedaço de nós preso em seu centro. Segurava-se o fio com os dentes e afastava-se a tábua até que o astro ficasse encostado na parte de cima e o horizonte na de baixo. Os nós do fio esticado diziam qual era a altura angular da estrela.

3) Angulo certo - para saber quantos graus um astro estava acima do horizonte, usava-se também a balestrilha, conjunto de duas varas graduadas, perpendiculares entre si. Olhava-se por uma das pontas da maior e movia-se a menor. Quando a extremidade de cima da vara encontrasse o astro e a de baixo encontrasse o horizonte, formava-se o ângulo com o qual se podia calcular a altura da estrela.

A certidão de nascimento do Brasil foi redigida por Pero Vaz de Caminha e ficou perdida até fevereiro de 1773, quando foi redescoberta pelo guarda-mar da Torre de Tombo, José Seabra da Silva. As cartas de Mestre João ficaram na obscuridade mais tempo, tendo sido encontradas em 1843, também nos recônditos da Torre do Tombo.

A esquadra comandada por Pedro Alvares Cabral era constituída por 8 naus, uma naveta de mantimentos e 3 caravelas. Estava ancorada a dois quilômetros da costa. Fazia 5 dias que Cabral e sua tripulação tinham avistado os contornos arredondados de um "Grande Monte", no entardecer de 22 de abril, 4ª feira. O Monte foi batizado de Monte Pascoal, pois era a semana da Páscoa.

No Brasil recém descoberto foram feitos novos estoques de água e lenha e todos estavam fascinados com o esplendor da natureza e a docilidade dos nativos. Mestre João fora incumbido de uma das mais importantes tarefas: descobrir, por meio da observação das estrelas, que terra era aquela e em que latitude se localizava. Ele demorou para pôr os pés em terra por razão de doença (a ferida inflamada na perna); precisou permanecer por mais tempo a bordo "de um navio muito pequeno e muito carregado" do qual não havia "lugar para coisa alguma", segundo escreveu depois ao rei de Portugal, D. Manoel.

Quando Mestre João meteu-se em um pequeno barco e dirigiu-se à praia, com seu grande astrolábio de madeira, mediu a altura do sol e calculou a latitude em que se localizava a nova terra. Obteve a medida de aproximadamente 17 graus. Ao observar as estrelas que luziam sobre a baía, Mestre João vislumbrou uma constelação de extraordinária beleza. Embora ela já fosse conhecida desde a antigüidade e servisse para orientar navegantes a cruzarem a linha do Equador, o conjunto de astros ainda não tinha nome. Mestre João, ao ver o desenho no céu, comparou a uma cruz e batizou-a então de "Cruzeiro do Sul", a constelação que brilha hoje no centro de nossa bandeira.

Se Pero Vaz de Caminha foi o primeiro cronista dos nativos e das belezas da terra recém descoberta, Mestre João foi também, alem de médico, o cartógrafo do céu e o primeiro a descrever, por meio de instrumentos, onde estava o Brasil.

Fonte de consulta: link uati/corpo/brasil_500.htm
Ilustração: Descobrimento do Brasil-1500/Primeiro desembarque de Pedro Álvares Cabral, Óscar Pereira da Silva, Brinde do Jornal do Brasil

Texto revisado por Cris

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