NÓS SÓ PERDEMOS PORQUE ACHAMOS QUE POSSUIMOS
Autor Maria Lúcia Pellizzaro Gregori
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 05/04/2008 16:15:29
Essa pode ser uma abordagem racional que pretende amenizar a dor sob determinada perspectiva humana ou uma intenção positiva de trazer para nossos comportamentos cotidianos uma forma de viver mais serena e verdadeira, afastando cada vez mais nossas idealizações para que possamos manter nossa energia vital em plena atividade.
Estamos numa busca profunda do significado da nossa existência e quanto mais mergulhamos nessas águas que movimentam nossas reflexões, nossos sentimentos, mais respostas encontramos para nossos medos, nossas inseguranças, nossa fuga de realidades que ainda não podemos suportar.
A distância que existe entre nossa capacidade de entender as leis da vida e nossa capacidade de vivenciá-las em conformidade com esse entendimento ainda é muito grande.
Sabemos que é inevitável o desaparecimento do corpo físico, algum dia, em determinada circunstância, mas mesmo assim nosso coração não se acomoda quando essa realidade se impõe.
Trabalhamos o desapego insistentemente nas pequenas coisas mas estamos sempre nos surpreendendo com nossa incapacidade de entrega, até quando temos certeza que a força humana não pode mais atuar naquela situação.
Não devemos manter pensamentos mórbidos como: “estou a cada segundo mais perto da morte”, isso seria viver morrendo sem usufruir do dom da vida, mas não podemos também, viver na eterna fantasia de que esse momento não vai chegar.
Precisamos apenas VIVER.
E viver significa muito.
Viver significa participar de tudo que nos é oferecido, seja no estado de alegria, seja no estado de tristeza, não perdendo a direção que precisamos seguir, mantendo-nos sempre conscientes de que estamos plantando sementes e colhendo frutos numa espiral evolutiva que nos aproxima cada vez mais do estado natural do Ser.
Sabemos que a trajetória do corpo físico será sempre curta se comparada com a trajetória do espírito.
A mente avançada, vamos falar assim, sabe que não pode haver desperdício dos talentos conquistados e com os quais nascemos aqui, pois eles são o resultado de trabalhos purificadores intensos realizados anteriormente e precisam ser utilizados como suporte para nossas falhas e atrasos ainda não transformados.
Quando adquirimos um patrimônio, muitas vezes com grande esforço, logo pensamos em dar segurança aos nossos filhos, que por sua vez também querem deixar para seus filhos que pensarão em deixar para seus filhos... e essa cadeia é muito longa, e nos mostra que, na verdade, nada é nosso nem de ninguém. Todos nós passamos.
Esse pensamento não deve nos afastar da realidade do trabalho e das aquisições mas sim, nos despertar para um equilíbrio diante das “posses” para que nossa sensação de perda seja repensada a partir da auto responsabilidade mas também do desapego.
Se prestarmos atenção vamos perceber a freqüência com que usamos palavras de posse como: “meu”, “minha”... meu carro... meu banco... minha casa... meu filho... minha mulher... meu namorado... meu dinheiro...
... e quando acontece a separação entre pessoas que se amam porque uma delas se liberta do corpo primeiro e passa a viver em espírito novamente e a outra ainda tem mais um tempo de missão na Terra, a dor dessa “perda” pode ser insuportável se não houver uma compreensão espiritual mais evoluída, que pode não resolver a dor mas com certeza, pode amenizá-la.
Embora estejamos ainda muito divididos entre absorver intelectualmente um conhecimento e vivenciá-lo na prática, todos nós temos recursos internos que nos possibilitam superar as dificuldades. Nada vem além da nossa força mas para que ela atue, devemos reconhecê-la e entender que é preciso ceder para não cair, quando for necessário.
Não represe a correnteza de sentimentos dentro de você, deixe-a fluir na sua expressão natural mas não se entregue ao “nada” na sua dor pois você é feito também de uma parte divina que pode colocá-lo na luta saudável, como exatamente deve ser a sua luta.
Seja sincero e honesto com você e seus sentimentos mas não deixe suas dificuldades verticalmente colocadas diante de você formando uma barreira difícil de ser ultrapassada.
Coloque-as no chão da realidade e faça delas uma ponte que o levará do outro lado da mesma situação, de onde você poderá enxergar a saída que estava escondida enquanto você estava obstinado, no mesmo lugar.
Nós NÃO TEMOS nada... mas PODEMOS SER tudo.
Nós NÃO CARREGAMOS nada mas PODEMOS USUFRUIR de tudo.
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