Nunca Desista dos Seus Sonhos
Atualizado dia 9/26/2021 10:13:46 PM em Autoconhecimentopor Lisandro
Eu sei. O título parece uma frase clichê de um livro de autoajuda. Até parece que uma pessoa entusiasmada por seus sonhos vai um dia pensar desistir. Eu acreditava nisso, até que um dia, eu desisti.
No que se refere as situações que você controla, tudo o que está acontecendo neste exato momento em sua vida é consequência das decisões que você tomou no passado. Logo, o que você decidir hoje terá um forte impacto em sua vida no futuro. E as consequências de um dia eu ter simplesmente abandonado tudo me foram caras, decisões das quais me arrependo amargamente, mas que na época me pareciam acertadas.
Dizem que sábio é aquele que evita um erro antes que ele aconteça. Talvez eu possa ajudar você a evitar que esse erro ocorra. Mas primeiro você apenas tem que conhecer a minha história:
Comecei a vida com a profissão da família: costureiro de bolsas. Mais tarde formei uma dupla com meu irmão, tocávamos música sertaneja e diversos outros estilos. Não gostava de costurar, passei por algumas empresas, sempre no mesmo ramo e mais tarde entrei em depressão. A música popular que tocava não fazia mais sentido pra mim. Conheci em 1998 a música new age e ali nascia minha nova paixão. Aquele era o Sonho da minha vida.
Tive um ciclo ioiô: saí da fábrica, fui pra música popular, voltei pra mesma fábrica, pra música, pra outras fábricas (sempre no mesmo ramo), pra a mesma fábrica de novo, pra música e desta vez nunca mais voltei para fábrica nenhuma. O que me fez decidir sair de lá de uma vez por todas foi um principio de infarto aos 30 anos de idade (causado por depressão, tristeza e por odiar trabalhar lá).
Minha depressão acabou me causando uma terrível dor de cabeça crônica tencional diária e constante. Conheci o STUM (hoje o maior portal de autoconhecimento do Brasil) e um de seus fundadores, o amigo Sergio Scabia. Com tratamento floral gratuito ele me ajudou enquanto pode. Gotas milagrosas acabavam com minha dor de cabeça instantaneamente. Mas eu estava distante da vida espiritual e Sergio encerrou o tratamento porque eu não estava me ajudando e anulando os efeitos que poderiam me curar.
Parti para a alopatia e com um anti-depressivo minha dor de cabeça reduziu em 90% e minha depressão se foi - ao custo de me anestesiar e dopar minha vida. Viver assim não era viver. Interrompi o tratamento 1 mês depois.
Sergio havia me indicado um livro, O Caminho da Auto Transformação, de Eva Pierrakos. O livro trata da cura total da alma através da aceitação. "Depois deste livro você não precisará de mais nenhum", disse ele, e estava certo. Acabei lendo também Auto Estima, de Nathaniel Branden e tive a grata surpresa de que o livro, apesar do título, tratava da aceitação do ponto de vista psicológico. E assim, aceitando todas as coisas, boas e ruins (aceitando, não gostando), me curei. Sergio estava certo, o tratamento e a cura estavam dentro de mim.
Ainda enquanto trabalhava na fábrica lutei e consegui obter um fundo da Lei Rouanet. Sim, o Universo me concedeu sua grande benção e gravei meus 2 primeiros CDs e publiquei um livro com o auxílio do país, que isentava empresas de impostos e o convertia em verba para o artista. Como ainda não conseguia viver somente da música new age, abri um sebo on-line pra ficar mais perto da cultura que sempre adorei e juntamente passei a vender meus CDs e livro.
A música popular, que chegou a me render sete salários mínimos mensais nos tempos áureos, decaiu com a chegada do karaokê em todo o país toda e a perturbação à lei do silêncio. Alvarás foram caçados, perdi quase todos os lugares para tocar e fiquei praticamente sem renda. O sebo on-line me salvou (apesar de eu quase ter falido com isso também, duas vezes), mas as vendas dos meus CDs e livros foram tímidas demais. Não consegui viver somente da minha música como pensei que seria.
Meu pai, também costureiro, teve a ideia de eu vender suas bolsas pela internet. O sucesso foi imediato. Tive uma vida muito próspera nos 9 anos seguintes (2006 a 2015). Comprei minha primeira casa com a ajuda de um programa do governo (Minha Casa Minha Vida), meu primeiro carro com IPI zero, 2 carros zero km em seguida e pela primeira vez na vida viajei para o exterior, chegando a conhecer 8 países (incluindo os Estados Unidos). Nosso país atravessava seu período mais próspero e isso foi bom para os negócios. Meu irmão mais velho acabou entrando também na sociedade. Acabei abandonando o sebo online e a música popular de vez. Minha música new age, que era meu grande sonho de liberdade, me gerava pouca renda. Dedicava cada vez menos tempo a ela e fui deixando esse sonho cada vez mais de lado. Mal sabia eu que seria esta última decisão a causa do meu maior arrependimento futuro.
Em 2013 uma de minhas gatinhas de estimação, Agni (Guininha) nos deixou, depois de 13 anos de companhia e o tratamento dela veio justamente num princípio de crise financeira que se iniciava. Fui salvo pela grande sorte de receber um prêmio da quina da Mega Sena (na época o equivalente a uns 10 mil dólares). No final de 2015 porém, meu mundo se abalou. O país iniciava um processo de impeachment contra a então presidente Dilma Rousseff (odeio a palavra presidenta, acho ridículo, por isso usei presidente). Lá fora só se ouvia falar mal do país e isso foi terrível para os negócios, pois a matéria prima era importada e os preços dispararam, devido a desconfiança dos investidores estrangeiros. O preço do transporte também subiu e perdemos clientes dos lugares mais distantes do país. Para não deixar de pagar meus fornecedores, incluindo meu pai e irmão, fiz empréstimos bancários e estourei cartões. Meu pai me culpou pela baixa das vendas, nos desentendemos e acabamos separando a empresa.
A esta altura eu sabia que precisava ter outro negócio, uma segunda fonte de renda. Mas o quê?
Minha outra gatinha de estimação, Killa ( Kiki, filha de Agni) adoeceu, gastei dinheiro que não tinha para operá-la. Vendi meu carro e financei outro dando uma pequena entrada e utilizando o restante para saldar parte das minhas dívidas. Logo em seguida bati meu carro e tive que vender meu apartamento para saldar o restante do que devia aos bancos.
Eu precisava de outro negócio. Mas o quê?
Em 2017, esgotado, tomei uma decisão que acreditei que jamais tomaria. Estava no estacionamento do mercado quando olhei para minha mulher e disse: - Estou cansado de lutar, lutar e não conseguir sequer ganhar dinheiro para sobreviver da música. Não posso mais sofrer por tentar, tentar e nunca alcançar a linha de chegada. Vou desistir da música new age. Ela me olhou parecendo bastante surpresa e decepcionada, mas não me disse nada, pois sabia que nada do que dissesse me demoveria.
Em 2018, exatamente no dia do meu anviersário, recebi o maior presente financeiro até então. Isso pois havia ingressado numa ação judicial contra a construtora que me vendera minha casa (aquela que já vendi para pagar dívidas), devido a uma série de problemas, e com isso recebi cerca de 14 mil dólares). Comecei a me reerguer novamente, mas o país parecia ter tomado o rumo da ladeira abaixo. O então presidente Michel Temer aumentou o preço dos Correios em até 70% e como meu negócio era on-line com despacho pelos Correios, as vendas quase foram a zero. Logo em seguida a grande greve dos caminhoneiros teve o mesmo impacto e o resultado: todo o dinheiro que havia recebido na ação judicial foi utilizado para cobrir o rombo dessa crise.
Pelos deuses, eu precisava abrir outro negócio. Mas qual? Três crises seguidas e eu precisava de algo que nos sustentasse caso o principal falhasse. Tentamos vários, nenhum rendeu frutos e ainda mais dinheiro foi gasto.
Kiki, agora com 20 anos, adoeceu gravemente, gastei dinheiro que não tinha e tive que tomar a decisão mais difícil que já tomei em toda minha vida, a eutanásia. Se por um lado eu havia recusado de realizar a eutanásia em Agni, sua mãe, por acreditar que poderia salvá-la (e me arrependi quando ela morreu em minha frente), de outro me arrependi de ter aceitado fazer com a Kiki, por acreditar que poderia ter tido outro jeito, que ela poderia ter sobrevivido. Experiências diferentes, dores e arrependimentos igualmente dolorosos. Quase morri junto com com a Kiki e nessa hora a gente leva aquele choque de que nada importa mais do que a vida de quem a gente ama. Lições de que temos consciência, mas que só quando acontecem sentimos as suas dolorosas garras.
A crise continuava e eu, desesperado, precisava de outro negócio, mas além de não saber qual, os poucos que havia tentado fracassaram.
A pandemia chegou 3 meses depois. Devido a crise eu e minha esposa tivemos que absorver todo o trabalho da pequena empresa sozinhos. Ela assumiu as vendas on-line, atendimento ao cliente, compra de fornecedores e eu voltei para a minha antiga função na velha máquina de costura, também no corte, montagem, embalagem, como motorista para compra de materiais e até como entregador. Estávamos trabalhando 10x mais. Ocasionalmente meu irmão vinha dar uma ajuda. Mal podíamos pagar, mas era necessário.
Minha situação piorou ainda mais e tive que me desfazer de praticamente tudo que tinha: coleção de CDs, livros e DVDs raros, assinaturas de internet, streamings de música, livros, filmes, móveis, eletrônicos.
Pela centésima vez me peguei pensando no que poderia fazer para ter uma segunda fonte de renda e tendo tentado outras coisas, sem sucesso, coisas das quais nem gostava, decidi: "Que tal, desta vez, fazer algo que eu realmente gosto? Nada deu certo mesmo, não tenho mais nada a perder." E então um véu caiu, minha alma se iluminou e meu coração se abriu.
"Música", pensei. "É isso que amo. E se eu não tivesse desistido e conseguido que essa fosse minha segunda fonte de renda?" Abri meu relatório de vendas de música pela internet. Desde 2013 até 2020 havia tido quase 800 mil views nos 9 álbuns já publicados. As empresas de streaming pagam muito pouco, o valor arrecadado era baixo (por isso havia desistido). Mas e se eu não tivesse parado e houvesse produzido mais músicas? Uma quantidade enorme de músicas que multiplicasse os ganhos que havia obtido? Fiz todas as contas possíveis e estatisticamente tive uma surpresa que me abalou. Se eu não tivesse parado e produzido mais (ao invés de ter perdido tanto tempo e dinheiro em negócios sem amor), estaria hoje fazendo somente aquilo que gostava e ganhando dinheiro suficiente com isso! Foi aí que me bateu a dor do arrependimento. Se eu não tivesse desistido teria conseguido...
Porque eu havia desistido? Com tantos livros sobre auto ajuda, psicologia, espiritualidade, filosofia lidos, com tanta gente dizendo "Nunca desista", "Persista", "Insista" e comigo mesmo me dizendo que jamais desistiria, eu desisti! E se todos diziam para nunca desistir, era por que a maioria deles já haviam passado pela esmagadora dor do sofrimento de um sonho não realizado (que dói sim, dói demais). Mas constatei que todos estavam certos. Persistir era o caminho do êxito. Se a cada álbum lançado com pouco êxito eu não tivesse desanimado e lançado ainda mais álbuns, se não tivesse desistido e gravado mais músicas, inclusive nesses 3 anos ociosos, eu teria conseguido! Ok, tive momentos muito dificeis na vida, mas ao invés de ter desistido, deveria ter feito apenas uma pausa e retornado ao Caminho quando possível. Devo considerar esse tempo como perdido. Foi um erro ter me afastado cada vez mais dos meus sonhos. Foi um erro ter desistido e me arrependo amargamente. Mas ao mesmo tempo foi um erro necessário. Aquela coisa que acontece porque tem que acontecer. Se eu não tivesse desistido jamais teria aprendido o que devo fazer. Jamais teria descoberto que me dedicando mais eu teria tido êxito. E principalmente, jamais teria redescoberto que a música é aquilo que gosto de fazer e como é importante estar conectado com algo que a gente ama. Quando estou longe dela minha vida fica vazia e tudo parece dar errado. Talvez isso realmente aconteça quando nos desviamos do nosso verdadeiro objetivo.
Ontem, dia 05/06/2021, 1 ano após ter retornado a produzir música, tive uma grata surpresa ao analisar meu relatório de streaming e venda de música e ver meu saldo mais que triplicar de um mês para o outro. Foi muito gratificante pois tenho trabalhado bastante nesse sentido e isso me deu uma injeção de ânimo.
Eu iria deixar para escrever este artigo quando finalmente estivesse fazendo somente música. Mas aprendi a lição que ouvi há anos atrás, de que o caminho importa mais do que o destino. Sim, eu ainda quero que a música seja minha fonte de renda principal, mas eu desisti de tentar montar um segundo negócio qualquer para ter uma segunda renda. Não quero mais caminhar sem sentido e afinal, já atravessei diversas crises sem nenhum outro negócio para me dar apoio financeiro e continuo de pé. Poderia ter prosseguido com a música ao invés de ter me preocupado tanto e ter feito dela meu segundo negócio, que poderia ser hoje o único e ter evitado todas as dificuldades que passei. Mas a partir de agora é o que farei. Final feliz? Não preciso esperar isso para escrever um final, pois não existe final. Existe o agora. A vida de amanhã é a vida de hoje.
Mas, se quisermos dar um final feliz para tudo isso, o que existe de melhor em saber que, independentemente dos resultados você nunca, nunca mais irá desistir, pois sabe que está fazendo aquilo que gosta, algo que traz sentido à vida, que está no caminho certo e finalmente tem essa certeza? Se isso não é a Suprema Realização, se não é o "Viveram Felizes para Sempre", eu não sei mais o que pode ser.
Sendo assim, por minha própria historia de vida nesses 22 anos em que tenho perseguido meus sonhos, se eu puder te dar um conselho experiente e eficaz, é esse: nunca desista. Pois se você fizer como eu, pular de um objetivo para o outro ou abandonar o seu sonho original, suas chances irão reduzir ou até mesmo se esvair. E se desistir, mas um dia retornar ao caminho, vai se arrepender amargamente pelo tempo perdido. As dificuldades irão surgir, elas sempre surgem, você ficará cansado, esgotado, exausto, irá desanimar, vai querer fazer como eu, mas nunca desista! Pense nas dificuldades que eu passei e que poderia ter evitado se não tivesse desistido. Pare no meio do caminho, sente-se, descanse um pouco, reflita, revigore as energias. Em seguida sacuda a poeira, levante-se novamente e continue a caminhar. Mude de estratégia se necessário, mude suas atitudes, mude o modo de fazer, mas por favor, NUNCA DESISTA! A persistência é o caminho do êxito. Uma hora você terá a ideia certa, a atitude correta, um insight e percorrerá o caminho que lhe conduzirá certeiramente rumo ao seu objetivo supremo. Observe os sonhadores que chegaram lá. A grande maioria que alcança a realização só consegue isso após anos, às vezes décadas de persistência. Foi assim com eles, está sendo assim comigo e será assim com você. Eu precisei de 22 anos para finalmente aprender a simples lição de que esse é O Segredo, essa é a chave, esse é o caminho, esse é o único meio possivel para se conseguir o que deseja: Nunca Desista dos Seus Sonhos!
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