O Comprador de Caranguejos
Autor Wilson Francisco
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 08/04/2009 16:34:00
Numa homenagem feita a Luiz Vieira, no programa Raul Gil, seu sobrinho, relata um fato importante: estavam os dois viajando por uma estrada praiana, ele pediu ao tio para lhe falar histórias de sua vida, e ele contava e encantava, como um passarinho que entoa seu cântico com a certeza de que seu som se evola pelo Universo, acariciando ouvidos e almas. De repente, Luiz Vieira pára o carro e, sozinho, vai até um menino que vendia caranguejos. Compra todos, o garoto fica de boca aberta, os olhinhos brilhando de alegria, o dinheiro amassado em suas mãozinhas débeis, o coração batendo forte.
De volta ao carro, o sobrinho indaga: por quê? E Luiz explica que poucas pessoas sabem o que uma criança sente, quando se está a beira da estrada, sonhando que em algum momento, um carro pare e alguém venha comprar todos seus caranguejos. O menino teve seu sonho realizado, como ele, tinha realizado todos os seus sonhos, como poeta e cantor.
Esse talvez seja também o sonho de cantores e artistas, aguardando que o público vá as lojas adquirir CDs¸ ou que todos se dirijam ao teatro, para assistir as peças que eles encenam com muita alegria e competência.
Todos temos, na vida, nossos sonhos e carregamos nas mãos e na alma os caranguejos que desejamos vender para a sobrevivência de nosso corpo e alma. Observe o semblante dessa criatura que passa do seu lado, no metrô, no trânsito, em casa, cada uma tem uma mercadoria, produtos da melhor qualidade, segundo sua concepção, que ela insiste em mostrar, na ânsia de que alguém ou você se interesse.
Essa minha cliente é uma mulher como tantas outras, trazia uma história que se repete a cada dia. Ela tinha um sonho e muitas boas ofertas de sua alma. Ao invés de ficar à beira da estrada, como o menino, preferiu ir para a cidade grande. Diz ela: “Meu pai não deixava nenhuma das filhas namorar. Quando terminei a faculdade em uma cidade do interior, resolvi que viria para São Paulo trabalhar, pois no interior não teria oportunidade de lecionar. Era muito difícil na época. Meu pai não queria que eu viesse, mas depois acabou aceitando. Em São Paulo, também não tive namorados. Parecia que ninguém se interessava por mim, apesar de eu ser bonita, educada e culta. Esse era o produto que ela oferecia, para realizar seus sonhos.
Tive alguns paqueras, mas de pequena duração sempre. Acabei aceitando namorar o meu falecido marido, depois de ele insistir. Foi o único a me pedir em namoro, noivamos e casamos. Um pouco antes de casarmos, ele já começou a dar idéia de que eu não seria feliz como gostaria, mas eu estava apaixonada e casamos. Quem teve a idéia de casamento durante o namoro foi ele. Acho que pensou que meu pai fosse fazendeiro, esse era o bem que ele buscava.
Casamos e começou minha tortura. Ele não me valorizava como pessoa. Eu suportava. Vieram as filhas e eu na rotina de trabalho, casa e família, fui seguindo, até que ele resolveu me deixar. Foi difícil, mas superei tudo com o tempo e me fortaleci. Depois que ele me deixou, eu tinha medo que algum homem em minha companhia pudesse prejudicar minhas filhas pequenas e esperei que elas crescessem para começar a pensar em mim. Com isso, passaram-se 16 anos e continuo sem um companheiro.
Gostaria de saber por que tenho ficado sozinha assim, por que não tenho conseguido um homem bom para ser meu companheiro. Não sou tão exigente. Só quero alguém compatível comigo. Talvez essa seja a minha maior tristeza. Para não pensar tanto, procuro preencher o tempo, ler muito, trabalhar, praticar esporte, viajar, fazer coisas com as quais me sinto feliz. Mas, sei que falta algo...
Quem sabe você pode me ajudar a entender essa minha vida”.
É difícil, sim, encontrar nessa vida um comprador de todos nossos caranguejos. A gente olha para o semblante da criatura que está ao nosso lado e não consegue ver a sua alma, sentir sua dor. E ela está ali, bem na nossa frente e às vezes convivendo dia e noite conosco.
No semáforo, o menino vai até o veículo e indaga: tia, quer comprar balas? O vidro sobe e lá dentro do carro a voz intrigada diz: não sou tia e nem quero comprar nada. Está certo, ninguém é obrigado a sentir e atender os apelos das almas.
Talvez, a gente só vá mudar de opinião, quando estiver numa situação semelhante. Como se diz, desde que o mundo é mundo: quando a água bate na ... é que se aprende as coisas.
Emocionei-me com a história do Luiz Vieira. Encanto-me com a lembrança de suas músicas. Menino Passarinho, que é um poema de beleza ímpar, demonstra o que vai na alma desse poeta e intérprete da música brasileira.
E a sua atitude, à beira da estrada, pode ser uma referência importante para que possamos estabelecer novos paradigmas em nossas vidas. Observe bem que produto você tem em sua alma, para oferecer ao mundo. Dê bastante brilho ao que você possui, “venda” sempre por bom preço. Evite desfazer-se do que é seu.
Há pessoas que passam a vida toda, escondendo seus bens, para fazer os outros felizes. Puro engano.
Faça você feliz, encante-se com seus talentos e quando encontrar alguém na vida, aposte tudo, faça amor por completo, evite ter medo de ser feliz e de causar felicidade, por onde passar. A vida é passageira, só o que fica são suas conquistas, seus bens de alma. Os bens materiais se vão para debaixo da terra. Na hora da despedida, você só levará sua alma.
Avaliação: 5 | Votos: 153
Terapeuta Holístico. Desenvolve processo que faz a Leitura da Alma; Toque Quântico para dar qualidade à circulação e aos campos vibracionais; Purificação do Tronco Familiar e Cura de Antepassados para Resgatar, Atualizar e Realizar o Ser Divino que há em você. Agendar pelo WhatsApp 011 - 959224182 ou pelo email [email protected] E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Autoconhecimento clicando aqui. |
