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o derradeiro vôo da águia

Atualizado dia 22/09/2008 20:33:34 em Autoconhecimento
por Flávio Bastos


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"Um povo sem cultura é um povo sem alma".

Em determinadas situações da vida, vêm à memória a frase proferida por um professor de psiquiatria de origem carioca, que ao referir-se sobre a cultura gaúcha, dissera na ocasião: "No Brasil, não existe nada parecido com o Rio Grande do Sul. Isso aqui nem parece Brasil!"

Na verdade, apesar da influência da cultura globalizada entre as novas gerações de riograndenses, o que seria inevitável, os valores culturais do povo gaúcho permanecem firmes a cada ano que passa, e renovados pelo impressionante envolvimento popular nos festejos da Revolução Farroupilha que dura uma semana e tem a sua culminância no dia 20 de setembro.

No entanto, nos reportando à frase do professor, será que somos tão diferentes aos olhos dos outros brasileiros? Talvez encontremos a explicação no clima e no aspecto multicultural de influência multiétnica do povo riograndense, algo que nos aproxima da realidade européia. Por outro lado, as tradições gaúchas do homem ligado ao campo, são elos que nos unem a uruguaios e argentinos pelo aspecto geográfico (via pampa), pelos costumes e hábitos e pelo aspecto histórico do envolvimento em revoluções que tanto de um lado como de outros das fronteiras, tiveram objetivos similares.

Mas o que desejo abordar neste artigo, ao começar pela análise da questão cultural gaúcha, não é nem a tradição guerreira deste povo, e sim a necessidade que sente qualquer indivíduo, independente de sua origem e cor, de estar ligado psicologicamente a valores que dizem respeito à cultura e à história de seu povo.

Somos natureza e assim como a árvore necessita que suas raízes estejam firmemente fincadas no solo para desenvolver-se com harmonia e segurança, necessitamos sentir-nos "enraizados" aos valores culturais de nossa região de origem. O culto às "raízes" que representam um elenco de valores que nos ligam ao clã familiar e, por extensão ao nosso povo, significa um atávico sentimento humano cujas origens remontam aos nossos antepassados.

O homem, portanto, é "árvore" no sentido de sua íntima ligação com a terra. Mas também é "águia" no sentido de que a partir do impulso realizado com bases firmes na terra, ele busca a sua transcendência no alto. E nesse sutil jogo interno entre a árvore e a águia, deve estruturar-se o seu psiquismo de forma equilibrada e saudável, porque o indivíduo não vive em harmonia sem a "presença" interna desses inseparáveis símbolos da evolução psico-espiritual.

Diz uma estrofe do Hino Riograndense: "Não basta ser forte, aguerrido e bravo; povo que não tem virtude acaba por ser escravo". E assim é a vida do indivíduo ou de uma coletividade de pessoas, quando valores guerreiros de bravura e de força bruta preponderam sobre valores que dizem respeito à alma e à transcendência humana.

O exemplo de firme identidade do povo gaúcho, que por questões de diferenças histórico-culturais ainda está em busca de uma identidade que afirme também a sua "brasilidade", é uma forma de mostrar-nos como é forte o atavismo baseado em valores por nós herdados.

Por este motivo, independentemente da região do planeta em que estivermos, a árvore será sempre a base de pouso dos vôos da águia. As duas são símbolos imprescindíveis para o nosso progresso baseado no equiíbrio entre a mente, o corpo e o espírito.

Quando torcemos para um time de futebol ou saboreamos um chimarrão, um acarajé ou um típico arroz tropeiro que representam "galhos" da simbólica árvore que trazemos internalizada, alcançamos um significado bem mais amplo do que imaginamos.

Os povos, ao longo da história da humanidade, sempre cultivaram as suas tradições. Seus descendentes atuais, embora conectados pela alta tecnologia global, continuam ligados umbilicalmente à Terra-mãe. Evoluímos, mas não a ponto de nossa águia alçar vôo e não mais retornar ao aconchego do ninho. Por este motivo, entre outros, a reencarnação do espírito segue, indefinidamente, o seu ciclo de vidas... até, é claro, o derradeiro vôo da águia.

Psicanalista Clínico e Interdimensional.
Atendimento online/MSN (viste o site do autor)

Texto revisado por: Cris


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Conteúdo desenvolvido por: Flávio Bastos   
Flavio Bastos é criador intuitivo da Psicoterapia Interdimensional (PI) e psicanalista clínico. Outros cursos: Terapia Regressiva Evolutiva (TRE), Psicoterapia Reencarnacionista e Terapia de Regressão, Capacitação em Dependência Química, Hipnose e Auto-hipnose, e Dimensão Espiritual na Psicologia e Psicoterapia.
E-mail: [email protected] | Mais artigos.

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