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O Desapego

Atualizado dia 5/15/2007 5:22:24 PM em Autoconhecimento
por Eduardo Tedesco


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Devemos ter consciência da responsabilidade que temos sobre como escrevemos a história de nossa vida.
Embora no nível intelectual sabemos que temos esta responsabilidade, não sabemos com a Sabedoria de nossa Essência. Não sabemos com a certeza introjetada em nós que de fato essa é a responsabilidade que temos enquanto seres dotados de inteligência, compreensão, atuação e mobilidade.
Estas características que determinam nossa presença no 3º. Nível (aqui na Terra), são instrumentos dos quais podemos lançar mão para determinar nossa maneira de viver. Para decidir como nos entregaremos à aventura sensorial e experencial representada pelos acontecimentos em nossa vida. Essas são as armas com as quais nos munimos para podermos adentrar esta “selva” de sensações, emoções, fatos, percepções e descobertas.
Assim, a determinação do caminho a ser percorrido nesta aventura e como o desbravaremos é sempre uma decisão de cada um de nós.
Nosso sofrimento neste percurso é proporcional ao nosso apego, pois nós sofremos mais, quanto mais apegados estivermos, quanto menor for a nossa maleabilidade, nossa flexibilidade.

Devemos tomar como exemplo um ramo ao vento, que se deixa levar em todas as direções, sem oferecer resistência pois sua sabedoria interior lhe diz que se resistir corre risco de partir-se. Assim, ele se entrega aos movimentos que aparentemente descrevem situações caóticas mas que em verdade são sempre novas posições e portanto novas possibilidades e perspectivas de enxergar o mundo, pois tem em si sempre a certeza de que passado o vendaval, estará firme e forte no mesmo lugar, uma vez que sua certeza e convicção o enraízam neste lugar.

Por ter esta certeza e por sentir-se assim enraizado, entrega-se aos movimentos determinados pelos fenômenos que ocorrem e sobre os quais não pode agir, permite que seja levado sem saber exatamente para onde, mas sabe que por mais violento que seja o movimento, se não oferecer resistência poderá sempre com ele aprender. E passada a tormenta estará novamente no mesmo lugar e terá em si toda a experiência adquirida dos movimentos vividos, das possibilidades desfrutadas e das perspectivas descobertas.
Deste modo se nos espelharmos no ramo e nos entregarmos aos movimentos que a vida nos oferece, será menor nosso sofrimento e maior nosso prazer e mais rico o crescimento.

Mas, para tanto, é fundamental que vivenciemos o desapego, que saibamos verdadeiramente nos desapegar daquilo que julgamos fundamental e essencial em nossa vida, pois esse movimento se faz presente exatamente para que possamos ter a certeza que não é aquilo a que estamos apegados que é de fundamental importância em nossa vida, mas sim a possibilidade de vivenciar outras e novas situações e circunstâncias, sabendo que estaremos sempre protegidos por nossa certeza e assim enraizados de maneira profunda em solo fértil.
Sofremos porque entregamos nossa energia e nossa força para mantermos aquilo com que nos identificamos em nosso contexto social e passamos a acreditar que somos somente essa identidade percebida e assim permanecemos me um estado de ignorância em relação ao nosso Ser e a todo o potencial que possuímos.
Importante é diferenciarmos o desapego do “desamor”.

Desapegar-se não significa deixar de amar, pois o Amor reverencia e honra tudo o que nós vivemos e nos faz crescer. Assim, se acreditarmos que a vivência, circunstância ou relação da qual agora nos desapegamos, ajudou-nos a crescer, levamos todo o aprendizado resultante e criamos como tais vivências um vínculo amoroso e não aprisionador que permanece vivo em nós e nos dá força para nos lançarmos a um novo aprendizado.
Podemos perguntar: Porque é tão difícil desapegar-se?

A resposta é simples:
Equivocadamente, associamos o desapego ao fim e associamos o fim à morte e a morte à tristeza. Portanto, quando nos dispomos a nos desapegar do que quer que seja, sabemos que estamos colocando de alguma forma um fim a esta circunstância e em lugar de evocarmos nossa sabedoria interior, em lugar de despertarmos em nós a curiosidade essencial pelo novo, nós nos fixamos neste processo de encerramento, associando este processo a um fim, à morte e assim provocamos em nós o sentimento de tristeza e nele nos afundamos.
Se, ao contrário, se percebermos em nós a força que nos ajudará a encerrar uma situação, devemos despertar a alegria que sentiremos frente a uma nova situação que fatalmente se abrirá, no momento em que aquela se fechar.
O desapego implica em tomar nossa vida em nossas mãos, desfazendo-se ou no mínimo selecionando as imposições culturais ou sociais, e firmando-se cada vez mais em nossa própria força e em nosso desejo ser feliz.
Deste modo, o desapego nos liberta e nos dá a possibilidade real de seguirmos com segurança e leveza em direção à Luz que já reservada para cada um de nós.

Texto revisado por: Cris

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