O DIREITO DE ESTAR TRISTE!
Atualizado dia 4/20/2006 1:27:23 PM em Autoconhecimentopor Paulo Valzacchi
Aceitar ou lutar?
Nem um, nem outro. A tristeza é o polo oposto da alegria, uma irmã que não se identifica naquele momento com as situações que se determinam. Existem, nos livros de auto-ajuda, os ensinamentos para manter a arcada dentária sempre aberta, mostrando os dentes num sorriso patético e falso, numa busca pela felicidade que começa, não por aceitar e tentar mudar a realidade, mas por enfeitar um mundo o qual todos nós precisamos auxiliar em suas mudanças. Sentir tristeza não é uma emoção que devemos descartar, mas sentir a tristeza que nos ensina muito mais do que imaginamos; ela nos causa a introspecção, nos leva à nostalgia, a tentar entender porque pequenos detalhes fazem a diferença; é um estado do ser, um estado natural. Como humanos não podemos negar, apenas senti-la. Peço a você que se permita sentir a tristeza.
A única coisa que precisamos entender é que sendo um estado do espírito, a tristeza não pode apoderar-se de nosso ser, mas apenas fazer parte dele por algum tempo, pois quando caímos em tristeza profunda permitimos abrir brechas para as mais variadas formas de emoções que consomem o nosso ser por um período grande, nos tirando o poder de entender o quanto é necessário sentir emoções. Existem pessoas que sempre estão tristes e por isso perdem o sabor da vida; há pessoas que sempre estão alegres, mas certamente perdem o sabor de refletir sobre a profundidade de nossas emoções.
No funeral de um amigo, pude observar uma jovem que chorava compulsivamente; sua tristeza era enorme! Parecia que não era a tristeza apenas pela morte de um amigo, mas pela morte de todos os amigos, pais e parentes, que ela havia camuflado, represado por tanto tempo e agora decidia chorar por todos. Mas no mesmo recinto havia aquele que contava piada e ria, até parecia desrespeitoso; era certamente a fuga por não entender o sentimento da tristeza, por não reconhecer a emoção da perda e da dor. É comum ver pessoas que parecem desinibidas, positivistas, rindo do nada, para nada e, no fim, não passam de pessoas que encobrem outros sentimentos. Assim como as pessoas que são consideradas de personalidade forte, as donas da situação: parecem fortes, firmes, mas escondem um lado frágil que muitas vezes é colocado em ação em momentos de desespero.
Por isso não infrinja a regra número um das emoções: sinta-as, não seja negativo ou positivo, comprometa-se apenas em sentir e observar, não se apegue à emoção, mas permita-se, como ser humano, ser gente, apenas gente, como qualquer outro. Nós não estamos aqui para sermos heróis, mas para sermos seres humanos. Não estamos aqui para sermos anjos, apenas homens e mulheres. Não estamos aqui para sermos reis ou rainhas, apenas gente.
Quando observamos a tristeza começamos a entender os seus mecanismos e começamos a desenvolver a paciência de escutar alguém que passa por algo que também nos atingiu. Estamos definitivamente a serviço de nos transformarmos em pessoas melhores, isso já é o essencial.
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Texto revisado por Cris
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