O DOMÍNIO ATRAVÉS DO PODER CARISMÁTICO
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Autor Raul Imhof
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 5/6/2005 8:19:16 PM
O grande pensador Max Webber definiu carisma como a qualidade insólita de uma pessoa que parece dar provas de possuir um poder sobrenatural ou sobre-humano ou, pelo menos, desusado, de forma que ela aparece como um ser providencial, exemplar ou fora do comum e, por isso agrupa em torno de si discípulos e partidários.
O carisma não é apenas peculiar à atividade política mas também nas outras áreas do complexo social tais como a religião, a arte, a economia e por aí afora. É um domínio alicerçado na obediência dos seguidores à pessoa do líder que se acredita predestinado a uma missão. O emocional é o fundamento em que se baseia esta entrega. Pouco valor tem aí o racional, uma vez que este tipo de domínio tem o seu lastro na fé, que muitas vezes é cega e fanática.
Os tipos mais encontrados neste tipo de liderança são o demagogo, o profeta e o herói guerreiro. O demagogo apóia-se na sua capacidade intelectual e na sua oratória; o herói, nas suas revelações pessoais de coragem e heroísmo e o profeta, nas suas faculdades mágicas.
O chefe carismático tem a sua legitimidade aflorando de si mesmo. Os limites e as normas são fixados pela própria autoridade e por aquilo que ele acredita ser sua vocação. Não há um critério exterior para exercer esta liderança e aqueles que não a seguem são renegados ou eliminados. A política carismática acontece em circunstâncias de alto risco e de emocionalidade.
O poder do chefe carismático é tanto mais quanto ele se coloca fora do agrupamento político, desprezando a autoridade constituída e arrancando os homens da rotina e do enfado da vida diária, dando preponderância aos aspectos irracionais da existência.
A política carismática é sempre uma aventura arriscando-se ao fracasso e, incessantemente, obrigada a encontrar uma nova e contínua motivação. A política carismática significa a ruptura da continuidade seja legal, seja tradicional, quebrando instituições e pondo fim, ou em dúvida, às instituições estabelecidas.
O chefe carismático não experimenta limites (até o momento em que os partidários lhes forem fiéis). A figura do chefe carismático já foi tratada por Aristóteles ao tratar de "política" dos vários tipos de monarquia onde afirma: "os primeiros reis foram geralmente os primeiros defensores do povo que se beneficiou de suas artes e perícias na guerra."
Outro problema que se coloca em relação ao domínio carismático é o de seu caráter revolucionário. Nem todas as revoluções são carismáticas, mas muitas das revoluções modernas tem, à sua frente, chefes como Lenin, Hitler, Fidel Castro.
O carisma não se aprende, é sentido e a obediência dele gerada está, como vimos, ligada à figura do chefe, o que, com sua morte, impede a continuidade.
Max Webber novamente vai em busca de respostas a estas questões. A primeira delas seria a busca de um novo senhor portador de carisma e com características análogas às do desaparecido.
A segunda seria a designação de um novo chefe através da revelação por oráculos, pela sorte ou por outra técnica de designação desse tipo.
A terceira solução é a indicação do sucessor pelo próprio chefe carismático ou por um grupo especial de seguidores carismaticamente qualificados.
Não é, porém, um processo tradicional de escolha. Trata-se de descobrir o candidato verdadeiro, aquele qualificado e que é chamado a assumir a sucessão. O erro na escolha deve ser evitado e a unanimidade deve ser conseguida. A eleição do Papa enquadra-se nesta situação.
A última solução é o carisma pretender tornar-se hereditário, admitindo-se o carisma pelo sangue. Este assunto é muito controverso e tem causado as mais acalentadas discussões.
É importante, portanto, fixar o seguinte: o domínio carismático decorre da extensão do poderio de um líder, de certa pessoa possuidora de dons físicos e mentais extraordinários - o profeta, o herói, o demagogo - enquanto a autoridade aponta para um domínio do tipo tradicional ou legal.
Concluí-se que o líder tem autoridade, isto é, possui um poder e mando sobre seus subordinados. Mas quem tem autoridade não precisa de liderança, estando o seu poder subordinado ao tipo de domínio tradicional ou legal.
Texto revisado por Cris
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