O grande mal
Atualizado dia 1/13/2008 2:09:34 PM em Autoconhecimentopor Julio Lótus
Depois de várias horas de viagem a paisagem campestre foi mudando para uma paisagem fria e endurecida. As casas de madeira foram dando lugar a casas de concreto e as touceiras de capim foram se transformando em pequenas praças cercadas por cimento e grades de ferro em forma de “U” com as pontas para baixo, as grandes árvores foram se transformando em grandes prédios, tão imensos que doía seu pescoço ao olhar seus pontos mais altos. Achou aquilo tudo muito estranho, mas estava decidido que iria viver ali. Por mais estranho que parecesse aquele seria o seu habitat, a qualquer preço.
Conseguiu uma pensão e um emprego que lhe garantiram por muito tempo uma vida desregrada e sem limites, pois tudo era novo e o novo lhe atraía. Trabalhava muito, mas também se divertia muito. Era feliz e isso lhe bastava.
Aos poucos foi se decepcionando com seus amigos e colegas de serviço. Quando tinha dinheiro vivia cercado, mas quando o seu dinheiro acabava, os amigos desapareciam.
Alguns meses se passaram e se sentia cada dia mais triste e solitário. Percebeu que havia recebido de seus entes queridos conselhos sábios e verdadeiros, mas havia de vencer. Não podia haver barreiras para uma pessoa determinada e assim foi levando a vida.
Um determinado dia viu uma moça muito bonita e se interessou por ela, porém a moça não lhe dera a atenção que ele dedicava a ela. O tempo foi passando e se sentia cada vez mais atraído por ela, contudo, não havia reciprocidade. Aconselhado por colegas de trabalho, descobriu o e-mail da moça e passou a cortejá-la pela internet. Sem se identificar ficava várias horas a conversar com ela em um desses sites de relacionamento, sem ter a coragem de se identificar.
Quando estava perto dela o desinteresse era tão grande que se magoava só de pensar que dedicava tanto tempo a ela pela internet e pessoalmente ele nada representava para ela.
As decepções se sucediam e num determinado dia sentiu uma imensa coragem emergir de seu interior e confessou ser o rapaz com quem ela falava por horas a fio. A reação da moça foi desconcertante e sincera, mas muito dolorida:
— Então, você é um rapaz romântico e galanteador? O Dom Juan que toda mulher espera alcançar? Lamento, você não possui nenhuma qualidade de Dom Juan e nem ao menos é uma pessoa romântica e galanteadora. Esperava encontrar uma pessoa diferente que infelizmente em nada se parece com você. Ainda bem que tudo não passou de uma brincadeira, não é? Já pensou eu me interessar por um cara assim como você?
Ele estava arrasado e só agora compreendera o que os seus parentes e amigos quiseram lhe dizer quando falaram “a vida na cidade era triste e solitária”, mas não se deu por vencido, pois acreditava fielmente que uma pessoa determinada venceria toda e qualquer dificuldade.
Estudou muito, progrediu e era um profissional de sucesso. Freqüentava grandes festas e ficava horas à frente de seu computador buscando conhecer seu par ideal. Em alguns fins de semana entrava em seu belo carro e dirigia até a sua cidade natal em visita a parentes e amigos. Estando lá demonstrava ser uma pessoa feliz, vencedora e em paz consigo mesmo. Mas não era bem isso que vivia.
Numa dessas visitas conheceu um rapaz que fizera o caminho inverso; nascera na cidade grande e fora trabalhar no interior e se tornaram amigos.
As visitas à sua cidade começaram a rarear, pois seu status fazia com que tivesse uma vida agitada, repleta de festas e outros compromissos sociais. Não havia mais tempo para os seus e por sorte fizera essa nova amizade.
Num determinado dia o novo amigo levou-o para conhecer sua família e ao apresentar a cada um de seus familiares, foi dando as características pessoais de cada um:
— Esse é meu irmão. Inteligente, mas muito chato, pois vive a se meter em tudo que é assunto que não lhe diz respeito. Minha avó, uma mulher sábia, mas que ninguém dá o devido valor, por acharem que ela fala demais. Esse é...
Com o tempo tornou-se quase um membro da família e como não viajava mais freqüentava de vez em quando a casa do novo amigo. Num determinado dia, conversava com a avó de seu novo amigo quando lhe perguntou:
— Qual o maior mal que a senhora vê na humanidade?
— Várias coisas poderiam ser citadas como um grande mal, mas o maior mal que existe, sem dúvidas, é a solidão. Muitas pessoas vão gradativamente se embrenhando em suas garras sem perceberem e passam uma vida toda em busca de felicidade, prazer, uma profissão estável e uma relação mais estável, ainda. Perdem um tempo valioso sem se darem conta de que estão se embrenhando nos braços da solidão. Gastam tempo e dinheiro em busca de algo que está invariavelmente muito próximo, mas não se dão conta que estão ficando à mercê da solidão. É, meu filho, a solidão é o grande mal da humanidade para os dias de hoje, pois não basta ser inteligente e ter posses para fugir das garras dela. É preciso estar sempre vigilante para não deixar de lado os parentes e amigos, pois sem dúvida alguma, eles são os maiores adversários da solidão.
Se você tem uma vida agitada, com uma agenda repleta de compromissos e passa muitas horas à frente de seu computador buscando combater sua solidão está redondamente enganado, pois não é assim que se combate a solidão. A solidão só pode ser combatida quando você valoriza a sua família e não deixa seus amigos ao léu.
A base de toda felicidade não está tão longe que não possa ser atingida porque está dentro de você nos verdadeiros valores que são a família e as amizades verdadeiras. Reflita e verá que o grande bem da humanidade que são a família e os amigos, são os únicos que podem derrotar o grande mal que se chama SOLIDÃO.
“O combate à solidão está sempre muito perto de você!”
Texto revisado por Cris
Avaliação: 5 | Votos: 21
Visite o Site do autor e leia mais artigos.. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Autoconhecimento clicando aqui. |