O Herói
Autor Sonia Maria Milano
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 8/15/2005 9:41:06 PM
Em nosso relacionamento com o mundo podemos nos colocar em posturas diferentes ou usar máscaras diversas para atuar no cenário, conforme nos é conveniente. Neste artigo veremos uma dessas posturas que eu costumo chamar de HERÓI.
O herói é quando nos tornamos dominadores, controladores, quando nos julgamos senhores e donos de outras pessoas; é quando criamos a visão da realidade de acordo com nossa própria vontade.
O herói extrai alegria da tristeza do outro. Ele se sente bom se provar que o outro é mau. Ele peca por excesso; sente-se o único responsável pelo que está ocorrendo ao seu redor e porisso assume mais do que pode cumprir. Se na postura de vítimas negamos a nós mesmos, na postura de herói negamos o outro, consideramos os outros como objetos.
O herói se coloca acima das outras pessoas, se julga superior e com isso esconde um profundo sentimento de inferioridade. É o todo poderoso, o que sabe tudo, o imbatível, o melhor. Daí a sua dificuldade de se colocar no papel de aprendiz, pois ele perdeu a simplicidade de estar no mundo; é o que não sabe que não sabe. Perdeu a capacidade espontânea de fazer perguntas porque se acha o dono da verdade; nunca diz “eu não sei”. Nunca pede ajuda. É o dono da verdade, sente-se como padrão para os outros e relaciona-se assim com o mundo, através de uma grande programação de dogmas, de verdades feitas e, assim, as pessoas serão boas, honestas, inteligentes e verdadeiras se coincidirem com seu modo de pensar, sentir e agir. Internamente acha que todas as pessoas deveriam ser como ela.
Ao descrevermos o herói lembramos da lenda grega do PROCRUSTO, que colocava as pessoas numa cama sempre do mesmo tamanho: se as pessoas fossem mais compridas ele lhes cortava as pernas; se fossem mais curtas, esticava-as até que coubessem na cama.
O herói quer colocar as pessoas no seu moralismo, nas suas verdades, nos seus dogmas, e isto é a pior forma de tortura. Não suporta as diferenças, ignorando que só podemos amar a outras pessoas por suas diferenças em relação a nós próprios, porque naquilo que elas não são iguais estamos amando não a ela, mas a nós mesmos. Só podemos crescer a partir da diferença. A função da diferença é o crescimento.
Sempre bancamos o herói em nossa atuação no mundo e depois nos sentimos vítimas. O herói não respeita seus limites; se agirmos sem levar em conta os limites das situações, teremos mais tarde a resposta deste exagero em forma de sofrimento: seja ele físico, psicológico ou social. Quando nos sentimos ofendidos e humilhados será melhor nos perguntarmos onde, quando e como quisemos ser mais do que somos; devemos perguntarmo-nos, também, a quem quisemos dominar e controlar e por isso estamos sofrendo as conseqüências de sermos mais do que a nossa própria realidade é.
O herói é aquele que quebra mas não verga na sua ânsia de mandar, manipular, controlar; usa todos os tipos de truques, tornando-se o durão, o frio, o machão, o teimoso, o desafiador. Esconde o medo sob a capa da coragem e quando se frustra na tentativa de controlar os acontecimentos, vai bancar o injustiçado, ofendido, magoado.
A autoridade não vem das pessoas, mas dos fatos. Ter personalidade humana é saber ser flexível maleável nas circunstâncias da vida. Basta ver que o nosso corpo é 70% de água e isto nos mostra o quanto é flexível, mutável, adaptável às situações. Na postura de herói somos resistentes às mudanças, às mutações do mundo. No afã de impedir que a vida siga como um rio, pretendendo controlar o futuro, o desconhecido, o que ainda não aconteceu, transformamos nossa vida numa competição, numa luta extenuante contra o tempo, transformando-nos num cavalo de corrida.
Isso fica evidente com a nossa pressa e preocupação de provar que fazemos nossa felicidade depender sempre de algo no futuro. Vivendo em função do futuro, do que vem, deixamos de ter contato com o aqui e agora porque o amanhã nada significa, a não ser que esteja em completa ligação com a realidade do mundo em que se vive. Os nossos desejos voltados para o futuro são empecilhos que nos dificultam assumir agora a responsabilidade por ele. A pressa e a preocupação são um desejo de ter certeza de um futuro brilhante e tranqüilo e aí acabamos não vivendo o presente; nossa mente fica ocupada com o que não está presente.
SOMOS HERÓIS QUANDO ESTAMOS NOS PREPARANDO PARA A VIDA, AO INVÉS DE VIVER. SE PARA TERMOS UM PRESENTE AGRADÁVEL NECESSITAMOS TER CERTEZA DE UM FUTURO FELIZ, PODEMOS DESISTIR DA FELICIDADE. Tal certeza é impossível de se obter: sempre haverá o desconhecido. Jamais conseguiremos controlar o imprevisto. A vida só se vive no improviso; sempre de repente, no rascunho: não se pode passar a limpo: “Não apressemos o rio, ele corre sozinho”.
Felizes daqueles que conseguem deixar a vida fluir e harmonizam-se com ela, sejam quais forem as circunstâncias. O nosso caminho da felicidade é o caminho da adaptação. E não confundamos adaptação com acomodação. A adaptação é a mudança harmônica dentro da realidade, levando em conta as nossas possibilidades e as possibilidades dos outros.
Sábio é aquele que desistiu de enquadrar as pessoas, o mundo e o futuro nas suas concepções. É aquele que sente que faz parte da vida e quer cada vez mais integrar-se a ela, que canta, que chora a vida, que a festeja. Sábio é aquele que desistiu de ser o universo e resolveu viver o universo.
Muitas alegrias e luz!
Sonia Maria
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Texto revisado por Cris
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Sou empresária, escritora, terapeuta e intuicionista. Lidero Movimentos de Conscientização do Feminino. Meu livro “Mistérios do Feminino” ajuda as mulheres trazerem à tona a energia da face feminina de Deus– a energia do amor. E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Autoconhecimento clicando aqui. |
