O homem em confronto com o pai perde a força de homem
Atualizado dia 23/06/2016 09:25:00 em Autoconhecimentopor Alex Possato
No trabalho de constelação familiar que meu amigo Fernando Tassinari conduziu, entrei em contato com um pai meio louco. Instável. Que dizia sempre: eu não confio. Eu não confio. Eu não confio. Não confiava nem em mim, nem no meu avô, o pai dele. Subitamente, vi: este é o meu pai! Sim, o pai ausente, o pai alcoólatra, o pai desregrado. E meu avô: bonzinho, mas omisso. Submisso à minha avó... Mas, pera lá... constelação mostra sempre a própria pessoa. A imagem que eu tenho do meu pai, e não exatamente meu pai. A imagem que eu tenho do meu avô. E não exatamente o meu avô. Quem é que não confia? Quem é omisso? Ausente? Desregrado? Submisso? Bem... Pois é. Eu me enquadro em todos estes adjetivos. E só eu olhar direito, e acho as situações que tanto recrimino neles.
Em todas as críticas que tenho em relação ao papai. E ao vovô. Sem saber, cada palavra de condenação a eles, é um verdadeiro “chute no saco”. No meu próprio. Quanto mais distorções tenho em relação às minhas referências masculinas – papai e vovô, mais problema terei de ser homem no meu mundo. Isso quer dizer: ganhar minha grana. Ter uma relação afetiva equilibrada. Saber colocar limites. Ter força e impetuosidade para conquistar meus objetivos. Ter estratégia, planejamento, foco. Saber ser líder. Destacar-me no que realizo. Pois é... todo o trabalho realizado na vivência está bem fresco em minha memória. E serve para eu refletir.
Até quando irei deixar que estas imagens fantasiosas que criei na minha infância dominem a minha masculinidade?
Deixando-me um eterno menino, incapaz de usar em totalidade todo o poder, conhecimento, sabedoria e experiência que adquiri em quase cinquenta anos de idade? O ego humano é um eterno semeador de dor e sofrimento. Olha o ruim nos outros, na vida humana e na própria pessoa, para ter o direito a existir. Existir separado dos outros. Pois assim foi ensinado. Eu aqui, o mundo lá fora. Incapaz de ver que somos todos um, verdadeiramente, julgamos e condenamos. Meu pai, meu avô e eu somos uma coisa só. O louco, omisso, alcoólatra, irresponsável, sou eu. O inteligente, criativo, idealista, cuidador, também sou eu. O homem fraco sou eu. E o homem forte sou eu também. Sem razões para guerrear contra meu pai e a linhagem masculina da minha família, posso deixar as armas caírem ao chão. E usar a minha força do meu jeito. Para minha vida.
Texto revisado
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Terapeuta sistêmico e trainer de cursos de formação em constelação familiar sistêmica E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Autoconhecimento clicando aqui. |