O LIMITE DA SOLIDÃO
Autor Paulo Cesar do Sacramento
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 26/07/2008 12:18:17
Seria um dia como outro qualquer se não fosse pelo que aqui vou descrever.
Hoje quando acordei percebi que minha esposa não estava no quarto onde dormíamos, até aí nada de anormal, pois às vezes quando ela acorda mais cedo do que eu, costuma iniciar as tarefas da casa, por volta das 06:00h da manhã, e eu ligo a televisão para assistir as primeiras reportagens do dia. Nesse dia, 26/07/2008, ao ligar a televisão, fiquei surpreso e até chateado de perceber que nenhum canal da televisão estava no ar, então, dirigi-me até a cozinha para tomar o café matinal e, também não a vi na cozinha, mas como a casa é grande e ainda tem a parte de cima e o quintal, supus que ela estivesse num desses lugares.
Após tomar café comecei a procurá-la, primeiramente no quintal e não a achei ali, mas fiquei muito assustado e apavorado ao perceber que todos os nossos animais: gansos, galinhas, tartaruga e até um cão e uma cadela haviam sumido. Desorientado pensei que tínhamos sido furtados durante a noite, mas quem furtaria os nossos cães sem que eles fizessem um alvoroço total? Voltei para dentro da casa, gritando o nome da minha mulher e não obtinha resposta, procurei por toda a casa e não a achei, então, me arrumei e saí a fim de verificar se ela estaria na casa de alguma das amigas dela, que moram na mesma rua e percebi que não havia ninguém transitando, inclusive nem dentro das próprias casas. O fato se repetiu nas demais ruas do bairro: nem pessoas, nem animais de qualquer espécie. Eu estava muito confuso, mas aparentemente parecia que alguma coisa extremamente sobrenatural havia acontecido, porque pelo menos ali naquele bairro a única forma de vida presente era a minha.
Telefonei para vários amigos e ninguém atendia, tentei contato até com a polícia, mas também ninguém atendia. Novamente liguei a televisão para ver se saía alguma notícia sobre algum fenômeno que estivesse acontecendo, mas ela ainda continuava fora do ar e as estações de rádio também, foi quando resolvi pegar o carro e sair para verificar em outros bairros, cidades e, até para os estados mais próximos, como Minas Gerais e São Paulo eu fui. Não havia ninguém nem nos postos de gasolina e, os carros que estavam parados nas estradas e nas ruas adjacentes, estavam vazios.
Já estava no quarto dia, voltando ao Rio de Janeiro depois de ter ido à capital daqueles dois estados vizinhos, sem conseguir encontrar qualquer tipo de ser vivente. Eu mesmo pegava ração fria nas lanchonetes e abastecia meu veículo nos postos de combustível, mas não pagava nada porque não havia ninguém para receber o dinheiro. O que fazer meu Deus? Para onde foram todos? Por que me deixaste sozinho aqui?
Lembrei-me então de tentar a Internet, na tentativa de contato com outros estados e países. O meu temor se confirmou: ela também não funcionava nada. Estou totalmente só. Restava-me como alternativa o suicídio que seria bem mais atraente do que a total solidão em que me encontrava. Nem Deus eu tinha como companhia, pensava eu, pois nem senti-Lo eu sentia mais. Eu acho que via e sentia Deus nas outras pessoas e não me apercebia disso.
Resolvi fazer um último pedido a Deus, apesar de achar que Ele também tinha Se “arrancado” e, fiz a seguinte oração: Deus, por misericórdia, para que eu não tire a minha própria vida, mande para ficar comigo e fazer-me companhia, qualquer um ser humano, pode ser um daqueles que eu mais odiava e que na época se eu pudesse tê-lo-ia matado ou ele a mim; pode ser um tetraplégico, que eu o carregarei nas costas para o resto da vida; pode ser um leproso, tuberculoso ou outra doença contagiosa, que eu o abraçarei e cuidarei dele; pode ser o mais perigoso marginal que ele não poderá me fazer nada de mal, pois ele só terá a mim e eu a ele. Não agüentarei viver só nesse mundão que Tu criaste.
Manda alguém para ficar comigo ou tira-me daqui também e leva-me para onde Levastes os outros, seja lá para onde for.
Paulo César
Fonte: Deus
Autor: Minha Centelha Divina
26/07/2008
Avaliação: 5 | Votos: 17
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