O milagre está em todos nós
Autor Bernardino Nilton Nascimento
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 10/5/2005 10:30:36 PM
Adoentado no corpo e na alma, procurei um milagre por toda parte. Cheguei a ir nas mais belas catedrais, com suas estátuas de santos em ouro. Fui aos mais lindos e modernos templos, e só encontrei conforto e luxo. Escutei lindas lições de vida dos pastores e ministros, só que a cada dia ficava mais longe da cura.
Numa profunda solidão, meditei e vi que não estava só. Compreendi que o milagre não acontece em catedrais, templos modernos e nem em palavras bonitas, pois entendi que ali moram o orgulho e a vaidade. Percebi que as histórias contadas do passado nos mostravam que os milagres só aconteciam em pequenas capelas e humildes templos.
Parti, então, para o interior e vi dezenas de fiéis acordando cedo e caminhando com os pés no chão pelos atalhos e ruas esburacadas. Vi simplicidade e alegria nas pessoas que ali caminhavam e comecei a sentir uma mudança em minha alma. Chegando na capela, as pessoas trabalhavam na limpeza para a chegada do missionário. Mulheres, homens e crianças tinham consciência das suas missões. Via no rosto de cada um a fé estampada, formando um lindo arco-íris à sua volta. Humildes e sem grandes desejos, aquelas pessoas não tinham um pedido especial para si. Os seus pedidos eram sempre direcionados para um parente ou para um vizinho, ou até para São Pedro fazer chover e dar-lhes melhores colheitas na próxima safra.
Em mim, nascia uma força interior muito grande, um desejo de viver, de sorrir. Comecei a sentir prazer em ver todas aquelas pessoas simples mas com grande experiência de vida, calejadas pelo trabalho árduo mas com alegria na alma fazerem suas cantorias. Vi no olhar daquelas pessoas simples e humildes uma fé tão grande que pareciam saber o segredo da vida sobre a morte.
Fiquei por mais trinta dias convivendo com a simplicidade e a fé. Acordando ao primeiro sinal do sol e voltando para a cama logo na chegada das primeiras estrelas no céu. E nas noites iluminadas pela lua, o céu estrelado, a brisa da noite entrando pela janela, ficava a meditar e a conviver em paz com a minha doença. Já não travava mais uma guerra com ela, mas comecei a aceitá-la como parte de mim.
Todos trabalhavam e comentavam sobre o sermão, e a volta do missionário era como se fosse a única grande atração que se misturava com diversão. As pessoas tinham uma grande preocupação com chegada do missionário e com o almoço para ele oferecido, sendo isto um caso de grande disputa entre as famílias. Fiquei até a próximo sermão e fui embora a pedido da minha família.
De volta à cidade e depois de novos exames, foi constatado que a doença persistia, mas eu me sentia feliz! Descobri que a dor da matéria pode ser o melhor remédio para o espírito. E quando meu espírito estivesse curado teria realizado o grande milagre da vida. Eu achei a cura do meu espírito depois que proclamei uma mudança interior nos meus pensamentos, nas minhas atitudes e no meu coração, pois tinha achado o milagre da vida e a compreensão do meu aprimoramento através da dor.
Constatei que saindo de casa com fé e humildade para qualquer lugar e vendo as pessoas com amor, com um sorriso e com carinho, não importava o caminho, podia ser uma grande catedral ou templo moderno, eu conseguiria o milagre desejado. Não há construção mais bonita e simples que a natureza, não há criação mais perfeita que o ser humano, e acredite, o amor é o melhor remédio para a cura da alma.
A fé me fez sentir que a dor não é sofrimento. E eu? Estou curado.
BNN
Texto revisado
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