O PARTO
Atualizado dia 2/11/2009 9:56:38 PM em Autoconhecimentopor Christina Nunes
A última coisa que devo ter mentalizado para aquela lua acalentadora e para o silêncio profundo do céu noturno foi uma súplica às expressões mais elevadas desta Vida para que, de algum modo, me inspirassem a manter o foco diante dos turbilhões desnorteadores da face material terrestre. Pela minha mente extenuada desfilavam todas as entidades carinhosas que me tem assistido da invisibilidade durante todos estes anos, e mistérios outros, mais incógnitos, ininteligíveis das massas em árduo processo reencarnatório sucessivo na Terra: André Luiz, Emmanuel, Victor Hugo; Osho, Joanna de Ângelis, Conde de Rochester; Chico Xavier, Ganghi e Buda. A enigmática Confederação Galáctica e seu personagem central, Ashtar Sheran. Foi meditando desanimadamente sobre este último que adormeci, creio... numa súplica muda de que de algum modo me endereçassem um comunicado, um alento qualquer nos momentos em que o peso das lutas se faz mais árduo, ofuscando-nos orientação e norte íntimo.
Quando, afinal, despertei no dia seguinte, com o calor intenso da manhã já se fazendo vívido e presente no quarto, logo nos primeiros instantes de consciência mais desperta veio-me a sensação estranha de ter estado na presença de um personagem interdimensional que não me era familiar nas minhas atividades espiritualistas rotineiras. Vinha-me à mente imagens estranhas: a visão de um movimento ascenso abrupto em direção a um céu azul banhado pela claridade diuturna, mas no qual se destacava, impressionante, diante de meus olhos perplexos, enquanto era irresistivelmente arrastada a alturas cada vez maiores, um objeto voador de proporções gigantescas, autêntica cidade iluminada, flutuante; no seu interior, no qual fui ter instantaneamente, sem mais nem menos, aguardava-me um personagem masculino inteiramente vestido de branco, do qual se desprendia uma luminescência insólita que não me permitia distinguir-lhe feições com clareza suficiente para além da certeza de que seu aspecto, surpreendentemente, era o de alguém jovem demais para a mensagem que me dirigiu, nestes termos repletos das sensações misturadas de uma austeridade segura, inspiradora da mais suprema confiança, com o reconforto carinhoso que nos endereçaria um pai ou um irmão:
"- Filha: o que tu e muitos outros vens enfrentando nos tempos terrenos atuais são os efeitos de um parto. Tua realidade espiritual não se compatibiliza com os padrões do mundo velho que só muito lentamente decanta seus moldes mortos de passado para adentrar o mundo novo no qual, em espírito, muitos de vós já viveis. Lembra-te de que a velocidade das alquimias espirituais acontece dentro das realidades energéticas, cujas leis atuam de maneira diversa e em ritmo infinitamente mais acelerado do que se dá nos padrões cristalizados das densidades da matéria. O que presencias e que tanto te incomoda, portanto, são as visões de um tempo ultrapassado acontecendo em simultaneidade com a dimensão da qual já fazeis parte, e a única razão que justifica as vossas presenças em meio a toda esta anacronia é o compromisso assumido com teus afeiçoados destas outras dimensões, com teus maiores em jornada evolutiva, e com teus amigos de outras moradas de origem no Universo, das quais muitas vezes não guardais, no presente momento, a mais leve lembrança, de contribuir, como estações vivas de redistribuição e de reforço da Luz nas faixas astrais mais densas deste planeta, em favor da glorificação da Vida nestas esferas, a ser realizada em padrões mais amorosos, menos desesperadores. Em todos os quadrantes superiores da Criação esta Vida pulsa e se irradia em vagas de felicidade indescritível para o Cosmos. É da Vida dar de si eternamente, em processo expansivo de criação infinita de harmonia e de ideais de perfeição - pura e simplesmente! Dá de ti, portanto, com bom ânimo e sem busca de reconhecimento minha querida irmã, pois o que por ora te parece mero fruto do caos, destituído de propósito e de sentido, ainda compreeenderás tratar-se de nota importante na grandiosa sinfonia da Vida, plena de singularidade, de luz própria, de beleza! Passa, portanto, pelo teu parto definitivo de um velho mundo de dor para o outro, indolor, sereno, harmônico, pacífico, que já habita em ti! Sintoniza-te conosco por intermédio dele e não te julgues mais, em tempo algum, desacompanhada nesta trajetória que algumas vezes te deixa perplexa, porque o teu destino, em verdade, é a reunião em Amor com todos que já te são mais caros, e com todos os demais filhos da Criação!"
Disse-me o personagem incógnito, não me deixando, porém, nenhum indicativo de nome, de identidade, de origem.
Prefiro lembrá-lo como a um Irmão Maior do Espaço. Guardar em mim o indescritível reconforto deixado em meu espírito por suas amorosas palavras. E, grata, compartilhá-las com vocês.
Avaliação: 5 | Votos: 8
Chris Mohammed (Christina Nunes) é escritora com doze romances espiritualistas publicados. Identificada de longa data com o Sufismo, abraçou o Islam, e hoje escreve em livre criação, sem o que define com humor como as tornozeleiras eletrônicas dos compromissos da carreira de uma escritora profissional. Também é musicista nas horas vagas. E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Autoconhecimento clicando aqui. |
