O pequeno grande urso
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Autor Flávio Bastos
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 8/24/2010 10:12:03 PM
"Que meus inimigos sejam fortes e bravos para que eu não tenha remorso ao derrotá-los" (provérbio sioux)
Em perfeita simbiose com a natureza, os índios sioux viviam espalhados pelas planícies norte americanas. Povo altivo, de índole guerreira, dependiam da carne e pele do búfalo para a sobrevivência.
Uma cultura milenar, baseada em ritos espiritualistas e valores ético-morais que eram passados de geração em geração, somado à alimentação equilibrada, exercícios naturais e a vida ao ar livre, faziam dos sioux um povo forte e saudável.
Nesse ambiente natural, onde o equilíbrio nas relações interpessoais e familiares era uma realidade, nasceu Pequeno Urso (Little Bear), irmão mais jovem de Grande Urso (Big Bear), que mais tarde tornou-se o guerreiro-chefe da tribo.
A vida, para todas as espécies do reino animal seguia tranqüila nas férteis planícies. O búfalo multiplicava-se a cada primavera-verão, e o mesmo acontecia com a águia, o lobo, a lebre... e uma infinidade de seres vivos que habitavam aquela bela região do planeta.
Para os sioux, a natureza era sagrada, por isso, consideravam os animais, as árvores, os rios e o homem, criação do Grande Espírito. Tinham a consciência de que eles eram apenas um fio da grande teia cósmica, e que a vida dependia do respeito à natureza, sabendo tirar dela o que fosse necessário para a sobrevivência.
Pequeno Urso, desde muito cedo, assimilou os valores sioux. Cresceu observando como viviam os seres da natureza, ou seja, da formiga ao búfalo e da borboleta à águia. Aprendeu muito com as suas observações, e a cada aprendizado, sentia aumentar o amor pela vida que levava naquele lugar abençoado pelo Grande Espírito.
Ainda um adolescente, Pequeno Urso começou a ouvir durante as conversas noturnas ao redor do fogo que aquecia os sioux, as primeiras informações sobre homens de pele branca que avançavam sobre território indígena. Eram descritos pelos sentinelas sioux, como seres estranhos que se deslocavam em "algo" que desconheciam puxado por cavalos.
No entanto, à medida que os meses e anos foram se passando, intensificou-se a invasão do homem branco pelo território sioux. Os índios, sentindo-se ameaçados pelo invasor, começaram a reagir às caravanas de colonos que cruzavam suas fronteiras.
Pequeno Urso era um jovem adulto, quando em uma reunião de emergência em volta do fogo, ofereceu-se para atacar com outros índios, as caravanas que passavam por território sioux.
Preparado pelos treinamentos desde a infância e adaptado ao ambiente natural que conhecia como a palma de sua mão, Pequeno Urso adotou uma tática de ataque-surpresa aos invasores: enquanto as caravanas paravam à noite para o descanso, os guerreiros, silenciosamente, separavam-se e ateavam fogo no capim alto em volta do local em que se encontrava a caravana, obrigando as pessoas que ali estavam, a saírem para campo aberto à medida que o fogo aproximava-se das carroças.
Com a inesperada reação dos índios de várias nações, associado à morte dos primeiros colonos europeus, o governo norte americano resolve acionar o exército para reprimir a investida indígena. Entra no cenário de guerra entre "peles vermelhas e caras-pálidas", a cavalaria norte americana com seus fuzis e canhões.
A operação contra-reação do exército, somado às forças voluntárias de colonos bem armados, deu início a uma desastrosa política de assentamento de imigrantes europeus em território indígena. Porém, nos bastidores dos interesses políticos e econômicos, a guerra suja já havia começado há muito tempo...
O cenário que envolvia combates sangrentos e política de subordinação à cultura branca, afetara, definitivamente, o equilíbrio natural dos sioux, que inquietos, inseguros e angustiados com o próprio futuro, decidiram unir-se a outras tribos para combater o inimigo comum.
Pequeno Urso, embora ainda muito jovem, tornara-se um experiente guerreiro. Ele já não tinha mais tempo, nem tranqüilidade, para captar com a sua percepção suprasensorial, detalhes da vida de seu povo e da natureza na qual experenciara uma história de amor até o surgimento do homem branco nas planícies.
O grande búfalo, acuado e morto pelos tiros de fuzil dos soldados e colonos, torna-se escasso e arisco. Sem o búfalo, a vida e a sua lógica de equilíbrio e prazer, cede lugar à incerteza e ao desespero. O que era ou sempre foi, em pouco tempo deixa de ser...
Reunidos em grande número para o enfrentamento com a cavalaria dos caras pálidas bem armados, os índios de várias nações lançam-se ao combate desigual. De um lado, está em "jogo", a luta pela dignidade e sobrevivência de uma civilização multi-milenar. De outro lado, a luta pela defesa de interesses políticos e econômicos que passa pela estratégia de dominação do inimigo.
No calor do combate, o corpo do aguerrido Pequeno Urso tomba de seu cavalo, atingido por um certeiro tiro de fuzil no coração. Da mesma forma, tombam centenas de jovens guerreiros, que assim como Pequeno Urso, sentiam orgulho de seu povo e amor pela liberdade.
Foi-se com os índios norte americanos e a sua dramática história de luta pela afirmação da liberdade, dignidade e vida, o verdadeiro espírito da América.
"Se falar com os animais eles falarão consigo e vocês vão se conhecer um ao outro. Se não falar com eles, não os conhecerá, e o que não se conhece... teme-se! E aquilo que tememos, destruímos" (um índio sioux).
Psicoterapeuta Interdimensional.
flaviobastos
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Flavio Bastos é criador intuitivo da Psicoterapia Interdimensional (PI) e psicanalista clínico. Outros cursos: Terapia Regressiva Evolutiva (TRE), Psicoterapia Reencarnacionista e Terapia de Regressão, Capacitação em Dependência Química, Hipnose e Auto-hipnose, e Dimensão Espiritual na Psicologia e Psicoterapia. E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Autoconhecimento clicando aqui. |