O poder da aceitação
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Autor Maria Silvia Orlovas
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 2/24/2006 11:19:03 AM
Há alguns anos quando voltei de uma das minhas viagens à Índia me deparei com um ensinamento de Sai Baba que calou fundo em minha alma. O texto falava de “aceitação”...
Como sou uma pessoa muito determinada e batalhadora, aquela abordagem da vida me pareceu fatalista e incompreensível. Como aceitar a vida sem lutar? Como aceitar a ação das pessoas sem sofrer? Como entender aceitação, sem ligar este propósito espiritual a uma idéia de resignação, derrota, ou perda?
Para falar a verdade, até então, aceitação para mim era sinal de fraqueza, de falta de força de vontade e até de pouco comprometimento com o sucesso de nossa própria caminhada...
Comecei a me perguntar se essa não seria uma limitação por conta de ter sido criada e educada numa sociedade materialista onde visamos cada vez mais nos projetarmos e sermos alguém especial, bem sucedido e próspero. Enfim, aceitação me parecia algo sem sentido, porque tudo o que eu tinha feito na vida, até então, tinha exigido muito de mim: esforço, coragem, determinação. Como entender a aceitação como algo profundamente libertador e espiritual?
Neste período conturbado, em que estava profundamente envolvida com esta reflexão sobre “aceitação”, passei por uma cirurgia e quase que em seguida perdi uma amiga muito querida. O que me fez pensar ainda mais no tema, porque tive que aceitar ficar doente e compreender o movimento da vida que me privou desta amizade. Coisas que não pude evitar ou impedir que acontecessem. As situações que se seguiram foram de profundo aprendizado e me foi mostrado que de nada adiantaria querer impor meus pensamentos e idéias. Tinha mesmo que aceitar o fluxo da vida e me colocar de forma positiva tentando entender o que Deus queria me ensinar.
Na ocasião, lembrava sempre o que aprendi com os mestres que nos ensinam a manter nosso astral elevado, aconteça o que acontecer, e que se formos mais humildes em aceitar que não temos o controle da vida, seremos mais felizes. Hoje percebo que essa questão de ir à luta, de conquistar o mundo, é tão forte dentro de nós que muitas vezes não vivemos o momento presente. Sempre ansiosos pelo futuro, deixamos de lado o que acontece à nossa volta. Assim, nós mulheres, muitas vezes não aceitamos a nossa função de esposa e dona de casa. Nossos maridos não aceitam que têm que trabalhar às vezes sem o sucesso que gostariam; nossos filhos não aceitam que nem sempre poderão comprar e fazer tudo o que bem entendem. Enfim, ninguém aceita nada do que tem, sempre pensando à frente, nas futuras conquistas. Com isso, crescem o stress, o descontentamento e a infelicidade. Vivemos descontentes diante de tudo e de todos, pensando em como gostaríamos que fosse o mundo à nossa volta.
Depois de muitas reflexões e experiências sobre a aceitação, posso dizer que hoje estou mais mansa e feliz. Não tenho tudo o que quero, mas isso deixou de ser tão importante porque aprendi a observar o mundo à minha volta como algo bom e cheio de coisas interessantes. Aprendi que nem sempre aquilo que parece bom, de fato é, e que nem sempre aquilo que parece ruim o é. Aceitação também nos ensina a ver além das aparências... Continuo sendo uma pessoa determinada. Acredito no trabalho, em melhorar sempre, em ajudar as pessoas; mas hoje tenho mais paciência com os fatos da vida, pois aprendi a aceitar as lições de Deus.
Nesta mesma época, veio para uma consulta em Vidas Passadas uma pessoa linda, muito especial. Ela é médica, com um caminho de vida muito interessante porque em vez de ir trabalhar no exterior como cirurgiã, como foi convidada, ficou no Brasil atendendo em hospitais públicos, pois sentia que essa era sua vocação. Seu maior dilema sendo neurocirurgiã sempre foram os casos sem solução, quando a cura não dependia de sua atuação. Numa vida passada, essa moça foi uma artesã que com seus dons de cura fez lindas cerâmicas que propiciaram que sua família, antes muito pobre, progredisse muito. Porém, ela se sentia mergulhada no vazio, não conseguia no passado, assim como também não conseguia hoje sentir-se realizada. Sempre faltava alguma coisa. Falamos muito de vida espiritual e sobre aceitação, inclusive de nossas próprias escolhas. Ela, confusa, me perguntava: “Como aceitar que uma criança se torne um vegetal?” Claro que eu não tinha respostas para tudo; poderia apenas dizer o que aprendi com os mestres de luz: que a alma segue perfeita apesar deste mundo de imperfeições e que justamente o nosso desafio é mergulhar em busca deste eu maior e de sua perfeição.
Neste dia, os mentores falaram sobre a harmonia que deve existir dentro de nós e de três importantes corpos que compõem o nosso ser:
· Corpo físico como veículo da manifestação do eu.
· Corpo do ego como força interior que nos permite agir.
· Corpo espiritual que acessamos quando o ego se submete ao divino...
Enfim, aprendemos juntas que aceitar a vontade divina é uma provação onde somos testados na fé e na humildade em crer na existência de um plano maior onde o que nos parece muito errado tem um fundo de luz e amor. Afinal, quem sabe aceitando o que a vida nos apresenta não fazemos as pazes com o destino e nos tornamos mais felizes?
Texto revisado por Cris
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Maria Silvia Orlovas é uma forte sensitiva que possui um dom muito especial de ver as vidas passadas das pessoas à sua volta e receber orientações dos seus mentores. Me acompanhe no Twitter e Visite meu blog E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Autoconhecimento clicando aqui. |