O PRESENTE
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Autor Hellen Katiuscia de Sá
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 3/6/2006 3:14:55 AM
“Às vezes gostaria de ser nuvem para correr fora dessa prisão que me detém presa nessa atmosfera. Mas sei que ainda não posso. Vontade não me falta. E eu tenho muita...”
“Às vezes me sinto tão só que nem toda força vital que há em mim é capaz de aplacar essa dor. E minhas lágrimas se apresentam como minhas únicas companheiras e confidentes...”
“Há tanto amor aqui dentro. Mas ninguém consegue recebe-lo. Há tanta vida aqui dentro, mas ninguém sabe como vivê-la. E isso tudo é o presente que carrego para entregá-lo... mas os seres que pensam não sabem como tocá-lo.”
“Mas o que me dá maior tristeza e me tira o sorriso é saber que muitos poderiam brincar comigo, mas não querem. Muitos poderiam ouvir a música que trago dentro de minha casa, mas não a escutam...”
“E a solidão é tão quieta e silenciosa que até posso ouvir todos os pensamentos do mundo. E isso me paralisa. É duro saber os desejos das pessoas em querer Amor e Paz, sem que para isso se esforcem para abrir a caixinha de música...”
E assim, o presente permanecia no seu lugar habitual. A menina não podia ouvir sua melodia porque era surda. E a bailarina que havia dentro da caixinha de música nunca pôde realmente dançar. E continuava a pensar com seus lacinhos de fita: “Deram-me de presente a alguém, mas esse alguém não sabe o quanto foi difícil ao marceneiro fazer os detalhes deste mimo delicado. A caixinha só funcionará se a sua melodia for ouvida. E quando eu – a bailarina – puder dançar ao som da música, todas as crianças do orfanato também poderão dançar graciosamente assim como me foi ensinado...”
Ainda hoje, a caixinha de música está no sótão lá na casa de Fernanda. E a bailarina de plástico com laçarotes de fita, continua ensaiando seus passos à espera de poder encontrar alguém que queira ouvir a melodia da caixinha de música e se encantar com ela.
Hellen Katiuscia de Sá
06 de março de 2006
Texto revisado por Cris
Avaliação: 5 | Votos: 1
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