O Primeiro Caminho de Transformação
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Autor Rose Romero
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 11/22/2005 6:29:38 PM
Este caminho assinala o início do processo de polimento dos talentos e habilidades dos jovens nas culturas indígenas norte-americanas. Este é o primeiro passo para se identificar a força e o talento que orientam o jovem e que precisam ser trabalhados para o beneficio próprio e de toda a comunidade. Pois todos se beneficiam tanto do ensinar quanto do aprender. Quanto melhor o discípulo na sua área de escolha mais todos se beneficiavam, inclusive o mestre que passava adiante as conquistas do discípulo.
Nas tradições nativas americanas do norte, o Primeiro Caminho de Transformação foi originalmente vivido como um ritual de iniciação, de passagem para a idade adulta. Nele o jovem encontrava um ponto de clareza e iluminação, o lugar dos ”AH!”, dos insights, dos novos começos. Novas idéias surgem, são renovados nossos propósitos e intenções e entendemos como as peças do quebra-cabeça se encaixam. Esta iniciação, que na vida moderna tanto nos faz falta na época desejável – a adolescência – pode nos surpreender mais tarde através de situações de crise onde se farão prementes os atributos essenciais do Primeiro Caminho, tais como:
• A escolha pessoal de como reagir aos desafios. O poder do livre-arbítrio e da escolha pessoal que determinam como respondemos aos desafios da vida.
• O lembrete de manter a dignidade e o respeito. Pois a regra de ouro de “não fazer aos outros o que não gostaríamos que nos fizessem está baseada no princípio de que colhemos o que plantamos e quando depreciamos algo ou alguém, nossa quantidade de energia diminui e assim temos menos energia para criar alegria em nossas vidas.
• O senso de humor que nesta etapa é vital pois a capacidade do ego de confundir nossas percepções é vencida apenas pela nossa capacidade de rir de nós mesmos. Grandes gargalhadas rompem com nosso falso senso de importância e o maior teste de qualquer iniciação é a capacidade de aprender também através da alegria.
• A capacidade de misturar o sagrado com a irreverência, atingindo o equilíbrio. Assim, com uma boa risada, desmontamos muros de rigidez, podendo explorar a vida e o nosso potencial pessoal, aceitando as oportunidades oferecidas e ultrapassando medos imaginários e as armadilhas mentais do ego.
• A importância de servir para alguma coisa e que todos têm dádivas a compartilhar.
• A responsabilidade de optarmos por ser os melhores ou passarmos culpando o passado e as circunstâncias por não sairmos do lugar.
• O primeiro caminho insiste no desejo de criar mudanças em nossas vidas e de observarmos a nós mesmos para reavaliar nossos sistemas de valores, jogando fora as convicções ultrapassadas que nos impedem de sermos o melhor de nós mesmos.
O ponto crucial do primeiro caminho é quando percebemos que nossas vidas têm um propósito e que a vida não pode ser plenamente vivida sem a conexão com o Grande Mistério. Nossa idéia sobre nós mesmos adquire uma dimensão extra e o véu que nos separa da essência espiritual começa a se dissolver, permitindo que a luz e a clareza entrem em nossa consciência. A princípio a desarmonia pode ficar mais evidente até como um chamado para o despertar. Se ficarmos atentos os desafios podem se tornar mais amenos e as vivências cada vez menos difíceis a ponto de começarmos um aprendizado e desenvolvimento a partir da alegria e não mais através do sofrimento. As sincronicidades são percebidas com maior clareza e através delas nossas conexões espirituais.
Neste momento podem aparecer o medo ou a resistência, quando percebemos que não estamos mais no controle. Agora os inimigos não são mais externos, a “culpa” não é mais de nada ou de ninguém. Os inimigos são internos: o medo, a arrogância, a inveja, os ciúmes, mau comportamento, desonestidade, rigidez, sentimento de desvalia e de vítima e toda a gama das fraquezas humanas.
Cada vez que enfrentamos inimigos interiores e decidimos mudar um comportamento negativo transformando-o em positivo resgatamos energia dos pensamentos negativos e recebemos a dádiva de uma nova força vital. Esse fluxo de força vital que retorna nos traz saúde física e emocional, atitudes equilibradas, propósito espiritual e unidade interior.
Quando nada parece mudar é porque encontramos um ponto temporário de estagnação, ou talvez seja necessário dar um passo atrás e reagrupar forças para uma nova investida num momento seguinte do processo de caminhar. Quando a calmaria passar e rompermos a estagnação um novo insight nos remete à direção do fluxo vital e temos nosso propósito renovado e uma nova determinação.
Em síntese, no Primeiro Caminho encontramos:
• As lições e iniciações que moldam nossa decisão de servir;
• O firme compromisso de servir e buscar o equilíbrio na doação;
• Eliminamos os comportamentos e idéias próprios que nos limitam;
• Adquirimos energia ao alargar nossos pontos de vista sobre a vida;
• Desenvolvemos nossos talentos pessoais e encontramos nosso lugar como modelo;
• Escolhemos ser o melhor que podemos, sem insistir que os outros sigam nosso modelo;
• Consideramos a vida e os bons combates como oportunidades de crescimento;
• O “vazio” é considerado fértil e a estagnação temporária uma oportunidade de reunir forças que serão usadas no caminhar próximo e não num momento de desespero caótico.
Com tudo isto razoavelmente bem resolvido podemos seguir o fluxo e rumar para o Segundo Caminho de Transformação.
Continua na próxima edição...
Rose Lane Romero da Rosa
Psicóloga, Analista Junguiana
[email protected]
Texto revisado por Cris
Avaliação: 5 | Votos: 90
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Psicóloga Junguiana, Teóloga e Facilitadora das Oficinas ArteVida de Meditação do Projeto Labirinto E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Autoconhecimento clicando aqui. |