O que a saudade pode causar?
Atualizado dia 18/10/2006 20:45:03 em Autoconhecimentopor Paulo Valzacchi
Mas será que a viagem ao passado somente nos traz tristeza e sofrimento? Se pararmos para analisar podemos definitivamente afirmar que sim; geralmente retornamos ao passado devido à saudade, aquele sentimento que nos flagra nos momentos mais inusitados de nossa vida. Mas porque será que isso acontece?
Somos seres com uma memória apuradíssima e essa memória tem uma conexão muito forte com os nossos cinco sentidos; isto é chamado de neuro-associações. Quando olhamos algo, sentimos um aroma, escutamos uma música, tocamos um objeto ou sentimos um sabor, através da rede de neuro-associação podemos voltar a sentir as mesmas emoções de uma situação anterior. E isso pode acontecer freqüentemente.
Você pode estar passeando num shopping e, de repente, escuta aquela música suave que o transporta à sua adolescência, há alguns anos atrás. Visualiza o primeiro namorado, a sensação gostosa... mas também pode levá-lo ao momento do final desta relação. Alguém passa por você e está usando aquele perfume indescritível, cuja lembrança evoca cenas de romance, carinho e amor... você é guiado, então, a reviver aqueles momentos... mas pode ser que aquele perfume pertença a alguém querido que se foi e o impacto da dor se torna inevitável.
Você vê um buquê de flores de cores vivas,.. instantaneamente lembra-se de uma situação que envolve essas flores... boa ou má irá refletir em você. Sem contar o cheiro do lápis de cor, a lancheira da escola, o livro novo, a merenda escolar, o primeiro perfume, e coisas do gênero. Tudo isso são formas de transporte para o passado... bem ou mal é algo inevitável. Na verdade, não dá para esquecer. Se alguém disser que é possível esquecer, pode ter certeza, até agora isso é impossível.
Mas podemos lembrar de uma maneira diferente. Daí a importância de amadurecer. Todas as pessoas são levadas ao passado pelas neuro-associações. Elas, às vezes, são saudáveis, outras somente trazem melancolia, mau humor, depressão e tristeza. Não podemos escolher entre qual delas iremos sentir; não existe um filtro para isso.
Mas existe algo que pode auxiliar: geralmente evitamos essas sensações, criamos resistências; isso nos fecha, mas quando você se permite sentir, os sentimentos com o tempo vão mudando. Por isso não resista.
Tive uma aluna que relatou ter perdido o marido há alguns anos e sempre quando entrava em casa, olhava ao redor e via em todos os seus móveis e adornos a presença do falecido e isso causava um transtorno muito grande: ela se punha a chorar por um bom tempo. Ela me pediu uma sugestão e a que eu vi mais coerente era a renovação. Disse-lhe que havia a necessidade de mudar tudo, que se desfizesse do antigo e desse espaço ao novo. Ela fez exatamente o que eu disse e sua vida se encheu novamente de equilíbrio e paz.
Sentir, renovar e ponderar o que faz bem ou mal para nós é fundamental. Já tive clientes que andavam com uma foto do ex-namorado durantes anos e sempre ao olhar a bendita foto, punham-se a chorar. É preciso renovar e, muitas vezes, se desligar do passado para viver o presente. É necessário livrar-se da autopunição.
Isso é fácil? Se eu disser que sim estaria sendo totalmente incoerente. Afinal, esse processo requer tempo e uma boa elaboração de nossos sentimentos. Portanto, o ideal é sempre manter distância das coisas que nos causam tristeza. Esse é o primeiro passo para uma vida emocional mais feliz. Tudo aquilo que lhe traz tristeza e melancolia, não pode ser saudável, então, é bom ponderar sobre uma escolha fiel ao que você quer sentir. Se for desestabilizar sua paz e equilíbrio mantenha-se distante.
É claro que existem situações que são inevitáveis. Então, deixe o tempo tomar conta de você. Ele é um bálsamo, terá o poder de cicatrizar feridas; mas não se esqueça: tente ao máximo estar aqui, no agora; essas viagens ao passado são infrutíferas e a única coisa que trazemos de lá são coisas amargas e dilacerantes.
É claro que existem tipos de saudade diferentes: existem aquelas que nos levam à nossa infância e nos reabastecem de nova força e vida; parece um retorno ao poder de nossos sonhos, de nosso poder esquecido. Então, saiba escolher o que você quer, mas lembre-se: se chegarmos aos 70 anos de idade, muitos anos passamos dormindo, muitos outros passamos no recôndito passado. Quem sabe quantos anos passamos imaginando o futuro! Então, na verdade, vivemos aqui no presente não mais do que 15 anos. É de se espantar: 15 anos? E eu pergunto: "Será que esse pouco espaço de tempo que vivemos efetivamente, fazemos de maneira ideal?" "Será que já não é tempo de quebrar essas algemas que nos atam a tanta dor e miséria e começarmos a cultivar os nossos verdadeiros sonhos em prol de uma vida melhor?"
Olhe para as estrelas, veja a infinidade de brilho que existe no imenso universo. Mergulhe sua força interior nas águas do despertar de sua fé, de sua coragem e de sua mais profunda atitude por algo melhor.
Vamos refletir e ponderar as nossas escolhas.
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Texto revisado por: Cris
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